domingo, 17 de setembro de 2017

NO JARDIM



                                                     


Barros Alves

À tarde venho ao meu jardim florido,
Enquanto o orvalho brilha sobre as rosas.
Criaturas de Deus, maravilhosas!!!
E eu ouço Deus falar-me ao meu ouvido.

O meu espírito sente compungido
As mãos do Santo Pai tão amistosas!!!
E a sussurrar-me palavras dadivosas
Ele me deixa grato e comovido.

No silêncio da tarde doce e calma,
Só eu e Deus fazemos orações,
Em devaneios que extasiam a alma.

Deus canta para mim lindas canções
E o poderoso cetro que Ele empalma
Fere de Amor os povos e as nações...



A HISTÓRIA EM REVISTA



                                                                           


Barros Alves

Constitui acerto confirmar o conceito de história atribuído a Marcus Túlio Cícero, senador romano e uma das ímpares personalidades da história do saber humano: “A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos.” Aduza-se ao pensamento de Cícero a palavra do nosso contemporâneo John Tosh, segundo o qual todas as sociedades têm uma memória coletiva, um depósito de experiência que é delineada para oferecer certo sentido de identidade e um sentido de direção que aponta, é evidente, para as possibilidades imensas que se descortinam no futuro da humanidade, assim como de cada um em particular. Certamente, é arrimado nessa visão que referencia potencialmente a História como garimpagem da significação dos fatos na linha do tempo, que o Professor Luiz Gonzaga Bertelli, presidente da Academia Paulista de História, escritor de nomeada e incansável pesquisador das andanças e caminhos percorridos pelo nosso povo, assegura bimestralmente ao leitor que aprecia registros e análises históricas, uma jóia de raro valor editorial no campo historiográfico brasileiro, a Revista do Historiador. Não se trata de compêndio contendo longos ensaios, mas de uma publicação leve, contendo uma trintena de páginas, esmerada apresentação gráfica e conteúdo sobremodo excelente, mercê da qualidade editorial e mais ainda da qualidade intelectual daqueles que assinam os artigos, notícias e resenhas. A cada edição uma agradável surpresa, já pela matéria de capa, sempre a discorrer sobre personagem que se alteia no panteão da Pátria; já pelas secções especiais a registrar fatos da atualidade e/ou a resgatar a memória que ficou às vezes escondida em algum recanto de uma biblioteca.  Por pertinente, vale ressaltar a escritura da mais recente edição da Revista do Historiador, a de número 191, em que sobressai justamente artigo da lavra do presidente Luiz Gonzaga Bertelli, no qual assoma a figura excelsa do Padre Manuel de Paiva, celebrante da missa inaugural do Colégio dos Jesuítas, marco fundador da cidade de São Paulo. Destaque-se também a publicação de excerto do livro “Tietê, o rio do esporte”, de autoria do escritor Henrique Nicolini; o artigo da historiadora Sônia M. de Freitas, sobre a atuação do Comendador Montenegro, português radicado em São Paulo onde fundou a comunidade Nova Louzã; e a secção especial sobre “Os Heróis de Nossa Pátria”. A Academia Paulista de História, na pessoa de seu presidente Luiz Gonzaga Bertelli, merece todos os encômios por esse importante trabalho de valorização e divulgação da história da brava gente bandeirante.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

HISTORIADOR DE BRASÍLIA



Barros Alves

Ao tempo em que o então presidente Juscelino Kubitschek iniciou a aventura de construir Brasília, levas de nordestinos mudaram-se para o Planalto Central, com os olhos postos em um futuro de prosperidade. Descortinava-se-lhes um mundo de oportunidades. Enfrentariam, pois, as condições insalubres da terra então inóspita que seria domada pelo trabalho intimorato dos “candangos”. Profissionais de todas as áreas e detentores das mais diversas capacidades dirigiram-se para o local que viria a ser a obra máxima do governo Juscelino e fazer a glória de nomes como do arquiteto Oscar Niemeyer e do engenheiro Lúcio Costa. Entre aqueles que aterrissaram no Cerrado estava um jovem jornalista cearense de Santana do Acaraú. Seu nome: Adyrson Vasconcelos. Era 1957, ano em que eu abri os olhos para o mundo. Daquele tempo a esta parte, amizade firmada com os próceres que idealizaram e construíram Brasília, nosso ilustre conterrâneo se fez um dos parteiros, guardião e amante da capital do Brasil, registrando passo a passo o nascimento e a formação não apenas do complexo urbano, artístico e arquitetônico de Brasília, mas, sobretudo, como observador perspicaz e pertinaz, adentrando na alma da cidade e descrevendo beneditinamente a formação sócio-cultural do povo brasiliense, o qual oriundo de várias partes do Brasil e do mundo sedimentou uma identidade especial e própria. Reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, pelas características sui generis da arquitetura de Niemeyer, resultante do ineditismo do seu planejamento e rapidez com que foi construída, Brasília centraliza em sua representação simbólica aspectos paradoxais da República brasileira. Ali apresentam-se lado a lado, em razão da própria natureza da sua destinação sócio-política como centro do poder, as glórias e misérias da nossa República. Adyrson Vasconcelos, profundo conhecedor do físico e do espiritual da cidade capital do Brasil, escreve há 60 anos sobre ela. Firmou-se inequivocamente como o principal historiador do sonho e da realidade da grande metrópole do Cerrado, imponente e monumental complexo arquitetônico do Planalto Central. Glória para ele e gáudio para nós cearenses por termos um conterrâneo como protagonista intelectual de uma saga que permanecerá indelével na História do Brasil e do mundo. Verba volant, scripta manent. Parabéns ao mestre Adyrson Vasconcelos pelos 60 anos de dedicação ao registro dos fatos que fazem a história da terra e povo brasilienses.