segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O belo exemplo dos Andradas


José Bonifácio e Martim Francisco. O primeiro é o Patriarca da Independência do Brasil e o segundo, irmão dele, político e parlamentar famoso. A respeito da honestidade dos dois, conta-se o seguinte episódio: Os ministros da regência de D. Pedro reduziram seus ordenados à metade do que eram no tempo de D. João VI. Ficaram com quatro contos e oitocentos mil réis anuais, pagos mensalmente.
José Bonoifácio, recebendo quatrocentos mil réis em notas de banco, um mês de seu ordenado, colocou-os no fundo do chapéu, e no teatro roubaram-lhe o chapéu e o conteúdo.
O primeiro ministro do Império achou-se, no dia seguinte, sem ter com que comprar o jantar. Não possuía um vintém sequer, e seu sobrinho, Belchior Fernandes Vieira, foi quem pagou as despesas do dia.
Em Conselho, José Bonifácio referiu esta ocorrência e a extrema necessidade a que ela o reduzira, bem como à sua família. O imperador entendeu que o ministro, visto a penúria em que se achava, deveria ser indenizado, pagando-se-lhe outro mês de ordenado e, nesse sentido,deu ordens ao ministro da Fazenda.
Martim Francisco, pois era ele o ministro, não obedeceu o mandamento imperial. Disse ao imperador que não havia lei que pusesse o cargo do Estado aos descuidos dos empregados públicos; que o ano tinha para todos doze meses, e não treze para os protegidos. Finalmente, pediu que Sua Majestade retirasse a ordem, porque era inexequível. Ele, Martim Francisco, repartiria com o irmão o seu ordenado e viveriam ambos com maior parcimônia durante aquele mês.

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