Barros Alves
Governos são pantagruélicos em termos de
arrecadação. Nunca se saciam. O governo Cid Gomes não é diferente. Agora mesmo
cria um novo imposto com o eufemístico nome de Contribuição de Melhoria. Os defensores
do tributo dizem não se tratar de imposto, mas de uma taxa única a ser paga por
aqueles que serão beneficiados por obras públicas. A proposta governamental que
foi aprovada na Assembleia Legislativa pela maioria acachapante dos deputados governistas,
só tecnicamente não é um imposto, mas não deixa de ser mais uma mordida no
bolso do cidadão cearense que, igualmente a todo brasileiro, já paga uma escorchante
carga tributária. Pior: o Estado que suga não é o mesmo que oferece os
benefícios constitucionais a que o cidadão faz jus. Ao contrário, o Estado é
ineficiente e ineficaz porque é, sobretudo, incompetente na condução de seus
negócios. Mas, no Ceará, deve-se levar em conta um detalhe que assoma com maior
vigor. Trata-se da constatação de nossa pobreza histórica agravada por
estiagens como a que vivemos presentemente, a qual depaupera ainda mais a
população. Isto por si só já justifica uma insurgência contra qualquer criação
de imposto, tributo ou seja que tipo de taxa for.
Mas o atual governo cearense, com ampla
maioria no Parlamento e cavalgando bons índices de popularidade, segundo
pesquisas que ninguém sabe quem respondeu, age como o governante jactancioso
que mereceu o conselho de Nicolau Maquiavel, o sábio florentino autor de “O
Príncipe”, clássico da Ciência Política: “O príncipe que acha que pode fazer
tudo o que quer é um louco” (“Comentários Sobre a Primeira Década de Tito Lívio”).
De outro modo, esse imposto imperfeito que o Parlamento cearense aprovou remete-nos
ao tempo em que na velha Inglaterra se instalou a tirania da breve república de
Oliver Cromwell, que infernizava a vida do povo inglês sob o pseudo-argumento
de que república significa democracia. Thomas Hobbes, outro nome inscrito no
rol dos grandes pensadores políticos da humanidade, autor da conhecida obra “Leviatã”,
registra a situação que o governo de Cromwell impôs a Londres e que, no quesito
insensibilidade, se assemelha ao nosso. Hobbes escreveu que o governo de
Londres possuía, então, “uma grande pança, nenhum paladar e nenhuma
sensibilidade para distinguir o que é certo ou errado.” A história, de fato, se
repete. Como dizia Marx, como farsa ou como tragédia. Constata-se entre nós
cearenses que pode ser como os dois.
Aumentando a arrecadação facilita os meios de como desviar o dinheiro publico! Vergonha nacional!
ResponderExcluir