"Amores e Clamores da Cidade" é uma coletânea de crônicas escritas por Júnior Bonfim, poeta dos confins do Crateús, criado com a água tonificante e rejuvenescedora do Poty, o rio da aldeia dele; e até hoje embebedado de sonhos e dos bons augúrios sertanejos. Bonfim escreve como quem canta e como quem reza, porque, de fato, não existe distância entre oração e canção provinda das profundezas da alma de um poeta. O livro em apreço atesta a sustança da literariedade que o autor imprime ao texto. Igualmente os grandes da Literatura, ele faz de fatos e personalidades do cotidiano, figuras que dá gosto ver, ouvir e sentir. A plasticidade de sua construção frásica faz o leitor apalpar mentalmente as pessoas e as coisas, sentir o odor dos lugares . É como se estivéssemos a estar em contato com os cenários e as ações dos protagonistas de cada história, ainda que este seja uma Madre Tereza de Calcutá, - mulher de tão longe no espaço e mesmo no tempo, posto que já está no plano da eternidade -, por exemplo, tal a emoção que o autor coloca nas palavras e na reconstrução da realidade à que ele sabe dar o tom colorido do arco-íris ou a leveza da brisa que do Aracati vai bafejar os sertões adustos que ele sabe bem contar e cantar. “Amores e Clamores da Cidade” é o testemunho de relembranças, é o deslumbramento de olhares diante do tempo, das coisas e das pessoas; constitui, enfim, para o leitor, um diálogo com quem encanta pela conversação saborosa e convincente.
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