terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O "puxadinho" e o bundasgate do TCE

O deputado Heitor Férrer denunciou o abuso dos dinheiros públicos , num Estado pobre como o Ceará, em que o órgão encarregado de fiscalizar o uso dos recursos públicos é o primeiro a exagerar nos gastos.

O Tribunal de Contas do Estado TCE vai comprar novo mobiliário, com dispensa de licitação, por mais de um milhão de reais. Tem poltrona que vai custar 11 mil reais. Ô povo de bunda sensível!!!

Na Assembleia Legislativa do Ceará, os parlamentares da base governistas saíram em defesa dos conselheiros que, na verdade, estão a merecer uns bons conselhos.

Ao ser provocado na tribuna da Casa, Heitor Férrer disse o que muitos têm vontade de dizer mas não têm coragem para tanto: “O TCE legitima a corrupção no Ceará quando não investiga escândalos como o dos consignados, dos banheiros, da compra de helicópteros sem licitação e da construção dessa caixa para peixes, o Aquário, dentro tantos outros”. E acrescentou com propriedade, porque trata-se de verdade insofismável: “Com raras exceções, o Tribunal se transformou, nos últimos anos, lamentavelmente, em um puxadinho do gabinete do governador Cid Gomes”

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A imprudência de Dona Dilma

"Eike é o nosso padrão, a nossa expectativa e sobretudo o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado”.

Quem propagandeou a frase acima?

Dona Dilma, em 27 de abril de 2012.

Já imaginaram se a estultície tivesse sido dita por algum tucano ou espécime similar da política brasileira?

Certamente, agora, depois do estrondoso fracasso de Eike, eles seriam crucificados. Como foi a Dona Dilma quem cometeu a imprudência e agora é o contribuinte que vai pagar o pato, os lulo-comuno-petistas ficam todos caladinhos.

Na verdade, ninguém deu ouvidos ao economista Carlos Lessa, que cantou a bola antes: "O grupo Eike Batista foi criado por uma bolha especulativa de dimensões colossais"

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O IMPOSTO IMPERFEITO



Barros Alves

Governos são pantagruélicos em termos de arrecadação. Nunca se saciam. O governo Cid Gomes não é diferente. Agora mesmo cria um novo imposto com o eufemístico nome de Contribuição de Melhoria. Os defensores do tributo dizem não se tratar de imposto, mas de uma taxa única a ser paga por aqueles que serão beneficiados por obras públicas. A proposta governamental que foi aprovada na Assembleia Legislativa pela maioria acachapante dos deputados governistas, só tecnicamente não é um imposto, mas não deixa de ser mais uma mordida no bolso do cidadão cearense que, igualmente a todo brasileiro, já paga uma escorchante carga tributária. Pior: o Estado que suga não é o mesmo que oferece os benefícios constitucionais a que o cidadão faz jus. Ao contrário, o Estado é ineficiente e ineficaz porque é, sobretudo, incompetente na condução de seus negócios. Mas, no Ceará, deve-se levar em conta um detalhe que assoma com maior vigor. Trata-se da constatação de nossa pobreza histórica agravada por estiagens como a que vivemos presentemente, a qual depaupera ainda mais a população. Isto por si só já justifica uma insurgência contra qualquer criação de imposto, tributo ou seja que tipo de taxa for.
Mas o atual governo cearense, com ampla maioria no Parlamento e cavalgando bons índices de popularidade, segundo pesquisas que ninguém sabe quem respondeu, age como o governante jactancioso que mereceu o conselho de Nicolau Maquiavel, o sábio florentino autor de “O Príncipe”, clássico da Ciência Política: “O príncipe que acha que pode fazer tudo o que quer é um louco” (“Comentários Sobre a Primeira Década de Tito Lívio”). De outro modo, esse imposto imperfeito que o Parlamento cearense aprovou remete-nos ao tempo em que na velha Inglaterra se instalou a tirania da breve república de Oliver Cromwell, que infernizava a vida do povo inglês sob o pseudo-argumento de que república significa democracia. Thomas Hobbes, outro nome inscrito no rol dos grandes pensadores políticos da humanidade, autor da conhecida obra “Leviatã”, registra a situação que o governo de Cromwell impôs a Londres e que, no quesito insensibilidade, se assemelha ao nosso. Hobbes escreveu que o governo de Londres possuía, então, “uma grande pança, nenhum paladar e nenhuma sensibilidade para distinguir o que é certo ou errado.” A história, de fato, se repete. Como dizia Marx, como farsa ou como tragédia. Constata-se entre nós cearenses que pode ser como os dois.

