terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Eu sou homófobo!

Na Argentina, um casal de homossexuais receberam a autorização para firmarem legalmente uma união civil, o que a mídia chama de casamento gay.

Casamento entre pessoas do mesmo sexo não existe. Casamento só se dá entre um homem e uma mulher. O resto é conversa pra boi dormir, história de Trancoso, sem fundamentação antropológica, filosófica, teológica etc coisa etal...

No reino animal os casos raríssimos que existem são distorções da natureza, exceções à regra. Portanto, exceção não é regra.

No Brasil, há projeto no Congresso Nacional, se não me engano de autoria da deputada carioca Jandyra Fegali, derrotada nas últimas eleições, que insere na legisção brasileira o tal "casamento gay".

Como até o diabo tem os seus - e não são poucos - há inúmeros defensores desta baboseira, pois a baitolagem nos dias de hoje corre solta em todos os escalões da sociedade. Até nos degraus superiores do mando política tem gay lá encastelado dando as ordens e ditando suas manias.

Mas, eu tenho o direito de ser contra a baitolagem institucionalizada.

Eu respeito o meu próximo como ser humano. Não faço acepção de pessoas, igualmente o ensinamento do Cristo. Tenho amigos que são homossexuais, lésbicas etc.

Porém, o mesmo direito que eles têm de expressar as suas preferências sexuais ou que tais, eu tenho de expressar as minhas.

Respeitar uma idéia não significa aderir a ela.

Portanto, não adiro à pregação do homossexualismo, até porque, constitucionalmente, a minha crença religiosa deve ser respeitada e a doutrina cristã, bem como os ensinamentos canônicos da minha Igreja Católica Apostólica Romana,asseguram-me o direito de não pactuar com este tipo de pregação.

Sou heterossexual e homófobo, lesbófobo e trânsfobo.

Tirar-me este direito, inclusive o direito de me expressar livremente, é um ato de força contra o qual eu haverei de lutar sempre.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O prazer da boa literatura

Literatura luso-hispânico-brasileira da melhor qualidade o leitor encontra na net nos endereços eletrônicos que estão nos tópicos abaixo relacionados. O Jornal de Poesia, brilçhante idéia do Poeta Soares Feitosa, já a gora com o concurso inestimável do poeta e tradutor Floriano Martins, é uma espécie de holding poética do projeto que obtém a cada dia maior sucesso.

PROJETO EDITORIAL BANDA HISPÂNICA
www.jornaldepoesia.jor.br/bhportal.html

JORNAL DE POESIA | FORTALEZA l CEARÁ l BRASIL
COORDENAÇÃO EDITORIAL | FLORIANO MARTINS
2001 - 2010

AGULHA HISPÂNICA | REVISTA DE CULTURA
www.jornaldepoesia.jor.br/BHAH01capa.htm

Editorial
1.Alberto Castro Leñero: la semilla encendida del reflejo | Ricardo Venegas | Entrevista
2. Ecocrítica y chamanismo en la poesía de Pablo Antonio Cuadra | Steven F. White | Ensaio
3. El magisterio lírico de Domingo Moreno Jimenes | Manuel Mora Serrano | Ensaio
4. El ojo cuántico o lo sagrado en la poesía | Gladys Mendía | Ensaio
5. Fredy Chikangana: una poesía más allá de la letra | Andrés Acosta Díaz & Carolina Calvo-Pérez | Entrevista
6. José Ángel Leyva y la presencia de La Otra | Ana Franco Ortuño | Entrevista
7. La crónica existencial de Adriano Corrales | Alfonso Peña | Entrevista
8. La voz oscura de los últimos: Identidad latinoamericana en Nicolás Guillén | Norberto Codina | Ensaio
9. Uma conversa com Octavio Paz | Betty Milan | Entrevista
10. “Una en alma e intento”. Identidad y unidad latinoamericana en José Martí. Pedro Pablo Rodríguez | Ensaio
Artista convidado | Dos veces Edgar Negret | Samuel Vásquez | Ensaio

COLEÇÃO DE AREIA | LIVROS DA BANDA HISPÂNICA
www.jornaldepoesia.jor.br/BHCAportal.htm
1. Escenas tomadas de um teatro imposible, de Floriano Martins (Brasil)
2. Puerta lateral, de Jorge Rodríguez Padrón (Espanha)
3. El alcohol de los estados intermedios, de Gladys Mendía (Venezuela)
4. Autorretrato, de Floriano Martins (Brasil)
5. Lienzo sobre óleo, de Jorge Tamargo (Cuba)

MEMÓRIA RADIANTE | DOSSIÊS ESPECIAIS
www.jornaldepoesia.jor.br/BHMRportal.htm
1. César Dávila Andrade (Ecuador)
2. Jorge Luis Borges (Argentina)
3. Juan Antonio Vasco (Argentina)
4. Literatura paraguaya | Teresa Méndez-Faith (Paraguay)
5. Literatura nicaragüense | Steven White (Nicarágua)

ACERVO GERAL DA BANDA HISPÂNICA
www.jornaldepoesia.jor.br/BHBHportal.htm
Projeto Editorial Banda Hispânica
Janeiro de 2010 | Fortaleza, Ceará – Brasil
Coordenação geral & concepção gráfica: Floriano Martins.
Direção geral do Jornal de Poesia: Soares Feitosa.
Projetos associados: Revista La Otra (México) | Ediciones Andrómeda (Costa Rica) | Revista Blanco Móvil (México) | TriploV (Portugal).
Cumplicidade expressa: Alfonso Peña, Eduardo Mosches, Gladys Mendía, José Ángel Leyva, Maria Estela Guedes, Soares Feitosa e Socorro Nunes.
Projeto original criado em janeiro de 2001.

Contato: Floriano Martins bandahispanica@gmail.com | floriano.agulha@gmail.com.

As quatro sessões que integram este Projeto Editorial - Banda Hispânica, Coleção de Areia, Agulha Hispânica e Memória Radiante - possuem regras próprias de conformidade com o que está expresso no portal de cada uma delas.

Agradecemos a todos pela presença diversa e ampla difusão.
Acesse cada endereçoeletrônico para ter acesso ao conteúdo.
Aguarde nosso próximo lançamento:
Projeto Editorial Banda Lusófona
Projeto Editorial Banda Hispânica
Coordenação Geral: Floriano Martins

bandahispanica@gmail.com
Fortaleza Ceará | Brasil

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Revista Triplov









Revista Triplov de Artes, Religiões e Ciências, publicação lusobrasileira que tem entre os seus editores o nosso mui querido Floriano Martins, uma das preeminentes personalidades da Literatura cearense. Vale a pena conferir o número mais recente da publicação em

http://revista.triplov.com/numero_03/index.html

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Tristeza antiga








Padre Luís Ximenes

Natal lembra a tristeza que eu sentia,
quando Papai Noel com seu desdém,
passava à minha porta e nem sabia
que eu desejava ser feliz também!

E passava direto e oferecia
os seus brinquedos ricos para quem
morava nas mansões da burguesia,
e eu era pobre e louco por um trem...

Hoje, depois de tanto ter vivido,
cabelos brancos, já desiludido,
quando surge dezembro, o mês final,


e vejo aquele velho tão cretino
- toda a minha tristeza de menino
aparece de novo no Natal!

Minha batina

Pe. Luís Ximenes

Deus me proteja para que jamais
Eu tenha a sorte atroz, desventurada,
De trocar por outros ideais,
Minha batina santa e imaculada.

A devoção que te consagro é tanta,
Por ti o meu amor é tão profundo,
Que só por ti abandonei o mundo,
Minha batina imaculada e santa.

E peço a Jesus Cristo todo o dia
E à minha Mão do Céu, Virgem Maria,
Que me conserve sempre a vocação.

Para que sejas pela vida inteira
A minha esposa e minha companheira,
Minha batina do meu coração!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"Pade Ciço é uma pessoa da Santíssima Trindade"






João Mendes de Oliveira



Logo no primeiro dia
Que eu cheguei no Juazêro,
Pegou a chegar Romero
Pra ovi a voz do Messia,
Este Pade é o nosso guia,
É a nossa satisfação,
Consola todo o cristão,
Ensinando o bom camim
E trabaiando aqui sozim,
Garantindo a salvação.

