Barros Alves
Ao tempo em que o então presidente Juscelino
Kubitschek iniciou a aventura de construir Brasília, levas de nordestinos mudaram-se
para o Planalto Central, com os olhos postos em um futuro de prosperidade.
Descortinava-se-lhes um mundo de oportunidades. Enfrentariam, pois, as
condições insalubres da terra então inóspita que seria domada pelo trabalho
intimorato dos “candangos”. Profissionais de todas as áreas e detentores das
mais diversas capacidades dirigiram-se para o local que viria a ser a obra
máxima do governo Juscelino e fazer a glória de nomes como do arquiteto Oscar
Niemeyer e do engenheiro Lúcio Costa. Entre aqueles que aterrissaram no Cerrado
estava um jovem jornalista cearense de Santana do Acaraú. Seu nome: Adyrson
Vasconcelos. Era 1957, ano em que eu abri os olhos para o mundo. Daquele tempo
a esta parte, amizade firmada com os próceres que idealizaram e construíram
Brasília, nosso ilustre conterrâneo se fez um dos parteiros, guardião e amante
da capital do Brasil, registrando passo a passo o nascimento e a formação não
apenas do complexo urbano, artístico e arquitetônico de Brasília, mas,
sobretudo, como observador perspicaz e pertinaz, adentrando na alma da cidade e
descrevendo beneditinamente a formação sócio-cultural do povo brasiliense, o
qual oriundo de várias partes do Brasil e do mundo sedimentou uma identidade
especial e própria. Reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade,
pelas características sui generis da arquitetura de Niemeyer, resultante do
ineditismo do seu planejamento e rapidez com que foi construída, Brasília
centraliza em sua representação simbólica aspectos paradoxais da República
brasileira. Ali apresentam-se lado a lado, em razão da própria natureza da sua destinação
sócio-política como centro do poder, as glórias e misérias da nossa República.
Adyrson Vasconcelos, profundo conhecedor do físico e do espiritual da cidade
capital do Brasil, escreve há 60 anos sobre ela. Firmou-se inequivocamente como
o principal historiador do sonho e da realidade da grande metrópole do Cerrado,
imponente e monumental complexo arquitetônico do Planalto Central. Glória para
ele e gáudio para nós cearenses por termos um conterrâneo como protagonista intelectual
de uma saga que permanecerá indelével na História do Brasil e do mundo. Verba
volant, scripta manent. Parabéns ao mestre Adyrson Vasconcelos pelos 60 anos de
dedicação ao registro dos fatos que fazem a história da terra e povo
brasilienses.
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