Mobilidade urbana

Deputado Mauro Filho disse-me hoje pela manhã que está trabalhando para assegurar junto aos órgãos estaduais e federais, recursos da ordem de mais 1 milhão e quinhentos mil reais para dotar a cidade de Cedro de uma via pública moderna, que atravessa a área urbana e em muito facilitará o trânsito/tráfego daqueles que usam a Rodovia Padre Cícero. Será obra importante e necessária da administração Nilson Diniz. Sem dúvida.
Confira matéria completa na Revista PLENÁRIO, da Assembleia Legislativa do Ceará (www.al.ce.gov.br)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nossos preconceitos

Barros Alves

 Nos dias hodiernos há um estúpido patrulhamento ideológico travestido de humanismo, contra o preconceito. Claro, que um pré-conceito, ou seja, um conceito ou juízo de valor assentado “à priori” a respeito de qualquer assunto é algo evidentemente temerário. Todavia, temeridade maior configura a dogmatização de ideias e ideais. Quero dizer que não se pode dogmatizar algo como preconceito sem uma abalizada motivação que assegure legitimidade à argumentação anti-preconceito. Porque todos, em maior ou menor grau, temos os nossos preconceitos. Aliás, a demonização de determinados preconceitos pode levar ao esquecimento importantes processos culturais registrados na nossa história, os quais se não forem extirpados em nada modificarão a conduta normal das pessoas. Exemplo simplório: deixar de ensinar a música do cancioneiro infantil “Atirei o pau no gato”, sob a alegação de que vai tornar crianças violentas com os animais constitui, no mínimo, uma ingenuidade.
Felizmente, neste meu pensar não milito solitariamente. Johann Gottfried von Herder, filósofo alemão do século XVIII, escreveu “Uma outra filosofia da história”, obra basilar para se entender processos culturais. Segundo von Herder , “O preconceito é bom no seu tempo, porque deixa feliz. Traz os povos de volta ao seu centro, prende-os com mais solidez à sua base, torna-os mais florescentes segundo seu próprio caráter, mais ardorosos e, por conseguinte, também, mais felizes em suas tendências.” De igual modo, o Maurice Barrés, jornalista e político francês dizia que os preconceitos de um povo o mantêm alerta e altivo. E, convenhamos, a pior coisa para indivíduos e nações é a frouxidão de propósitos, o desvanecimento de convicções. Os que dizem que não têm preconceitos são mentirosos ou hipócritas, senão frouxos de caráter.
Por oportuno, conto-lhes uma breve história real. Estava eu, pobre mortal ignorante, educadamente ouvindo a parlapatice de um sabichão marxista que ainda sonha com a revolução cubana no Brasil. Ouvi dele severa reprimenda em razão de minhas posições anticomunistas e “desumanas”, segundo ele, em face do posicionamento que adoto contrário ao homossexualismo e à união homoafetiva. A conversa descambou para os desmandos políticos do Brasil, diante dos quais o dito cujo, que é jornalista, faz vista grossa. Em determinado momento, o meu interlocutor, que se diz desvestido de preconceito, diante da afirmação de que o senador tucano Álvaro Dias (PSDB-PR) cumpre com competência seu papel de oposicionista, de imediato declarou: “Aquele é uma bichona!!!”. Precisa dizer mais alguma coisa? (Publicado originalmente no jornal O ESTADO, edição de 15 de junho de 2012)