Cumo defensora e guia,
Com um manto de ouro fino,
Rogou a Jesus Menino,
A Santa Virge Maria,
Mãe do rico e sem valia:
- “Jesus Cristo venha cá,
Não prometi pra faltá!
Quando estive em Juazêro,
Salvei a todo Romero
Que veio me visitá.

Eu sou a Virge das Dore,
Cisso é o dono do Sacrário;
A ele dou meu Rosário,
Conheçam bem, pecadôre:
Quem a Cisso respeitá
Ficará com Deus Eterno,
Não consinto ir pro inferno
Quem ouvi Cisso falá!”

O meu Padrim Padre cisso
Protege a qualqué pessoa,
Vem gente até de Alagoa,
De mais longe e de mais perto.
Tudo que ele diz é certo,
Não tem quem prove o contrário!
Bispo, Pade e Missionáro
Vão de encontro a Meu Padrim:
Ele, porém, ta sozim
Na devoção do Rosáro!

Viva o auto da Natureza,
Viva São Miguel Arcanjo,
E viva a Corte dos Anjo,
Viva toda a realeza,
Viva a santa luz acesa,
Viva esta boa semente,
Viva Deus Onipotente,
Viva a cruz da Redenção,
E o Padre Cisso Romão
Viva! Viva eternamente!

Nada mais tenho a dizê.
Sou João Mendes de Olivêra,
Nesta língua brasilêra
Eu nada pude aprendê,
Porém posso conhecê
De tudo quanto é verdade!
Não tenho capacidade,
Mas, sei que não digo à toa:
- Pade Cisso é uma pessoa
Da Santíssima Trindade!...

Ofertório









Eno Teodoro Wanke

Eu teço um canto a Maria
na doce noite me que ponho
presentes feitos de sonho
nos sapatos da Poesia.

Maria, a doce mulher
que nos sugere lembrança
de mão ninando criança
no mais sublime mister.

Maria, mãe sem pecados,
a pura e bela madona,
a mais inocente dona
de tantos apaixonados...

Inspiradora Maria
dos pobres monges poetas
que respiravam nas quietas
celulas medievais, poesia...

Há toda uma sinfonia
na sua presença doce
que tanta beleza trouxe
há dois mil anos: Maria...

Maria, mãe de Jesus,
que nos sugere a lembrança
de mãe ninando criança
ou vendo o filho na cruz...

Natal nordestino









Arievaldo Viana

Natal de todas as cores
Pleno de luz e de graças
Natal de todas as raças
E de todos os sabores
De enfeites multicores
E beleza se reveste
Na praia, sertão, agreste,
Traz a mensagem mais pura
Baseada na CULTURA
E valores do Nordeste.

Natal de benção e de luz
De muitas cores bonitas
De guizos, laços e fitas,
Que toda a graça conduz
Nascimento de Jesus
Que se tornou Deus menino
Sertanejo, nordestino,
Legítimo “cabra da peste”
Na cultura do Nordeste
Natal puro e cristalino.

ILUSTRAÇÃO:
Sávio Araújo
Rua de Apipucos, 1203, 52071-000 Recife-PE
(81) 3268-0686 - (81) 3543-9281
contato@savioaraujo.com.br - vsavioaraujo@ig.com.br

Defesa de tese

O Historiador Ângelo Osmiro Barreto, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço-SBEC, convida os sócios e amigos para a defesa de tese do Professor Lemuel Rodrigues da Silva, subordinada ao tema: “O Discurso Religioso no Processo Migratório para o Caldeirão do Beato José Lourenço”. A defesa será realizada depois de amanhã, dia 18/12/2009, no Auditório de Ciências Sociais, CCHLA da UFRN, às 14 horas.
Desejamos votos de sucesso ao ilustre sócio da SBEC.

Candidato das mulheres, Dr. Alisando Cresce

Otacílio Batista

Vote nesse candidato
Dr. Alisando Cresce
Não precisa de retrato
O mundo inteiro o conhece
Procure no pé do fato
Passe a mão que ele aparece

Esse careca merece
Uma grande votação
Sem ele não haveria
O fruto da produção
É duro, respeita as regras
Aumenta a população

Abraço, beijo e emoção
Lá por dentro realiza
Com apoio das mulheres
Que de chatos não precisa
Com nove meses depois
Novas gerações batiza

Sem gravata na camisa
Sempre modesto demais
Foge de publicidades
Não aparece em jornais
Levanta com o pensamento
Não ataca por detrás

É trabalhador demais
No inverno ou no estio
Escondido e pendurado
Por dentro como pavio
Quando chora é de alegria
Entra cheio e sai vazio

Honesto, forte e sadio
Desportista verdadeiro
Joga bem com duas bolas
Raramente é traiçoeiro
Só faz o gol de cabeça
Cospe a cara do goleiro

Famoso no mundo inteiro
Esse pequenino artista
Vendo mulher se levanta
Cedo ou tarde lhe conquista
Prefere sempre a esquerda
Mas nunca foi comunista

Careca e curto da vista
Tarado que só macaco
Detesta qualquer pessoa
Que anda lhe puxando o saco
Cochila em cima das bolas
Depois que sai do buraco

Dona de marido fraco
Vai fazê-lo deputado
Toda mulher vota nele
Na cabine do pecado
Visita quarto por quarto
Entra seco e sai molhado

Gosta de beco apertado
Ocultamente aparece
Pai de chiqueiro das camas
Toda noite sobe e desce
Careca dos cabeludos
Comandante dos chifrudos
Dr. Alisando Cresce.

Fonte:

Marco Haurélio
Fone: (11) 2769 6252
http://marcohaurelio.blogspot.com/
http://fotolog.terra.com.br/marcohaurelio

domingo, 13 de dezembro de 2009

Bonita e inteligente








Bonita, inteligente e estudiosa. Esta é a Julyeane, poetisa de verso inspirado. Na verve afiada e na inteligência saiu ao pai, o Poeta Rouxinol do Rinaré. Na beleza, nem de longe! Ela é a própria poesia. O Rouxinol precisa caçar inspiração.

Livro de Haroldo Felinto




















O Escritor Haroldo Felinto lançou livro de contos, ontem,sábado, na sede da Associação Cearense de Escritores - ACE. À vista de outros compromissos não pude comparecer ao momentoso evento literário que, aliado às comemorações natalinas de poetas e escritores, dou por vista o tamanho da festa.

Associo-me a quantos foram abraçar o amigo Haroldo.

O Nascimento do Salvador







Barros Alves

Era triste e dorida a madrugada.
Nenhum gesto do tempo, nenhum som
Que pré-anunciasse algo de bom
Naquela estrebaria abandonada...

Não se via andarilho pela estrada
Que levava à cidade de Belém.
Nenhuma alma vivente. Ali, ninguém.
Somente um carpinteiro e sua amada.

E em meio aos animais da estrebaria,
Do ventre puro e excelso de Maria
Surgiu a Luz do Amor, a Claridade...

O mundo se encantou naquele dia,
Hosana nas alturas!, se ouviria.
Nascera o Salvador da Humanidade!

Nasce Jesus!

Moacir Gadelha

Natal! Nasce o Rabi. Chove alegria!...
Clarão do céu aponta: estrebaria...
Humilde berço adorna o nascimento
E os três Reis Magos partem rumo à luz
Levando incenso e prendas a Jesus,
Doando a Cristo santo acolhimento!...

Eis o recém-nascido e Salvador!
- “Caminho e Vida”, símbolo de amor –
Esperança a espargir em tenra idade...
Transbordava de Si a doce paz
A revelar a todos ser capaz
De transformar a Terra em irmandade!...

O Nascimento do Menino






Barros Alves

Se o menino nascesse por agora
Quando mais se desgarra a fera humana,
Quando a raça mais desce e mais piora
Nas veredas da vida mais profana;
Quando em horrores do mundo, sem demora,
E em sôfrega disputa desumana,
Esta fera a si mesma se devora
Cada dia mais louca e mais tirana...
Tão difícil é saber qual o destino
Do que dizem ser Filho do Divino.

