sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A crise no Senado


O Deputado Heitor Férrer, personalidade que honra o Parlamento cearense e a democracia, escreveu no blog de seu site (http://www.heitorferrer.com.br/) pertinentes observações sobre a crise que abala as estruturas do Senado Federal e fere de morte a moral de alguns senadores. Com ele concordamos e por isso transcrevemos.


A crise no Senado

Os meios de comunicação, desde os jornais escritos aos blogs da Net, passando pelas conversas das rodas de bate-papo, o tema desta sexta-feira, 07.08.09, foi o bate-boca entre os senadores Renan Calheiros e Tasso Jereissati. Exacerbados os ânimos em razão de acusações que se acumulam em ambos os lados do espectro partidário que se faz representar na Câmara Alta do país, os dois senadores adjetivaram-se mutuamente consoante se vêem. A cena foi deprimente, mas não deixou de ser didática para a nação estarrecida, porque se ambos escamoteiam alguma verdade para a nação, no episódio, ao que parece falavam do fundo do coração e com conhecimento de causa. De modo que as adjetivações mútuas certamente são verdadeiras.

A crise no Senado II

A crise que se abate sobre o Senado da República brasileira não pode se circunscrever somente a um bate-boca entre senadores exaltados e com os nervos à flor da pele, dizendo verdades um do outro. O buraco é mais embaixo, diria qualquer personagem do vulgo. Na verdade, equivocam-se todos que se atêem à querela circunstancial entre Calheiros e Jereissati. A grande Imprensa, inclusive, que deixa o essencial de lado para focalizar o periférico, que é exatamente essa briguinha dos que têm os dedos sujos. Aliás, configura uma certa ingenuidade o próprio fato de se querer impingir à opinião a idéia de que a renúncia do Presidente do Senado, José Sarney, levaria àquele colegiado a pureza moral de que tanto necessita. Isto é menos verdade. Não será a renúncia do tuxaua maranhense representante do Amapá que fará do Senado um abrigo de cordeirinhos.


A crise do Senado III

A degeneração ética do Senado constitui um rosário de males que afronta a sociedade brasileira desde então. A falta de consciência republicana, as impropriedades e improbidades praticadas por muitos senadores, enfim, a conduta amoral e às vezes imoral de grande parte dos senadores, aí incluído o nome do presidente Sarney, não assegura à sociedade brasileira sob hipótese alguma que caso ele deixe o comando da Casa, a situação ética do colegiado se transforme para melhor. Ora, se Sarney, segundo seus algozes, não serve para administrar o Senado em razão de seus muitos e conhecidos pecados éticos, como haveria de ter condições éticas e morais para ser senador da República? Ora, constitui princípio elementar de Direito que quem pode o mais pode o menos; de igual modo, por justa analogia, quem não pode o mais não pode o menos. Então, é certo afirmar que se um cidadão não tem condições éticas e morais para governar a mais alta instância parlamentar do país, não tem da mesma forma qualquer condição de exercer o nobre cargo de Senador da República. Tal é o caso de Sarney e de tantos outros seus colegas que enfeiam definitivamente a face ética da política brasileira.

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