MANDELA, GUERREIRO E PACIFICADOR



Barros Alves

Morre Mandela. Chora a África, choram todas as nações. O velho líder negro quase centenário deixa um vazio no cenário político de sua pátria e do mundo. Soube ser um nome que está inscrito indelevelmente na História da humanidade. Oriundo de nobreza tribal, foi o primeiro entre os seus a galgar à universidade. Investiu-se da necessária liderança que buscava a liberdade do povo negro em face da dominação branca, numa África do Sul que adotou a exclusão racial (apartheid) como política de Estado. Concomitantmente, trabalhava pela união das muitas etnias autóctones, algumas submissas à agressão branca.
Nos inícios do Congresso Nacional Africano, o movimento liderado por Mandela para enfrentar o apartheid, só a força se apresentava como instrumento para alcançar vitória sobre a tirania escravagista em que vivia 80% dos sul-africanos, ou seja, a população negra, selecionada como no nazismo, vivia em guetos. Criou o braço armado do CNA. Foi a gota d’água para a reação institucional que o trancafiou por 27 anos numa masmorra, a pão e água, onde só podia ver a esposa uma vez por ano, durante meia hora e por trás de um vidro.
Esquecido por um tempo, o processo de distensão política entre o Leste europeu comunista e os Estados capitalistas, especialmente os EUA, a África do Sul do estúpido apartheid e o nome de Mandela voltaram ao cenário internacional na década de 1980. Era o caminho para a liberdade, em 1990. Consagrado, Mandela elege-se presidente em 1994 e sedimenta uma trajetória de luta que o alteia ao pedestal de Pai da Pátria. O Prêmio Nobel da Paz, que dividiu com Frederick Declerk, o governante branco que o libertou, veio exatamente por haver tido a sabedoria e a generosidade dos grandes líderes quando chegam ao pódio como vencedores. Um homem cujo dicionário não existe apalavra rancor, que conseguiu unir e pacificar uma nação antes em permanente estado de guerra. Eis o legado de Mandela: construiu uma África de muitas cores, porque bem ou mal todos, brancos e negros construíram a nação. Ao contrário de alguns que vivem a suscitar a cisão com uma história insustentável de que “nuca antes neste país...”

terça-feira, 22 de outubro de 2013

EPITÁFIOS



EPITÁFIOS

No túmulo de Zé Dirceu:
 Este aqui deixou os seus,
Mas nem sei se ele aqui jaz!
Pode estar a enganar Deus,
Ou driblando Satanás.

No túmulo de Lula:
Com um respeito profundo,
Junto ao Pai da Criação
Vou pedir pra todo o mundo
Uma BOLSA SALVAÇÃO.
 
No túmulo de Cid Gomes
No Paraíso perdido
Quero chegar todo prosa...
Que seja um Céu colorido,
Pelo menos cor de rosa!!!

No túmulo de Cid Gomes
Até o Juízo final
Aqui jaz quem não se apressa,
Para o bem ou para o mal
Sempre viveu de promessa.

No túmulo de Ciro Gomes
Fui "mala" e muito maroto,
Fui de arrogância um poço,
Deus me fez mui boquirroto
Com dois palmos de pescoço.

No túmulo de Ciro Gomes
Não cabendo nesta vala
Minha língua de finado,
Tiveram, pois, de cortá-la
E está enterrada ao lado.

No meu túmulo:
Feliz parti para Deus.
Morrer pra mim - quem diria! -
Foi simplesmente um adeus
Ao reino da hipocrisia.

No túmulo de um sátiro:
Linguarudo, mas de brios,
Fui chamado de "anjo torto";
Hoje me tecem elogios
Só porque já estou morto.

No túmulo de um sindicalista:
Sob esta campa resisto
E aguardo sem ilusões
A outra vinda de Cristo
Para negociações.

No túmulo de um poeta amigo:
Vivi vida malograda,
Sofri tormentos de sobra,
Deus deu-me a mulher amada;
Junto, o diabo de uma sogra.

No túmulo do poeta Mário Gomes:
Aqui jaz um vagabundo
De incansável vai-e-vem,
Que enojado deste mundo
Foi perambular no Além.