Se o menino nascesse no Brasil
No recinto promíscuo da favela,
Onde a vida é mais dura, ingrata e vil,
Onde por pouco ou nada se escalpela,
Onde antes de um ano cem por mil
Vão ter ao cemitério da capela;
Se o menino nascesse no Brasil
A história-mito não seria aquela
Contada sobre o Filho de Maria
Que sendo Deus nasceu na estrebaria.

Se o menino nascesse brasileiro
Nas condições em que nasceu Jesus,
O primogênito do carpinteiro
Não teria morrido numa cruz,
Pois se passado fosse o ao primeiro
Da infância da vida – idade luz –,
É certo que ao segundo e ano terceiro
A possibilidade se reduz,
Porque aqui os infantes dos plebeus
Ou são párias ou “anjos” pigmeus.

Se o Menino nascesse no Nordeste
Rincão de gente pobre e combalida,
Apesar de ser um cabra da peste
Só mesmo sendo Deus para ter vida,
Pois aqui entre nós a fome investe
Contra uma gente humilde e tão sofrida
E a sobrevivência se reveste
Na ingente busca da terra prometida.
Se Cristo houvesse nascido nordestino
Pior teria sido o seu destino.

Se o Menino nascesse neste Chão
Já poderia vir ao mundo aidético,
Sofrer de mal mortal do coração
Ou padecer de um mal qualquer genético,
Poderia morrer de inanição
Ou por falta de tratamento médico
E se escapasse te tanta maldição
Não sei bem se seria um Ser profético.
Eis o fado, o Destino, eis a Sina
Da Divindade, se fosse nordestina.

Se o Menino nascesse no presente
Seria uma criança meio à toa,
Pois logo encontraria pela frente
Engravatados roubando numa boa
E veria que toda sua gente
Só canta o canto que o Maldito entoa...
Mas o Menino fala de repente
E sua comovente voz ecoa:
- Erra quem diz que Deus é brasileiro,
Ele nasceu nas terras do estrangeiro.

Deus, ó Deus por que não mais queres ver
Tanta injustiça e tanta tirania?
Onde estão teus profetas? Teu poder
Não tem mais tanta força e nem valia?
E teu Filho o que veio aqui fazer,
Se em tua Igreja há tanta hipocrisia?
Tua palavra não tem mais poder?
A multidão nela não mais se fia?
Dela o rico extrai sempre mais fartura,
Para o pobre só fome e vida dura.

Jamais o pobre soube o que é NATAL,
Seu mundo é feito de dor e sofrimento,
Se para o rico é tudo festival,
É riso, é festa e mui contentamento;
Vida de pobre é sempre um funeral
E em nada lembra alegre nascimento...
O sonho é vasto e a esperança tal
Que superam a força do lamento
Porém, no testemunho do real
Bem pouca gente sabe o que é NATAL.

Tarda, amor!











Ana Cristina Souto

Como uma sombra em silêncio
segues cada passo teu;
sinto o mistério do teu perfume
em cada vão momento meu.

Se não posso amar-te,
deixes que tua sombra me persigas
assim, me servirei do teu silêncio
acalentando meu coração outra vez.

Sabe, amor,
lembro dos sonhos que desfiz
à espera do preço por querer-te
tortura infinda...
que por ventura, eu escolhi.

Tarda , amor!
Mas voltes com a tua sombra
para me dar abrigo
e não me deixes acordar dessa quimera
e o sol se cobrirá de amarelo como o outono
desfolhando o passado de nós dois.

OBS: Belo o poema e bela a dona do poema!

Cada um fala do que entende


Cada pessoa fala bem do que mais entende.
Ciro Gomes fala de safadeza política, o que mais se vê nos quadrantes dos governos deste Brasil atual, de sul a norte, sem excluir o comandado pelo seu irmão, Cid Gomes, aqui no Ceará.

Quando li matéria publicada no Jornal o POVO (ed. 12/12/2009), subordinada ao título "Para Ciro, Câmara dos Deputados privilegia safadeza", pensei logo com os meus botões: - O homem que já é um excelente orador deve ter-se excedido falando do que bem entende.

A entrevista comporta algumas observações:

1. DA MATÉRIA
"O deputado federal e pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PSB), transpareceu ontem toda a sua indignação e arrependimento por fazer parte da Câmara de Deputados. Eleito com mais de 667 mil votos, o ex-ministro afirmou que o seu local de trabalho há quase três anos dá privilégio ao analfabetismo e à safadeza."

EU DIGO: Por que o Senhor Ciro Gomes, o mais renitente absenteísta da Câmara dos Deputados, não renuncia ao mandato em vez de ficar falando idiotices e continuar recebendo o polpudo salário sem trabalhar?

Quem se mistura com porcos farelos come.

Aliás, já vi este filme antes. Outro deputado federal, também com passagem pífia na Câmara Baixa do país, disse que na Casa tinha no mínimo 300 picaretas. Quem não lembra disto? Foi até tema de música dos Paralamas do Sucesso. Alguns anos depois o outro boquirroto virou presidente da República e tem como base de apoio parlamentar no Congresso Nacional o que há de mais podre na política brasileira.

No caso de Ciro, do ponto de vista partidário, ele já tem história. É só olhar quem foi a base de apoio ao tempo em que governou o Ceará. O irmão, Cid Gomes, hoje segue o mesmo caminho. A base de apoio do governo dele é uma promiscuidade partidária.

2. CIRO DISSE:
"É algo impressionante. Quanto mais inteligente, menos espaço se tem".
Como exemplo para suas criticas, Ciro citou o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ciente de que a afirmação poderia lhe render um novo processo, o deputado cearense disparou: ``Eu não sei de onde este cara tirou tanto prestígio. Ele é o relator da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), ele é o relator da isenção do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) - de exportação -, ele é o relator dos trambiques que se fazem nas medidas provisórias, ele foi presidente da Comissão de (Constituição e) Justiça. E o que se fala dele não é publicável``, atacou.

EU DIGO:
Ora, macho véi, renuncia!!! Vai lá na tribuna da Câmara, olha nos olhos dos corruptos e diz com todas as letras: - Vocês estão enlameando o Brasil e eu não me misturo. Estou renunciando ao meu mandato que quase um milhão de pessoas me deu e esas pessoas não merecem isto.

Falar para meia dúzia de pessoas numa salinha apertada no Ceará não dá a repercussão que teria a fala de Ciro se feita da tribuna da Câmara dos Deputados. E Ciro não faz isto porque sabe que seria cassado. Ele perde a cabeça, mas não quer perder o polpudo salário... Esta é verdade insofismável, senão já teria renunciado ao mandato.

3. DA MATÉRIA:
"Para Ciro, a situação tem de ser revertida imediatamente. ``É assim que é. Ou a gente muda isso ou o Brasil não aguenta. Tenho dito isso ao Lula: -Olha, com essa base aí, até com você tá dando pra ir. Agora eu não aguento, a Dilma não aguenta, o Serra não aguenta, a Marina não aguenta-``, disse ele, se referindo aos quatro pré-candidatos que devem disputar o comando do Planalto em 2010. Em seguida, profetizou: ``Se a gente não mudar essa equação, está marcada uma crise política pra bem aí, em 2011``."

EU DIGO: Ciro passou todos esses anos de governo Lula caladinho. Em alguns momentos de crise de falta de vergonha e mensalões até calado demais. Agora, mais uma vez candidato, vem com este papo que a maioria ignara engole.

Ciro pensa que todos somos idiotas e que a inteligência superior está apenas com ele!!!

PARA MIM E PARA QUALQUER PESSOA QUE NÃO SEJA OBTUSA ELEGER-SE COM QUASE 700 MIL VOTOS E NADA FAZER NA CÂMARA DOS DEPUTADOS NADA MAIS É DO QUE UMA GRANDE SAFADEZA.

