Barros
Alves
Constitui algo verdadeiramente estranho,
senão digno de estudos por parte de especialista em doenças psíquicas, o fato
de que pessoas bem formadas e bem informadas se alinhem em pensamento e
militância política à doutrina marxista. Por todas as misérias que causaram nos
países em que foram implementadas experiências socialistas, é inconcebível que
as idéias exposadas por marxistas, ainda hoje, em pleno século XXI, depois dos
fiascos em que se transformaram, sejam acolhidas por gente culta, em especial
no meio universitário. Essa “doutrina pestilencial”, para usar a feliz
expressão do Papa Pio XI, de fato parece ser um caso de desvio mental,
psicopático. Esse vírus ideológico, disseminado entre nós com maior vigor desde
há cem anos, com a criação do Partido Comunista do Brasil, em 1922, tem feito
estragos nas mentes de muitos brasileiros, em especial da juventude. Ataca os
neurônios das pessoas com tal capacidade de deformá-los, que os impulsos
enviados por eles ao cérebro de uma pessoa doutrinada por um
socialista/comunista são distorcidos a ponto de não perceberem a elementar
diferença entre o bem e o mal, levando-a a uma total alienação.
Com efeito, expressa bem essa
constatação do marxismo como doença, a definição que o próprio Lênin deu à
porralouquice dos radicais que intentaram impedir a necessária abertura
econômica no limiar do governo dos sovietes, diante do fracasso das medidas
adotadas pelo comunismo nascente. Diante das pressões para não decretar uma
Nova Política Econômica (NEP), só conseguida a muito custo em 1923, já no ano
de 1920 Lênin escreveu a obra intitulada “Esquerdismo, doença infantil do
comunismo.” Na verdade, socialismo, comunismo, esquerdismo, trotskismo,
bolivarianismo, lulopetismo e todos os demais ismos cuja raiz está assentada na
doutrina malsã saída de um cérebro doentio como o de Marx, são todos uma
doença.
No Brasil dos dias que correm há um
séquito de pessoas, – artistas, professores, religiosos etc -, algumas com
elevada capacidade de influenciar outras em suas áreas de atuação, notadamente
em redes sociais, que intentam convencer a população de que o retorno de um
político notória e moralmente desqualificado ao comando do governo central é
algo proveitoso para a nação brasileira. Entre essas figuras que detêm
deletéria liderança, desenvolvem um proselitismo nefasto e por todos os motivos
condenável, encontram-se alguns prelados da Igreja Católica e de denominações
protestantes, nestas bem menos do que naquela. Esses líderes religiosos
cavalgam doutrinas teológicas que se harmonizam com a “doutrina pestilencial”
do socialismo/comunismo e, portanto, se arrimam em tenebrosos intentos que não
se coadunam em hipótese alguma com as doutrinas cristãs assentadas nos
Evangelhos e nos escritos de Pais e Padres da Igreja cristã, estes fielmente
seguidos ao longo do tempo por sucessores apostólicos, homens e mulheres de
vida dedicada à causa de Cristo.
Entre aqueles que foram escolhidos para
a missão de servir à humanidade pregando as Boas Novas do Reino de Deus, estão
os sumos pontífices que dirigem a Igreja Católica Apostólica Romana desde o
apóstolo Pedro, primeiro Papa segundo a tradição católica. Nenhum deles, desde
que Karl Marx sistematizou sua odiosa doutrina, tem a mínima palavra de aceitação
dessa heresia política fundada numa ideologia de desfaçatez, mentira e morte.
Isto pelo simples fato de que o marxismo, intrinsecamente materialista e ateu,
tem como um dos primordiais objetivos a destruição da civilização cristã, dos
valores mais caros àqueles que crêem em Jesus Cristo como Filho de Deus, o Deus
encarnado, uma das pessoas da Trindade Divina, o Senhor e Salvador da
humanidade. Todos os Papas, desde Pio IX (1792-1878), têm condenado com firmeza
e até com veemência, como foi o caso de Pio XI (1857-1939), as idéias
marxistas; e definido critérios de punição para todo católico que se filie a
partido comunista ou se alie a comunista para a consecução de seus funestos
objetivos.