No túmulo de um roqueiro:
Após viver tresloucado
Aqui jaz placidamente
Um sujeito endiabrado,
Capeta em forma de gente.

No túmulo de um esculápio:
Pode parecer patético,
Mas só salvei um em cem.
Por causa de um erro médico
Vim parar aqui também.

No túmulo de Karl Marx:
Teve vida atribulada
E hoje sob a campa fria
É pó, é poeira, é nada,
É coisa sem MAIS VALIA!
 

O discurso dos caras-de-pau

Existem personagens mais caras-de-pau do que os lulo-comuno-petistas?

Querem por fina força dizer que o leilão do Campo de Libra (Pré-sal) foi um sucesso, quando, de fato, foi um fiasco.

Primeiro: Os PeTralhas, desavergonhadamente, continuam a tentar impingir ao povo a ideia de que não estão privatizando. E essa hibridez própria dos covardes que não assumem claramente suas posições, fez com que o leilão do citado campo de petróleo não alcançasse o objetivo colimado.

Segundo: Leilão com um só concorrente, na verdade, nem é leilão. Dilma vai à televisão dizer um monte de besteiras ufanistas.

Terceiro: a mentira maior é dizer que o Pré-sal foi descoberto em 2005 e que NUNCA ANTES NESTE PAÍS houve descoberta igual. ISTO É UMA DESLAVADA MENTIRA. Desde a década de 1950 que se fala na possibilidade de petróleo em camadas profundas da costa brasileira. Na década de 1970, sob o governo dos militares, a descoberta se fez de fato. Daí a preocupação do General Ernest Geisel em assegurar as 200 milhas marítimas para o Brasil, depois de difíceis negociações diplomáticas.

De duas uma: ou os lulo-comuno-petistas são analfabetos em História do Brasil contemporâneo ou são especialistas em impingir mentiras ao povo brasileiro.

Eu, particularmente, fico com a segunda hipótese.

EM TEMPO: Eu sou a favor de PRIVATIZAÇÕES E ASSUMO. Os covardes do lulo-comuno-petismo também são, mas negam. A isto a adjetivação mais correta é VAGABUNDAGEM

FESTA DO PADROEIRO

Barros Alves

Noite de festa. A praça iluminada.
Lá na Igreja o santo padroeiro
Como a abençoar o mundo inteiro
Enquanto a Missa solene é celebrada.

É noite de São João, o padre Costa
Celebra a Missa e faz longo sermão,
Quer penitência e também dá carão
E ainda assim o nosso povo gosta.

Dona Estefânia, ao órgão, canta e toca;
Pouca atenção à Palavra Sagrada,
Enquanto a maioria faz fofoca.

Sorrateiro como quem não quer nada
Eu troco a missa pela Ypióca
E o padroeiro pela namorada.

AMOR A CEDRO

Barros Alves

Tão pequenino quanto acolhedor,
Sempre a abrigar os que não têm teto,
Um largo coração terno e dileto
Cheiinho de carinho e de calor.

O olhar do teu bom povo está repleto
De mui tranquilidade, paz e amor,
Ninguém jamais olvida o teu valor,
Por isso terás sempre o meu afeto.

Nos momentos de dor ou de tristeza,
Nos dias de alegria ou louvação
Tens, para mim, sempre a mesma beleza!!!

Teu nome é um doce salmo, uma canção,
E eu te amo assim na tua singeleza...
Cedro, estás sempre no meu coração!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

SAUDAÇÃO A DOM BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA EM LANÇAMENTO DO LIVRO "PSICOSE AMBIENTAL"



                                                            
Por Barros Alves*

Honrou-me sobremodo o convite que me foi formulado para apresentar  ao leitor cearense o livro “Psicose Ambientalista”, cujo autor, D. Bertrand de Orleans e Bragança, ilustre membro da família real brasileira,  somente será apresentado em cumprimento de normas cerimoniais costumeiras em eventos como este.  É que o nome e a origem de S. Alteza bastam para dizer com exatidão de sua importância para a história do Brasil.