A força do poder e a fraqueza dos partidos

A força de cooptação do poder e a fragilidade dos partidos políticos no Brasil. No Ceará o que se vê é uma verdadeira promiscuidade partidária onde a ideologia foi para os canfundós do Judas.

Leia o pertinente comentário de Érico Firmo em

http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/menupolitico/935972.html

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Presidente Domingos Filho homenageia servidores da AL








Deputado Domingos Filho, Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, homenageou, na manhã de hoje,10/12, doze servidores e servidoras que concluíram Curso de Graduação na Universidade do Parlamento-UNIPACE, em parceria com a Universidade Vale do Acaraú-UVA. Os concludentes escolhidos representaram os demais. Na oportunidade o Presidente Domingos Filho, após cumprimentar cada dos homenageados, falou sobre os muitos projetos que estão sendo desenvolvidos com sucesso pelo Parlamento do Ceará, detendo-se naqueles que visam a transparência do Poder, a interação permanente com a sociedade e, sobretudo, a qualificação dos servidores através da Universidade do Parlamento.

Presidente Domingos Filho entrega kit natalino








O Presidente Domingos Filho entregou a cada servidor um kit natalino composto de agenda, calendário e bloco de notas, em que a cada mês consta foto do homenageado, bem como frase na qual mostra a importância do Curso concluído para a vida e atuação profissional dos servidores do Parlamento cearense.

Assessoria qualificada








Jornalista Sílvia Góes, que empresta seu talento e dedicação à Assesoria de Comunicação da AL, realizando profícuo trabalho não apenas em favor do Parlamento, mas da sociedade cearense, proporcionando a informação rápida e precisa através dos vários instrumentos midiáticos - Rádio, Jornal, Revista e TV - de que dispõe o Poder Legislativo cearense. Na foto com a servidora Lúcia Maria Pires Uchoa, monitora do Memorial Deputado Pontes Neto, da AL.

Assessoria qualificada - II








Dr. Irapuan Aguiar Júnior, Chefe de Gabinete da Presidência da AL, qualificado assessor do Presidente Domingos Filho, que contribue de modo competente e decisivo para o bom desempenho da atual gestão do Parlamento Cearense. Na foto com a servidora Lúcia Maria Pires Uchoa, monitora do Memorial Deputado Pontes Neto, da AL.

Meu pronunciamento













Tive oportunidade de saudar o presidente, enaltecendo, sem favor, suas qualidades de gestor público, seu talento e paixão pela atividade política e seu acendrado amor pelo Parlamento, sustentáculo da democracia representativa. E finalizei meu rápido pronunciamento observando: "Eu amo esta Casa e os amigos e amigas que nela fiz durante trinta anos. Fui, inclusive, presidente da Associação dos Servidores desta Casa. Confesso, no entanto, que em alguns momentos não senti vontade de vir trabalhar. Faltava-me o devido estímulo. Agora, diferentemente, sinto prazer em dedicar-me ao trabalho, em pensar, sentir e viver a Assembleia. Isto graças ao estímulo permanente, esse condão que nos está sendo dado pelo Presidente Domingos Filho".

Servidores posam com o Presidente da AL


Servidores e servidoras concludentes dos Cursos de Gestão em Recursos Humanos e Marketing Organizacional, da UNIPACE/UVA, com o Deputado Domingos Filho, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ladrões que furtam e são enforcados e ladrões que furtam e enforcam

"Vi ontem no Jornal Nacional aqueles abnegados que ocupavam a Câmara do Distrito Federal para protestar contra as safadezas da gangue local. Alguns saíram carregados pela Polícia, verdadeiros heróis da moralidade pública. No mensalão do PT, muitos deles também estavam nas ruas: denunciavam o golpe dos que acusavam o… mensalão do PT!!! Uma gente honesta, coerente, decente. Também vi no JN o deputado petista Paulo Tadeu discursar enérgico: “O governador Arruda está utilizando da máquina pública para impedir que investigações ocorram aqui na Câmara, ou mesmo, em outros setores”. Estava ali um homem de coragem, vivendo o seu grande momento em rede nacional.

Foi uma pena que as câmeras de JN não tenham se dedicado a seguir um pouco mais o herói do dia. Logo mais à noite, ele tinha uma grande festa. Numa casa de eventos de Brasília, o partido estava fazendo uma homenagem a seus ex-presidentes — um motivo sem dúvida nobre. Entre os homenageados, ninguém menos do que José Genoino, presidente do PT na época do mensalão petista, e José Dirceu, apontado como o grande comandante do esquema. E o PT, como a gente sabe, nunca usa a máquina pública para impedir investigações. Está decidido! Meu herói no Distrito Federal, agora, se chama Paulo Tadeu! Ele quer a punição exemplar dos mensaleiros dos outros, mas vai fazer festa para o seus."

Leia o texto na íntegra em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Recrudescimento da violência no Ceará

No Ceará a violência só tem crescido. Para nada estão valendo os carrões do RONDA DA ILUSÃO. Nem valerão se não for valorizado o trabalhador, o policial. Este se mata subordinado a uma escala de serviço sobremodo estressante. E com pífia formação profissional, ganham um salário de miséria.

O Dr. Roberto Monteiro, Secretário de Segurança, é tido por todos como um homem bondoso. Que o seja. Não, porém, para bandidos. Se é tão bom deveria ser designado para a Pasta dos Direitos Humanos ou da Assistência Social. O de que precisamos no comando da Segurança Pública é de pulso firme para arrostar a ousadia da bandidagem.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ciro disposto a defender corrupto







Pra começo de conversa, lembre-se o leitor que o Senhor Ciro Gomes sempre gostou de "excelentes" companhias. Nas fotos, o abraço de Zé Dirceu e o beija-mão a ACM Malvadeza.

Minha mãe já dizia que "quem se mistura com porcos farelos come".

Os protagonistas da corruptocracia abaixo nomeados que o digam...

Veja o que até aqui se sabe a respeito da corrupção praticada pelo ex-governador tucano Eduardo Azeredo:

> "Na tentativa de se reeleger governador, em 1998, o senador Eduardo Azeredo (PSDB) esquematizou uma mecanismo de arrecadação financeira utilizando caixa dois, para viabilizar a sua campanha contra Itamar Franco

> "A campanha de Azeredo arrecadou mais de R$ 100 milhões com verbas desviadas de empresas estatais mineiras. A lavagem de dinheiro se dava por meio de contratos publicitários de fachada feitos com a empresa de Marcos Valério

> "Além de utilizar as verbas para a sua campanha, o esquema beneficiou a candidatura de alguns deputados. Nesse jogo, o atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) recebeu R$ 110 mil para poder garantir sua vaga no congresso nacional. Já Azeredo não conseguiu se reeleger

> "O empresário Marcos Valério, da DNA Propaganda, é o mesmo articulador do mensalão petista. Muitos julgam o esquema mineiro, como um primeiro ensaio do acordão petista que iria ocorrer seis anos depois

> "O caso foi parar no Superior Tribunal Federal (STF), após denúncia do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Na última quinta-feira (3), por cinco votos contra três, o STF aceitou a denúncia e vai abrir processo penal contra Eduardo Azeredo"

Agora veja o que diz o "santinho" Ciro Gomes para agradar o Governador Aécio Neves e movido pelo ódio que destila contra José Serra, Governador de São Paulo:

"O deputado federal Ciro Gomes (PSB), disse ontem, em Cuiabá, que não acredita no envolvimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB) no caso que ficou conhecido como mensalão tucano. ``Juntando a fragilidade das provas apresentadas - o documento citado contra ele é falso - e pelo que conheço de sua vida honesta, ética, tenho segurança que ele não se envolveu de jeito nenhum``, disse acrescentando que estaria disposto a ser testemunha do tucano no processo criminal aberto ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ciro disse ter ficado comovido com o senador, que tem declarado ser inocente. Segundo o deputado, estaria havendo uma confusão entre mensalão e caixa dois. ``A acusação é caixa dois e nela não tem provado a participação do Azeredo``. A denúncia se refere à época em que o tucano foi candidato ao Governo e perdeu. ``Conheço sua seriedade, sua compostura e sei de sua ética``, destacou. Azeredo será julgado pelo STF por suspeita de envolvimento com os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Ciro esteve em Cuiabá participando do lançamento do movimento ``Mato Grosso Muito Mais`` que visa traçar propostas e estratégias do seu partido para as eleições de 2010 no Estado.