Bento
XV sucedeu a São Pio X, conhecido como “Papa da Eucaristia”, e governou a
Igreja de 3 de setembro de 1914 a 22 de janeiro de 1922, tendo, destarte,
liderado a Igreja durante os atrozes anos da Primeira Guerra Mundial. Passou os
quatro anos do conflito exortando as nações à paz e insistentemente tentou
mediar negociações com vistas ao encerramento da guerra. Seu pontificado
caracterizou-se pela reforma administrativa da Igreja, a elaboração do Código
de Direito Canônico (1917) e a canonização de Santa Joana d’Arc. Bento XV ficou
alarmado com a vitória da revolução comunista na Rússia e, sobretudo, com o
assassinato da família imperial Romanov, crime que ele condenou com firmeza.
Creditava todos esses desatinos, em especial os causados pelo comunismo, ao
afastamento do homem de Deus e manifestou seu pensamento pontificial na
Encíclica “Ad Beatissimi Apostolorum”.
Como a apontar o dedo para a Rússia em
convulsão, mas também para os países que se digladiavam em guerra, Bento XV
escreveu: “Lembrem-se desta verdade os príncipes e governantes dos povos, e
considerem se é prudente e seguro que os governos ou os Estados se afastem da
santa religião de Jesus Cristo, da qual sua autoridade recebe tanta força e
apoio. Que eles considerem repetidamente se é uma medida de sabedoria política
procurar divorciar o ensino do Evangelho e da Igreja do governo de um país e da
educação pública dos jovens. A triste experiência prova que a autoridade humana
falha onde a religião é deixada de lado.” O Papa lembra que com falácias
agitadores incutem ódio nos trabalhadores, fazendo com que ajam
irracionalmente. “Não é necessário enumerar as muitas consequências, não menos
desastrosas para o indivíduo do que para a comunidade, que decorrem desse ódio
de classe.”
Os cristãos das mais diversas
denominações devem ter bem presente uma realidade palpável, qual seja a
estratégia neomarxista que, principalmente a partir do filósofo italiano
Antônio Gramsci, abdicando preliminarmente da luta armada, mas em olvidá-la
totalmente, usa todos os mecanismos culturais para minar a civilização cristã.
Nas escolas, nas igrejas, nos sindicatos, nas associações sócio-culturais e
onde mais possa agir para cooptar seguidores, lá estão os agentes da “doutrina
pestilencial” a contaminar mentes e corações e, sobretudo, para causar divisões
na seara onde trabalha o povo de Deus. As teologias estranhas, como a Teologia
da Libertação a agir no campo católico; e a Teologia Integral a disseminar a
discórdia no campo evangélico/protestante, distorcem as Boas Novas do Cristo
com uma hermenêutica fundada em categorias de análise próprias da dialética
marxista. Trata-se de uma estratégia que tem demonstrado eficiência e eficácia
na consecução dos demoníacos objetivos. Atentemos, portanto, para a admoestação
do Papa Bento XV: “Os inimigos de Deus e da Igreja sabem perfeitamente que qualquer
briga interna entre os católicos é uma verdadeira vitória para eles. Por isso,
é sua prática habitual, quando vêem os católicos fortemente unidos, esforçar-se
por semear habilmente as sementes da discórdia para romper essa união.” Então,
o caminho está claro desde os tempos neotestamentários, quando diante dos
desvios observados na Igreja da Galácia, o apóstolo Paulo foi preciso ao
orientar: “Ainda que
nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja anátema.” (Carta aos Gálatas, cap. 1 – vers. 8). Portanto,
atenção redobrada para as ciladas armadas pelo Coisa Ruim que nestes
tempos pós-verdade, mais do que dantes dissemina a mentira e o ódio por
intermédio do comunismo ateu. De fato, o Coisa Ruim é o Pai da Mentira,
conforme diz a Bíblia. Depreenda-se sem medo de erro, que sendo os
socialistas/comunistas pregadores do materialismo sem fé em Cristo, sem Deus,
sem espiritualidade cristã, só podem ser seguidores do diabo. Para esses temos
a palavra de São João: “Vós
tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira.” (Evangelho de São João, cap. 8 – vers. 44).