sábado, 8 de agosto de 2009

A meu pai morto


Madrugada de treze de janeiro.
Rezo, sonhando, o ofício da agonia.
Meu pai ness’hora junto a mim morria
Sem um gemido, assim como um cordeiro.

E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro!
Quando acordei cuidei que ele dormia,
E disse à minha mãe que me dizia:
“Acorda-o!” Deixa-o, mãe, dormir primeiro!

E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nenhuma névoa no estrelado véu...

Mas, pareceu-me, entre as estrelas flóreas,
Como Elias, num carro azul de glórias,
Ver a alma de meu pai subindo ao Céu!
(Augusto dos Anjos-foto)

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