O deputado reafirmou que é pré-candidato a presidente em 2010. ``Serei um candidato cordial com Aécio, Marina e Dilma``, disse. Ciro não descartou, contudo, uma eventual candidatura ao Governo do Estado de São Paulo. Segundo ele, a mudança de domicilio eleitoral do Ceará para São Paulo, a pedido de Lula, ``desmontou o castelo de cartas de Serra".

Proezas de um brecheiro e a filha do bicheiro

Arievaldo Viana


Ó leitor deixai de lado
O ingrato D. Pedroso
Que vou falar de um poeta
Engraçado e talentoso
Cordelista festejado
Cartunista premiado
Seu nome é D. Caviloso.

Antigamente, pra trás,
Diria Jota, o Batista,
Caviloso começava
Sua vida de artista
Se entretinha o dia inteiro
Com a filha de um bicheiro
Com ela limpava a vista.

Três banheiros existiam
Na casa dessa safada
Porém ela preferia
Tomar seu banho pelada
No cacimbão do quintal
E a higiene pessoal
Era muito demorada.

Primeiro ela esfregava
O sabonete na bunda
Coitado do Caviloso,
Por isso quase que afunda
Dizendo com muito gosto
Ela é bonita de rosto
E tem dotes de Raimunda!

O caviloso ficou
Com a audição apurada
Ouvindo a lapada d’água
Já saia em disparada
Depressa subia o muro
E ali, de prego duro,
Fazia boa caçada.

Caviloso se escondia
Por trás de uma bananeira
Que o pai dela cortou
Mas ele não fez besteira,
Ia muito preparado
E subia camuflado
Com um galho de goiabeira.

Mas era desconfortável
Por não se sentir seguro
Ele pegou um formão
E fez um pequeno furo
Por onde sempre espiava
Quando a dita se banhava
Peladinha lá no muro.

Feliz com a descoberta
Caviloso, adolescente,
Encontrou-se com um amigo
E deu com a língua no dente
Contou tudo que sabia
Descreveu tudo que via
Do modo mais indecente.

Nos diz a Bíblia Sagrada
Com sua sabedoria
Que é insensato o homem
Que noutro homem confia,
Um adágio sapiente...
Mas Caviloso, inocente,
Dessa máxima não sabia.

Aquele Amigo da Onça
Era muito presepeiro
No mesmo dia encontrou-se
Com o pai dela, um bicheiro
Sem ouvir apelo e rogo
Foi lá na banca de jogo
Levando a força o brecheiro.

Chegando lá foi dizendo
Este sujeito tão fraco
Vez por outra, no seu muro
Faz o papel de macaco
Sua filha vai se banhar
E ele corre pra botar
A cabeça no buraco!

O velho que ouvia mal
Se benzeu fazendo cruz
Pensando que era um palpite
Resolveu dar uma luz
Dizendo: - Não é macaco
Pois cabeça no buraco
Com certeza é AVESTRUZ!

Disse o Amigo da Onça:
- Deixe de ser apressado,
Eu disse que esse menino
Tem o olhar apurado
Enxerga até no escuro
Todo dia, no seu muro,
Ele vê o “bom guardado”.

Disse o velho: - Então já sei
Não precisa se vexar,
Quem tem olhar aguçado,
E enxerga em todo lugar
Sem apurar a retina
É uma ave de rapina
É ÁGUIA, pode jogar!

- Você não está entendendo,
Disse o “da Onça” num esturro,
Caviloso agoniado
Já estava marcando um murro,
O velho vendo esta cena
Disse: - Jogue sem ter pena
Pois com certeza é o BURRO!

- Burro é você, meu amigo,
Deixe de ser tão careta...
Esse rapaz sai voando
Para ver o “cara-preta”
Disse o velho se coçando
Se o menino sai voando
Na certa é a BORBOLETA!

Caviloso transtornado,
Disse: - Desse jeito eu morro
Você, meu melhor amigo,
Não trabalha em meu socorro
Largue de ser tão fuleiro,
Nisso falou o bicheiro:
- Melhor amigo é CACHORRO!

- Meu Deus, que velho teimoso,
Disse o “da Onça” ligeiro,
Que mente mais amarrada,
Vai teimar o dia inteiro...
Porém o velho era fogo
E só pensando no jogo
Disse: - Teimoso é CARNEIRO!

O Zé da Onça achou graça
Disse o velho: - Não se abra!
Nem venha com bodejado...
Diz da Onça: - Abracadabra!
Abre a mente desse velho
Juro pelo Evangelho
Que ele vai falar da CABRA!

- Seu Zé, a sua menina,
Toma banho nua em pelo,
Caviloso está corcunda
De ver esse desmantelo
Cobiçando aquela bunda...
Gritou o velho: - A corcunda
É o enfeite do CAMELO!

Zé da Onça respondeu
É triste a sua manobra,
Pensando em jogo de bicho
Não presta atenção na obra
E o Caviloso, indecente,
Fica alisando a serpente...
Disse o velho: - Vai dar COBRA!

Certo dia Caviloso,
Quando brechava no escuro
Com a cena que avistou
Quase derrubava o muro
Briga de aranha e COBRA
Caviloso viu de sobra
Espiando pelo furo...

Da Onça disse: - O coitado
Tá branco... já foi vermelho,
Está cheio de espinhas
Nem quer se olhar no espelho.
Disse o velho: - Ora mais esta,
Está escrito na testa
Do rapaz que dá COELHO!

Da Onça com a resposta
Do velho teve um abalo,
Disse: - Além da queda, coice!
É de um garanhão que falo...
O velho nada entendendo
Depressa foi respondendo:
- Pode jogar no CAVALO!

Da Onça então falou:
- Esse velho de mim zomba
Aonde é que eu estou
Que não dou na sua tromba,
Velho grosso, ignorante...
Disse o velho: - É ELEFANTE
Agora o banco se arromba!

O Zé da Onça sentiu
Na própria fala um entalo,
Mas disse: - De manhãzinha
O sujeito de quem falo,
Esse cabra sem futuro,
Sobe cantando em seu muro...
Disse o velho: - Vai dar GALO.

Zé da Onça retrucou:
Digo e tenho testemunha
Esse Caviloso é sonso
Dá unhada e esconde a unha...
Gritou o velho insensato:
- Com certeza vai dar GATO
Pode meter sua cunha!

Zé da Onça aborrecido
Já estava perdendo a fé
De revelar o segredo
Mas disse, num finca-pé,
- Agora vou contar tudo,
O Caviloso é queixudo...
Disse o velho: - É JACARÉ!

O delator insistia:
- Seu Zé, me preste atenção,
Senão fico furioso
Irado que só o cão...
Disse o bicheiro veloz:
- Um bicho assim tão feroz
Só pode ser o LEÃO!

Zé da Onça disse: - Agora
Vou tocar num ponto fraco,
Seu Zé isso é palhaçada
De quem gosta de tabaco
Espirra e não faz careta...
Diz o velho: - É uma peta,
Jogue tudo no MACACO!

O delator revoltado
Já queria se zangar,
Dizendo: - Essa porcaria
Eu preciso revelar...
Mas o velho interrompendo
Disse: - Agora estou sabendo
É PORCO,pode jogar!

- Seu Zé, agora me escute
E tire a prova dos nove,
Ele diz que o rabo dela
É muito lindo e comove,
Só pensa no tal rabão...
Responde o velho: - É PAVÃO
Pode jogar dezenove.

- Você fica só rodando
E não gasta o seu tutu...
Diz Zé da Onça: - Meu velho
Quem fica rodando é tu
Igual peru no Natal...
Responde o velho: - Afinal
Jogas pavão ou PERU?

