segunda-feira, 4 de setembro de 2017

HISTORIADOR DE BRASÍLIA



Barros Alves

Ao tempo em que o então presidente Juscelino Kubitschek iniciou a aventura de construir Brasília, levas de nordestinos mudaram-se para o Planalto Central, com os olhos postos em um futuro de prosperidade. Descortinava-se-lhes um mundo de oportunidades. Enfrentariam, pois, as condições insalubres da terra então inóspita que seria domada pelo trabalho intimorato dos “candangos”. Profissionais de todas as áreas e detentores das mais diversas capacidades dirigiram-se para o local que viria a ser a obra máxima do governo Juscelino e fazer a glória de nomes como do arquiteto Oscar Niemeyer e do engenheiro Lúcio Costa. Entre aqueles que aterrissaram no Cerrado estava um jovem jornalista cearense de Santana do Acaraú. Seu nome: Adyrson Vasconcelos. Era 1957, ano em que eu abri os olhos para o mundo. Daquele tempo a esta parte, amizade firmada com os próceres que idealizaram e construíram Brasília, nosso ilustre conterrâneo se fez um dos parteiros, guardião e amante da capital do Brasil, registrando passo a passo o nascimento e a formação não apenas do complexo urbano, artístico e arquitetônico de Brasília, mas, sobretudo, como observador perspicaz e pertinaz, adentrando na alma da cidade e descrevendo beneditinamente a formação sócio-cultural do povo brasiliense, o qual oriundo de várias partes do Brasil e do mundo sedimentou uma identidade especial e própria. Reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, pelas características sui generis da arquitetura de Niemeyer, resultante do ineditismo do seu planejamento e rapidez com que foi construída, Brasília centraliza em sua representação simbólica aspectos paradoxais da República brasileira. Ali apresentam-se lado a lado, em razão da própria natureza da sua destinação sócio-política como centro do poder, as glórias e misérias da nossa República. Adyrson Vasconcelos, profundo conhecedor do físico e do espiritual da cidade capital do Brasil, escreve há 60 anos sobre ela. Firmou-se inequivocamente como o principal historiador do sonho e da realidade da grande metrópole do Cerrado, imponente e monumental complexo arquitetônico do Planalto Central. Glória para ele e gáudio para nós cearenses por termos um conterrâneo como protagonista intelectual de uma saga que permanecerá indelével na História do Brasil e do mundo. Verba volant, scripta manent. Parabéns ao mestre Adyrson Vasconcelos pelos 60 anos de dedicação ao registro dos fatos que fazem a história da terra e povo brasilienses.

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