Dom Bertrand é bisneto da Princesa Isabel de Bragança, a “Redentora”; e de Gastão de Orleans, o Conde d’Eu. Irmão de Dom Luiz, chefe da Casa Imperial do Brasil, herdeiro principal do trono da Monarquia brasileira, cuja legitimidade para reavê-la nenhum historiador que se preze ousa negar, uma vez que o trisavô de Dom Bertrand, Dom Pedro II, último imperador do Brasil, foi apeado do poder por um golpe de Estado de inspiração autoritária, tanto isto é verdade que o republicano Aristides Lobo, ministro da Justiça do então novo regime, em artigo escrito poucos dias depois da partida do imperador para a Europa, escrevia que o povo carioca assistiu bestializado à quartelada protagonizada pelo velho marechal Deodoro da Fonseca no Campo de Santana, no Rio de Janeiro.

Derrubava-se um monarca constitucional, um chefe de Estado que tinha brilho intelectual e elevado espírito democrático. Mas, sobretudo, um coração de poeta e uma cabeça de filósofo, homem desprendido das glórias do poder, posto que se assim não fora, a reação ao golpe de 15 de novembro de 1889 teria sido facilmente levada a termo e debelada a intentona republicana liderada por meia dúzia de pessoas descomprometidas com os valores caros à democracia na qual Pedro II pautara sua ação de estadista.

O novo regime logo descambou para o jacobinismo e o resultado é que daquele tempo a esta parte a espada dos republicanos no poder já rasgou oito constituições sem a menor cerimônia. Enquanto as monarquias do mundo moderno – o Brasil monarquista não teria sido diferente - avançaram em termos sócio-econômicos e culturais, preservando tradições morais as mais caras à sociedade humana, o exemplo dado pelos governantes da República brasileira às gerações pós-1889 tem sido o mais degradante. Nem democracia, nem respeito aos dinheiros públicos, nem punição para os que se locupletam às custas do erário. Por outro lado, sobra incompetência, corrupção e ludíbrio para com o povo sempre crédulo em promessas que se refazem tanto quanto não são cumpridas. Estes são os Anais da República brasileira.

Quero crer que uma fala de Rui Barbosa que corre mundo, cuja última frase tem sido escamoteada pelos republicanos desde 1910, quando o discurso foi feito no Senado da República, demonstra a causa de seu arrependimento em ter contribuído para a queda da Monarquia brasileira ao tempo em que exemplifica a qualidade do regime implantado no lugar: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Este o discurso propalado. Da frase complementar ninguém fala, porque Rui lamenta a situação por que passava o Brasil naquela época e, segundo o douto jurisconsulto, aquela desgraceira ética era o retrato da República que ele havia ajudado a implantar neste País.

Enquanto isto, Dom Pedro Henrique, pai de Dom Bertrand, dá o tom de como deve ser o comportamento de um herdeiro da tradição da realeza brasileira, conforme refere o historiador Armando Alexandre dos Santos no livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”:

 “Meus filhos, dizia Dom Pedro Henrique, as circunstâncias não me permitem que lhes deixe uma fortuna material considerável. Mas três coisas faço questão de lhes deixar: em primeiro lugar, a fé Católica Apostólica Romana, herdada de nossos maiores; em segundo lugar, uma boa educação; e, em terceiro lugar, a consciência da missão histórica da nossa Família”.

Nesta noite que se faz memorável pela presença de Dom Bertrand entre nós, cumpre-se a determinação de Dom Pedro Henrique.

Vossa Alteza presenteia-nos um livro, cujo subtítulo expressa denúncia e condenação de uma “religião ecológica, igualitária e anticristã”. Trata-se de uma obra plena de coragem e bom senso  em que assomam valores fundados na fé Católica Apostólica Romana; com efeito, só uma boa educação consegue sedimentar  o trabalho penitente para conduzir os processos político-culturais que continuam a nortear a ação pública de V. Alteza, a qual dá sustentação à missão histórica da Família Real brasileira.