Caviloso então falou:
- Querem arrancar meu couro?
Isso é coisa de chifrudo
Eu lasco o seu cabilouro...
O velho então respondeu:
- Belo palpite este seu,
Como é? Joga no TOURO?

Caviloso revoltado
Dizia pra seu “amigo”:
- Zé da Onça, cale a boca,
Você me bota em perigo!
Seu salto é traiçoeiro...
Responde o velho fagueiro:
É TIGRE, ouça o que eu digo!

Zé da Onça percebeu
Que não havia recurso,
Caviloso reclamava,
- Não escutem esse discurso,
Desse amigo tão falso...
Responde o velho no encalço:
- Amigo falso? Dá URSO!

O bafafá nesse instante
Se tornou mais inflamado,
Zé da Onça aborrecido,
Dizia: - Velho abestado,
Caviloso vai brechar
E é bom mesmo ele olhar
Prova que não é VEADO.

O velho não entendia
Pois tinha a memória fraca,
Caviloso já estava
Prestes a puxar a vaca
E Zé da Onça revendo
O caso saiu dizendo:
- Sua menina é uma VACA!

Zé da Onça retirou-se
Depois daquela porfia
Jogou dez contos na vaca
Porém não teve alegria
Quando rodou a roleta
Nem vaca, nem borboleta,
Deu foi ZEBRA, nesse dia!

A história chega ao fim
E assim terminou o jogo
V imos um vil delator
A lheio a apelo e rogo
L esar o seu próprio amigo
D epois comentar consigo:
O bicho é Cancão de Fogo.

Caetano Veloso: Um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.









Antonio Barreto

Eu já estava estressado
Temendo até por vingança.
Meus alunos na escola
Leitores da ‘cordelança’
E a galera em geral
Sempre a me fazer cobrança.

Todo mundo me acusando
De cordelista medroso
Omisso, conservador
Educador preguiçoso
Por não me pronunciar
Sobre Caetano Veloso.

Logo eu, trabalhador,
Um pouco alfabetizado
Baiano de Santa Bárbara
Sertanejo antenado
Acima de tudo um forte...
E por que ficar calado?

Resolvi tomar coragem
E entrei logo em ação.
Fui dialogar com o povo
E colher a opinião
Se Caetano está correto
Ou merece punição.

Lápis e papel na mão
Comecei a anotar
Tudo em versos de cordel
Da cultura popular
A respeito de Caetano
Conforme vou relatar.

— Artista santo-amarense
Amante da burguesia
Esse baiano arrogante
Cheio de filobostia
Discrimina o presidente
Esbanjando ironia.


— Caro artista prepotente
Tenha mais discernimento.
Seja um Chico Buarque
Seja Milton Nascimento
Seja a luz do Raul Seixas
Deixe de ser rabugento.

— O Caetano deveria
Ser modesto e mais gentil
Porém o seu narcisismo
Que não é nada sutil
Faz dele um homem frustrado
Por ser bem menor que Gil.

— Seu comportamento vil
É algo de outra vida
Ele insiste em muitos erros
Não cura sua ferida
Por isso sua falação
É de alma involuída.

— Caetano é um arrogante
Partidário da exclusão
O que ele fez com Lula
Faz com qualquer cidadão
Sobretudo gente humilde
Que não tem diplomação.

— Por que este cidadão
( o Caetano escleroso )
Não criticou Figueiredo
Presidente desastroso ?
Além de aproveitador
O Caetano é medroso.

— Esse Cae que ora vejo
Não representa a Bahia.
Ser o chefe da Nação
Esse invejoso queria
Mas a sua paranóia
Pouco a pouco lhe atrofia.

— Já pensou se o Caetano
Fosse então educador ?!
“Mataria” os seus alunos
Pela falta de pudor
Pela discriminação
Pelo brio de ditador.


— Ele não leu Marcos Bagno
Pois é leitor displicente.
Seu preconceito lingüístico
Contra o nosso presidente
Discrimina Santo Amaro
Terra de Assis Valente.

— Ele ofende até os mortos:
Paulo Freire, Gonzagão
Patativa do Assaré
O Catulo da Paixão
Ivone Lara, Cartola
Pixinguinha, Jamelão...

— Caetano é um imbecil
Da ditadura um amante.
Um artista egocêntrico
Decadente ambulante
Se julga intelectual
Mas é mesmo arrogante.

— A Bahia está de luto
Diante da piração
Desse artista rabugento
Que adora a exclusão,
Vaca profana, ególatra
Que quer chamar a atenção.

— Vai de reto, Caetanaz
Pega o Menino do Rio
Garoto alfabetizado
Que te provoca arrepio.
Esse sim, não é grosseiro
Nem cafona pro teu cio.

— Um burguês reacionário
Que odeia a pobreza.
Ele não gosta de negro
E só vive na moleza.
Sempre foi um lambe-botas
Do Toninho Malvadeza.

— Vou atender meu cachorro
Pois é algo salutar
Muito mais que prazeroso
Que parar pra escutar
O Caetano elitista
Que começa a definhar.


— Certamente o Caetano
Esqueceu do Gardenal.
Bem na hora da entrevista
Lá se foi o bom astral
Desandou no Estadão
Dando um show de besteiral !


— Caetano ‘Cardoso’ segue
Sempre a favor do “vento”
Por entre fotos e nomes
Sem lenço nem argumento
Vivendo só do passado,
Cada vez mais ciumento.

— Eu respeito a sua arte
Mas preciso declarar
Que quando não tá na mídia
Cae começa a atacar
Sobre tudo as pessoas
De origem popular.

— O Caetano gosta mesmo
É de gente diplomada:
Serra, Aécio, Jereissati,
Toda tribo elitizada...
Bajulou FHC
Que fez muita trapalhada.

— O Caetano discrimina
Pois está enciumado.
Na verdade, o nosso Lula
É um homem educado.
Um nordestino sensível
Muito mais que antenado.

— Dona Canô, com 100 anos
Não perdeu a lucidez.
Mas seu filho Caetano
Ficou pirado de vez
Transformando-se num “cara”
De profunda insensatez.

— Ofendeu Marina Silva
— Através do Silogismo
Mistura de Lula e Obama
Logo quer dizer racismo:
Mulher cafona, grosseira
Analfabeta – que abismo!

Adoro Mabel Veloso,
Betânia, dona Canô...
Para toda essa família
Meu carinho, meu alô.
Mas o mestre Caetanaz
Já está borocoxô!

É proibido proibir
O cordelista versar
Pois conforme disse Cae
“Gente é para brilhar”.
Então permita ao poeta
Liberdade de pensar.

Brasileiros, brasileiras
A Bahia está de luto.
Racistas em nossa terra
Radicalmente eu refuto.
Estamos envergonhados,
Todos fomos humilhados
Oh Caetano ‘involuto’.

Salvador, triste primavera de 2009

Antônio Barreto é natural de Santa Bárbara-Ba.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Oração da propina









Cuíca da Asa Sul

I
Valei-me Nossa Senhora
Do Reino da Pedra Fina,
Tanta meia recheada
Com o níquel da fedentina!
No pisotear da grana,
Reza em coro a ratazana
A Oração da Propina.

II
São Leonardo Imprudente,
Orai até não ter jeito,
Entupa a roupa de notas,
Os pés esquerdo e direito,
E, se não couber na meia,
Peça a Santa Eurides Feia
Pra socar no meio dos peitos.

III
São Benedito Domingos,
Vá chamar Santo Odilon,
Que São Brunelli já foi
Se fartar do que é bom,
Diga a Santa Eurides Brito
Que movimente o cambito
E me empreste o califon.

IV
Me proteja, São Durval,
De tudo quanto é torpeza,
Filme o pântano distrital
(Peixe grande e miudeza),
Tore o podre na raiz:
Desde os tempos de Roriz
Que é grande a safadeza.

V
Santo Benício Tavares,
Que não pode nem andar
Mas tem duas mãos muito ágeis
Para o dinheiro pegar,
Num barco agarrou sem dó
Uma índia caiapó,
Deus me livre de ir lá!

