Barros Alves
Albert Camus,
escritor de língua francesa nascido na Argélia, escreveu a comovente metáfora
política A PESTE, que nada mais é do que uma crônica testemunhal da geração que
viveu os horrores da Segunda Grande Guerra. Nessa obra Camus retrata as dores
do mundo. Na Oran de sua imaginação há milhares de pessoas colocados em
isolamento, obrigados a ficar distantes do mundo dos sãos. Quando a peste surge e o mal se alastra os
inocentes sofrem e os maus rejubilam com o caos. Cottard, criminoso, rejubila.
O caos social vai permitir sua liberdade e a continuação de seus negócios
escusos. Os aproveitadores ocultos ocupam as garras da Justiça. Cottard não
lutará contra a peste. Coisa estranha, não será vítima do contágio. Igualmente
Lula, a personagem de Camus deseja que a peste permaneça. Lembremos que o
ex-presidente identificou no corona vírus a mão de Deus para castigar
Bolsonaro. Exultou! Desculpou-se. Desculpa esfarrapada. Tarrou, a personagem
que representa um espírito cristão criado pelo ateu Camus, diria de Lula o que
disse de Cottard: um ser como esse que amou a peste em seu íntimo, não o posso
compreender e devo perdoar-lhe. Vale lembrar, por oportuno, que Camus era ateu,
mas não comunista, confessou seu horror a Marx, segundo ele um dos maus gênios
da humanidade. Lendo a peste, podemos afirmar que qualquer semelhança dessa
trama romanesca de Camus com as posições adotadas pela mídia, pelo Judiciário,
por algumas lideranças políticas, em especial alguns governadores e prefeitos
no Brasil atual, não será mera coincidência. Se fizermos uma imaginária relação
de A PESTE com os nossos dias aziagos, Camus foi profeta.
Nas
linhas finais de A PESTE, Camus como que reafirma sua fé no homem, ainda que
não se atenha à transcendência do ser humano: “Em meio aos gritos que
redobravam de força e de duração, que repercutiam longamente junto do terraço,
à medida que as chuvas multicores se elevavam mais numerosas no céu, o Dr.
Rieux decidiu, então, redigir esta narrativa, que termina aqui, para não ser daqueles
que se calam, para depor a favor dessas vítimas da peste, para deixar ao menos
uma lembrança da injustiça e da violência que lhes tinham sido feitas e para
dizer simplesmente o que se aprende no meio dos flagelos: QUE HÁ NOS HOMENS MAIS
COISAS A ADMIRAR DO QUE COISAS A DESPREZAR.”
Lênin
disse que o esquerdismo é doença infantil do comunismo. Na verdade, é a peste
que infesta a humanidade desde Marx, desde o próprio Lênin e demais pensadores
que se lhes seguiram os passos destruidores. Sorrio da ingenuidade de alguns
que dizem estar morto o comunismo. Uma peste não se destrói definitivamente. É
só lembrar o fato de que o vírus do marxismo-leninismo tem-se submetido a
várias mutações: luta contra o racismo, defesa da ideologia de gênero,
teologias de libertação etc. Assim continua contaminando instituições e povos.
No Brasil, esse vírus do esquerdismo tem-se aliado ao corona vírus para alargar
as atrocidades. Para nós nesse tempo de medo e terror adotado pelo autoritarismo
de determinados governantes, vale a palavra final de Camus na metáfora de A
PESTE: “Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux
lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que
essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não
morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e
na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e
na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e
ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa
cidade feliz.”