A leitura de “Psicose Ambientalista” remeteu-me a uma reflexão formulada pelo Senador Roberto Campos, pensador dos mais lúcidos na história da economia  e da política no Brasil do século XX. Em artigo escrito há cerca de 20 anos, Campos ironizava a ação dos ambientalistas empedernidos e convocava-os ao bom senso: “Ecologia pretende ser uma ciência. Para muitos tornou-se uma teologia. Para alguns uma fantasia. É importante como nos advertiram 52 prêmios Nobel que não se transforme numa ideologia irracional,  que ignore romanticamente que tudo depende da relação custo-benefício da despoluição. (...) Alguns ecologistas subestimam a utilização das forças de mercado na preservação ambiental (...) Prega-se, por exemplo, aos países africanos a preservação dos elefantes. Mas cada besta dessas exige um quilômetro quadrado de boas pastagens! No Brasil já se desenvolveu o teorema do jacaré. A melhor maneira de preservar estes répteis crocodilianos não proibir totalmente sua caça, pois isto dificulta a pesca, mas sim autorizar fazendas de jacarés.  Os bichos serão tratados carinhosamente, a espécie se multiplicará e as peles nos gerarão divisas. Viva o mercado!”

Se vivo estivesse, Campos veria que os ambientalistas, infelizmente, se deixaram guiar pela irracionalidade ideológica.

Em contraponto, de forma compacta, segura porque arrimada em consistente pesquisa, Dom Bertrand deslinda os escaninhos de processos que às vezes não conseguimos enxergar no cenário do ambientalismo. De fato, os exageros da militância ambientalista apontam para uma face da revolução marxista que o autor denomina de ambientalismo neocomunista, mas que não sofre modificação na ideia se fizermos o trocadilho para neocomunismo ambientalista. Basta se conhecer um pouquinho de Marx, Engels e Lênin, principalmente o Lênin de “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, para identificarmos com facilidade o que está por trás da radicalidade dos militantes da causa ambientalista. O credo deles é a conduta. Conduta de marginais da sociedade, de hereges da Política, iconoclastas de verdades sagradas que intentam substituir por um neopanteísmo tão estulto quanto inconsequente. Para tanto, esses desconstrutivistas de uma defesa séria e consequente do meio ambiente que o Criador ordenou que guardássemos, intentam ações claramente aterrorizantes. É tudo fanatismo, impostura e desrazão.

Em 1955, quando o comunismo ainda estava em alta e Nikita Kruschev ainda não tinha denunciado as atrocidades do colega Stálin, o pensador francês Raymond Aron escreveu um livro que saiu em edição vernácula com o título de O Ópio dos Intelectuais, no qual denuncia a postura dos intelectuais em relação ao marxismo. Eles imprimiam às ideias de Marx, como alguns apedeutas ainda fazem hoje, uma sacralidade religiosa. Aron, por outro lado, não entende por que se tolerava este tipo de atitude dos intelectuais da Europa e de outros países do mundo. Ele alertava:  “Se a tolerância nasce da dúvida, que nos ensinem a duvidar de modelos e utopias, a recusar os profetas da salvação, os arautos de catástrofes.”

Senhoras e senhores

Nossas últimas palavras nesta noite são para reafirmar nosso sincero agradecimento a  Dom Bertrand, hoje um profundo conhecedor dos bastidores do ecoterrorismo,  por ele haver escrito um livro que alerta o povo brasileiro para que recuse o discurso e muito mais a ação nefasta dos profetas do ecologismo estéril, arautos de catástrofes ambientalistas, porque, de fato, não passam de psicóticos, cujo mal tem contaminado a sociedade brasileira, por agora demais adoentada de outros males morais.

Dom Bertrand, que Deus vos ajude nesta cruzada contra o mal e vos faça cada vez mais lúcido e que a lucidez de vossa fala e de vossa escritura seja uma espada que possa decepar a ignorância, a desfaçatez e a impiedade de tantos que ousam infelicitar este imenso País, cujas fronteiras continentais carregam também a lembrança gratificante dos maiores da Família Real brasileira.

·        Da Sociedade Cearense de Geografia e História e da Academia Cearense de Retórica.