VI
Orai, santos distritais,
rogai pelos penitentes:
São Roriz e São Arruda,
São PO e São Valente,
Tenham piedade do povo.
Viva São Pedro do Ovo,
Que bota o ovo na gente!

VII
Que o Santo Rogério Ulisses,
Lá de São Sebastião,
Fale com São Maciel
Pra me emprestar R$ 1 milhão
Que veio de Santa Cristina,
Uma santa muita fina,
Protetora de ladrão.

VIII
E se eu fosse São Arruda
Não largaria a questão:
Não foi ele quem inventou
Esse tal de mensalão.
Faz tempo que as empresas
Vivem nessa safadeza,
Mantendo a corrupção.

IX
Mensalão já teve em Minas
E no plano federal,
No Rio Grande do Sul
E até no Pantanal.
Mais rasteiro que o chão,
Só faltava o mensalão
Do Governo Distrital.

X
Santo Omézio, São Lamoglia
E Santo Roberto Giffoni,
Que os anjos toquem trombetas
Em mais de mil microfones
E mandem neste Natal
Pra cada lar distrital
Uma festa de panetones!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Arruda para combater o azar

Moreira de Acopiara

Nosso velho Brasil requer ajuda,
Pois tem muito bandido nessa praça.
Outra vez vi José Roberto Arruda,
Esse incréu, esse truste, essa desgraça,
Comandando em Brasília uma quadrilha.
Essa corja nos rouba, nos humilha,
Faz a gente de besta, de imbecil.
Esse Arruda, de Serra ia ser vice,
Mas caiu na fraqueza, fez tolice,
Será menos um DEMO no Brasil.

Para quem não se lembra, vou dizer
Quem é esse José Roberto Arruda.
Serei breve, pra não me aborrecer
Ainda mais, nessa vida tão sisuda.
Não faz muito esse traste foi flagrado
Violando um painel lá no Senado
Pra saber quem foi quem votou em quem.
ACM, outro traste da Bahia,
Nessa fraude foi sua companhia,
Muita gente se lembra muito bem.

Ia mal o governo FHC,
Que já tinha comprado uns deputados,
E esse Arruda, no PSDB,
Era mais um dos grandes aliados.
Questionado, negou. Mas levou vaia.
Aliou-se ao larápio Sérgio Naia,
Mentiu muito. Mas, pra não ser cassado,
Foi de novo à tribuna, confessou,
Fez teatro, chorou, renunciou,
Pra sair candidato a deputado.

Elegeu-se também Arruda para
Governar o Distrito Federal.
A memória do povo é coisa rara,
E não diferencia o bem do mal.
Veja a tal de Ieda lá no Sul!
Lá, debaixo daquele céu azul,
Tem da mídia local a proteção.
Pinta e borda, nos chama de imbecis...
Rouba e mente! E o meu pobre País
Cada dia acoberta mais ladrão.

No passado tivemos mensalão,
Doações de carrões, grana em cueca,
Malas cheias andando de avião...
E essa fonte eu não sei se um dia seca.
Esse escândalo que agora se repete
Envergonha, chateia, compromete,
Mostra a fragilidade do sistema.
Esses DEMOS vestidos de pastores
Furtam, mentem, maltratam os eleitores...
E ninguém bota um fim nesse problema.

Na TV vimos cenas muito feias
Envolvendo dinheiro de propina,
Que encheu bolsas enormes, encheu meias,
Mais os bolsos das aves de rapina.
Deputados que são remunerados
Muito para serem aliados,
Dos munícipes, e serem defensores
São flagrados botando a mão na massa.
Do meu canto imagino o que se passa
De obsceno naqueles bastidores.

Moreira de Acopiara
Rua dos Jasmins, 148, casa 2
09950-460 Diadema/ SP
(11) 4072-2749 / 9201-7961

Contra o Arruda, arruda na orelha
















Raimundo Nonato da Silva

O José Roberto Arruda
Pego com a mão na massa
Seria o vice de Serra,
Que é uma outra desgraça
Se a coisa continuar
Vai faltar DEMO na praça.

Arruda pra quem não lembra
É aquele que foi flagrado
Com o canalha ACM
No episódio lembrado
Por todos como a fraude
Do tal "painel do senado”.

Ele na época era líder
Do governo FHC
Que comprou os deputados
Para se reeleger
Renunciou entre prantos
Pra ninguém o prender.

Era o P S D B
O seu partido de então,
Parceiro de Sérgio Naia
E outros éticos de então
Foi para o P F L
Recebeu uma promoção.

Saiu na revista Veja
Nas tais páginas amarelas
Mas para sair ali
Desembolsa a bagatela
De 400 mil mangos
Pra revista “Zé ruela”.

Explico: ele comprou
Sem qualquer licitação
400 mil da Abril
E daí a rasgação
De seda da tal revista
Para o político ladrão.

Agora o tal Arruda
Esperneia, baba, mija
Só porque foi apanhado
Com a boca na botija
Aponta pra José Serra
Diz: Careca não se aflija.

José Serra que também
Não é flor pra se cheirar
Haja vista o Roubo-Anel,
No povão a desabar
E o buraco do metrô
Sobre o qual não quer falar.

Não esqueça Yeda Crusius,
A raposa lá do sul
Protegida pela mídia
Que enxerga tudo azul
Enquanto o Rio Grande afunda
Num asqueroso Paul.

Arruda já prometeu
Dizer tudo o que ele sabe
Já disse que enviou
Bufunfa para o Kassab
E que o Roberto Freire
Disso também não se gabe.

No Distrito Federal
Diretora de uma empresa
Acusa Augusto Carvalho
De tomar parte em torpeza
Secretário de saúde
Do PPS é certeza.

Segundo essa diretora,
O montante desviado
Em parte a Roberto Freire
Era na hora enviado.
Grana do propinoduto
Por Arruda instalado.

O tal Durval que está
Até o pescoço imerso
Já responde na justiça
A mais de trinta processos
É o grande articulador
De um esquema tão perverso.

Cadê Agripino Maia
Refugo da ditadura?
Cadê Heráclito Fortes
Tão hedionda figura?
É o boca de sovaco
A mais feia criatura.

Esse Heráclito é chegado
Também a fazer trambique
Por funcionária fantasma
No seu gabinete chique
Tinha a filha do déspota
Maior, o Fernando Henrique.

Agora o caldo entornou
Mesmo com a mídia comprada
Arruda será cassado
E com arma disparada
Levará para o abismo
Toda a quadrilha montada.

Roberto Freire, Zé Serra
Heráclito e Agripino
Kassab e outras moléstias
Terão o mesmo destino
E o Brasil ficará livre
Desse grupo tão ferino.

Três mulheres no divã de Freud


Ontem à noite compareci ao lançamento do livro ``Três Mulheres no Divã de Freud``, obra escrita a quatro mãos. Assina o trabalho literário de ficção em prosa a jornalista Adísia Sá e o psiquiatra Cleto Pontes. O livro focaliza aspectos relacionais de três extraordinárias personagens literárias do século 19 - Capitu, de Machado de Assis; Ema Bovary, de Gustave Flaubert; e Ana Karênina, de Tolstói - mulheres que se deixaram apaixonar perdidamente e arrostaram todos os preconceitos de uma sociedade extremamente conservdora. Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, é a quarta personagem da trama. Ele é chamado a socorrer as três mulheres de seus dilemas existenciais. Trata-se, pois, de uma inovadora releitura ficcional de personagens famosas da literatura universal.O lançamento do livro foi no Centro Cultural Oboé. Na foto, a Professora Adísia autografa para mim um exemplar da obra.

Se um dia eu morrer

Leandro Gomes de Barros



Desde já previno aos parentes
Por acaso, se um dia eu falecer,
Fique tudo calado como um coco
Nem um “mal empregado” hão de dizer.

Ataúde, se alguém quiser fazer,
Não precisa de madeira delicada,
Eu prefiro as tábuas das vasilhas
Que se bota aguardente imaculada.

Ladainhas e ofícios isso eu não quero
Água benta no cadáver, nem um tico!
Antes quero uma freira ainda moça
Junto a mim cantando o mangerico.

