domingo, 26 de março de 2023

A DECADÊNCIA DE UM TEÓLOGO

                                                                                    

Barros Alves

Vi recentemente, entre surpreso e decepcionado, o teólogo Leonardo Boff formulando um convite, por intermédio das redes sociais, para que as pessoas participem de uma “live” em que a estrela será o deputado federal André Janones, uma asquerosa figura pertencente ao mais baixo nível político que a sociedade enviou para representá-la no Congresso Nacional. Alguém já disse, com acerto, que se a nossa representação parlamentar é de baixa qualidade, não há muito o que reclamar. A crise, de fato, não é intrinsecamente do Parlamento, mas da sociedade que elege os seus mandatários. Presentemente o Brasil vive uma crise avassaladora. Estamos todos passíveis de sermos afetados pelo vírus que carcome os valores éticos e morais em todas as áreas, não escapando desse processo desagregador, política e socialmente patológico,  nenhuma instituição. Nem mesmo a Igreja cristã. É necessário que estejamos atentos para as palavras do apóstolo Paulo: “Aquele que estiver de pé, cuidado para que não caia. (I Cor. 10.12).

Leonardo Boff foi um respeitado teólogo católico. Deixou de sê-lo no momento em que a “teologia” que demoniacamente continua a pregar foi condenada como herética em documento pontifício. Foi-lhe imposto “silêncio obsequioso” como punição, ao tempo do pontificado de São João Paulo II. Na verdade, consoante afirmou o Papa Bento XVI, a tal teologia da libertação nem teologia é, mas um exercício de sociologia que se travestiu de um arremedo teológico e, qual fumaça de satanás, entrou pelas frestas da Igreja logo depois do Concílio Vaticano II, causador de um “aggiornamento” que tem levado a Igreja por ínvios caminhos, os quais, definitivamente, não são os determinados pelo Evangelho de Jesus Cristo. A rigor, mesmo não sendo “pai” da teologia da libertação, como muitos erroneamente pensam, Leonardo Boff tornou-se um dos expoentes da heresia, entre outros pregadores desse descaminho teológico, como o suíço Hans Küng, o colombiano Gustavo Gutierrez e o ex-pastor presbiteriano Rubem Alves, este o primeiro a falar sobre o assunto na academia. Boff abandonou o hábito franciscano e aprofundou sua atuação herética ao  defender teses grávidas de panteísmo, próprias da Nova Era e de outras teosofias tão distantes do Cristianismo, em especial do Catolicismo, como o diabo dista da cruz. O próprio irmão de Leonardo, o teólogo Clodovis Boff, desaprovou as teses mais recentes exposadas pelo mano.

No terreno da política Leonardo Boff desandou totalmente. Mesmo vendo algumas de suas crias, aqui e alhures, mergulhadas no lamaçal da corrupção e do autoritarismo, em vez de criticar os desvios, ele os aplaude. Aqui, o Partido dos Trabalhadores liderado pelo amigo Lula, chefe da quadrilha que retornou ao local do crime (créditos para o vice-presidente Alckmin), desde o primeiro governo, sob o olhar benevolente de Boff e seus camaradas da teologia da libertação, assalta os cofres públicos e transita entre Mensalões, Petrolões e outros escândalos que agridem o povo brasileiro e desmoraliza a atividade político-partidária, que deveria ser a arte de bem governar para a consecução do bem-estar da população.

Lá fora, mais precisamente na Nicarágua, os abençoados por Boff e pelos teólogos da libertação, aqueles construtores da Revolução Sandinista que levou o guerrilheiro Daniel Ortega ao poder há mais de 40 anos, governam ditatorialmente, levam a miséria ao povo e respondem com violência a qualquer liderança que deles discorde. Ortega, lembre-se, durante o processo revolucionário, recebeu o apoio dos evangélicos/protestantes, via Igreja Batista; e da Igreja Católica, por intermédio da teologia da libertação, cujo líder era o padre-guerrilheiro Ernesto Cardenal, aquele que levou um pito público do então Papa João Paulo II. Atualmente, Boff e seus colegas e discípulos, calam diante das maiores arbitrariedades praticadas pelo “irmão” Ortega. Vergonhosamente, Boff e a CNBB, Sindicato dos Bispos do Brasil, permanecem silentes ou emitem acanhada nota (no caso da CNBB) quando a ditadura sandinista fecha templos, expulsa religiosos e condena à prisão padres e bispos, como é o caso do Bispo Rolando José Alvarez Lagos, que ficará na masmorra durante 26 anos e 4 meses de prisão pelo fato de ser adversário da ditadura e pregar que o Evangelho de Cristo não se harmoniza em hipótese alguma com o evangelho político do governo sandinista. Sem esquecer que Boff e seu séquito formado pelo que há de mais desqualificado em termos intelectuais e políticos, como esse senhor Janones, apóiam entusiasticamente essa calamidade que tem sido a ação destruidora da esquerda novamente no comando da nação brasileira. Deus tenha piedade de nós!