No enterro também não quero frade
E cuidado não vá lá um “nova-seita”
A ordem de frei bode é conhecida
Onde vai a desgraça fica feita.

De responso e orações eu não preciso
Muita reza bota o defunto a pique
Se puderem, cavem minha sepultura
Num engenho onde tenha um alambique.

A mortalha que preciso levo mesmo
Esta roupa com que ando aqui vestido,
Uma garrafa de cana na algibeira
Quero mesmo chegar no céu roído.

Sobre Leandro Gomes de Barros

Arievaldo Viana

Desde ontem venho relendo "O trovador do Nordeste", coletânea de poemas lançada por Athayde em 1937, com o apoio do escritor Waldemar Valente.

Postei duas notas no meu fotolog: www.fotolog.terra.com.br/cordelnaescola

Uma sobre "O ESTUDANTE QUE SE VENDEU AO DIABO", escrita por Bráulio Tavares.
E uma outra sobre "O TROVADOR DO NORDESTE", escrita por mim e Marco Haurelio.

Por favor, dêem uma olhada.... VISITEM, E COMENTEM!

Eis o teor da segunda postagem...



Leandro x Athayde





É impossível ler "O TROVADOR DO NORDESTE", a antologia de poemas atribuídos a Athayde e lançada em 1937, com notas e comentários de Waldemar Valente, sem ficar chocado com a desfaçatez de ambos. Certamente usaram de má fé, pois Leandro havia falecido há menos de 20 anos e seu nome ainda era muito lembrado, apesar das tentativas de seu editor de varrer o seu nome do cenário. Para começo de conversa, o primeiro poema enfeixado nessa coletânea é justamente “O boi misterioso”, uma das obras mais famosas de Leandro, da qual ele fez uma edição inicial em quatro folhetos diferentes. Para começo de conversa, Athayde e seu colaborador suprimiram completamente o acróstico do “Boi Misterioso”. Nas edições em folheto, Athayde costumava adulterá-lo. Vejamos a versão original, publicada por Leandro:



Lá inda hoje se vê

Em noites de trovoadas

A vaca misteriosa

Naquelas duas estradas

Duas mulheres falando

Rangendo os dentes e chorando

Onde as cenas foram dadas.



Versão publicada por Athayde:



Inda hoje lá se vê

Em noites de trovoadas,

A vaca misteriosa

Naquelas duas estradas

Duas mulheres chorando

Onde as cenas foram dadas.



Foi coisa pensada, medida e bem calculada. Os defensores de Athayde costumam louvar seus pendores literários, afirmando que o mesmo era dado a leitura dos grandes poetas de seu tempo. Se ele tinha realmente essa intimidade com as letras e o mundo editorial, deveria saber muito bem que é crime publicar coisa alheia como sua... Na verdade, o que Athayde pretendia ao publicar “O trovador do Nordeste” era atrair para si os aplausos de folcloristas renomados como Gustavo Barroso, Câmara Cascudo, Leonardo Mota e outros, que publicaram ou citaram folhetos de Leandro sem lhe creditar autoria. Queria ocupar o posto de "primeiro sem segundo", que sempre pertencera a seu mestre. Às vezes, como a maioria dos pesquisadores, eu me sinto tentado a reabilitar Athayde, entender a sua posição, ressaltar a sua enorme importância para o mundo do cordel. Se não fosse por ele, certamente a literatura de folhetos não teria sobrevivido por tanto tempo e com a força que chegou aos nossos dias. Muitos dos clássicos atuais da poesia popular teriam se extraviado, se perdido na poeira do tempo, se não fossem as sucessivas e expressivas edições feitas pelo velho poeta-editor de Ingá do Bacamarte. Ele conhecia bem as regras do mercado editorial, soube manter e ampliar a rede de agentes criada por Leandro, soube dar oportunidade a novos autores, mas sempre agindo como os “amarelinhos” das histórias dos folhetos – o João Grilo, o Malazartes, o Cancão de Fogo. Sempre querendo levar vantagem sobre os demais. Por isso é que toda vez que leio o "Trovador do Nordeste" me convenço que Athayde jamais agiu dessa maneira por ingenuidade, desinformação ou desejo de preservar a sua “propriedade literária”. Para isso bastava colocar seu nome como Editor Proprietário, como sempre fez, mantendo o nome do autor e respeitando os acrósticos no final do poema. E começo a lembrar das suas declarações para Orígenes Lessa, publicadas no opúsculo “A voz dos poetas”. A entrevista de Athayde foi um verdadeiro festival de “patacoadas”. De lorotas que ele, de tanto repetir, parecia acreditar. Além de usurpador, Athayde me parece ter sido um mentiroso contumaz.



A esse respeito, acho oportuno reproduzir alguns comentários do poeta Marco Haurélio, um dos mais atilados pesquisadores da poesia popular na atualidade, postados no blog Cordel na Escola (www.fotolog.terra.com.br/cordelnaescola):



"Ouvi do veteraníssimo poeta e editor piauiense João Vicente da Silva á afirmação de que Delarme é o verdadeiro autor de O ESCRAVO GREGO. Aliás, ele se referia a Delarme como "um menino que trabalhava para Athayde". Hoje, sabe-se que O PRÍNCIPE OSCAR E A RAINHA DAS ÁGUAS, atribuído ao editor José Bernardo da Silva, é da lavra do - este sim - grande poeta Manoel Camilo dos Santos.


A antologia organizada por Mário Souto Maior para a Biblioteca de Cordel, da Hedra, é, de longe, a mais descuidada da coleção. O depoimento de Valdemar Valente é, para dizer o mínimo, insensato. Com provas capitais da autoria de Leandro existentes, ele insiste em atribuir a Athayde a paternidade destes títulos, sem qualquer critério que se apoie numa pesquisa séria.


Aliás, os folcloristas precisam abandonar o terreno da literatura de cordel, deixando-o para ser explorado pelos estudiosos da literatura. Os folcloristas deveriam se contentar em analisar as obras calcadas na tradição popular.


O falecido Mário Souto Maior, grande folclorista, sempre se equivocou quando se meteu a comentar a literatura de cordel. Mesmo Câmara Cascudo cometeu erros crassos, que seriam resolvidos com o acréscimo de uma nota de rodapé. "



E, prossegue o Marco Haurélio, em comentário posterior:



“A nota de Waldemar Valente é emblemática em mais de um sentido. Athayde, mesmo sabendo quem era o autor, apoiou e se beneficiou dessa contrafação.

O caso de adulteração do acróstico final nesta obra deixa mais clara a atitude condenável do poeta-editor. Átila Almeida defende o autor de A PÉROLA SAGRADA, sob a infundada alegação de proteção da propriedade literária. E que isso era prática comum. Pelo que vemos dos folhetos editados por Leandro e, depois por Pedro Batista, nas duas primeiras décadas do século XX, não era. João José da Silva, da Luzeiro do Norte, por exemplo, que manteve viva a tradição do cordel lançando novos autores e publicando outros consagrados, como Zé Camelo, apesar de omitir o nome do autor na capa e, algumas vezes, até no frontispício, mantinha o acróstico inalterado. A Guajarina de Belém do Pará conservava o nome do autor na capa, até mesmo nos cordéis pirateados (!).

A Luzeiro, a mais caluniada de todas as casas publicadoras, apesar de algumas omissões e deslizes, além da indicação da autoria na capa, inseriu os dados biográficos básicos.

Athayde foi um grande poeta. Tenho pedido ao Klévisson Viana (da Editora Tupynanquim) que reedite clássicos como A PÉROLA SAGRADA, O FANTASMA DO CASTELO e O SEGREDO DA PRINCESA, que não merecem o confinamento a que estão relegadas.

Mas, para o bem da nossa poesia popular, é preciso que os pesquisadores atuais comecem a tratar o cordel como manifestação literária, e não como uma criação folclórica, tendo por bases estudos pioneiros, interessantíssimos mas ultrapassados. Quando isso acontecer, parte da injustiça de que foram vítimas Leandro e outros poetas será reparada.”