quinta-feira, 29 de junho de 2017

A REGRA DO JOGO



Barros Alves

O lulocomunopetismo é especialista em impingir à população um discurso grávido de sofismas. Nessa incansável militância arrimada na farsa e na desfaçatez vem engambelando o povo brasileiro ao longo dos últimos 13 (número cabalístico maldito!!!) anos. A mística do Lula líder não passa de uma combinação do pseudo-líder que cavalga demagogia sem fim com a ignorância política de substancial parte dos eleitores. Resultado palpável: a  crença no farsante mergulhou o Brasil numa das mais deploráveis crises éticas no corpo político que detém poder e mando nesta República sem futuro.
Por agora, o discurso dos desesperados é dizer que o golpista Michel Temer é um antidemocrata porque nomeou para chefe da Procuradoria Geral da República. Em primeiro lugar, o vice que se tornou presidente com o maciço voto dos petistas em duas eleições é, pelo andar da carruagem, um discípulo diplomado do chefe da organização criminosa que institucionalizou a corrupção no Brasil, o senhor Luís Inácio Lula da Silva. Em segundo lugar, existe uma claríssima regra do jogo para a nomeação do procurador geral da República, qual seja a de que o chefe da nação nomeia um entre os três. Quem participou do jogo sabe perfeitamente da regra e a aceitou. Nomear o mais votado nem é dogma e não existe nenhuma “tradição” firmada porque os governos Lula/Dilma nomearam o primeiro da lista, pelo simples fato de que uma tradição não se estabelece em dez anos de uso e/ou costume. Muito menos um direito consuetudinário. O discurso lulocomunopetista neste como noutros casos similares não passa de exercício de apelação demagógica.
Por final, lembre-se que a alta cúpula do petismo está submetida a dezenas de inquéritos e ações penais, sendo o senhor Lula, “capo tutti capi” da organização criminosa pentarréu. Nunca antes na história desse País um partido político teve tantas lideranças acusadas de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiros públicos, formação de quadrilha etc. Três tesoureiros do PT estão sob investigação, inquérito, submetidos a ação penal e preso, caso do Vaccari. De modo que soa por demais falacioso o discurso sobre a imprescindibilidade de valores éticos na política, exaustivamente pronunciado pelas lideranças a ele ligadas, na tentativa de retornarem ao poder. Corruptos no governo jamais! Nem os de hoje, nem os de ontem. E nem os de amanhã. A política, como dizia Rui Barbosa, não é o jogo da intriga, da inveja, da corrupção; mas, o ato de administrar os negócios públicos na busca do bem-estar do povo. A forma governativa contrária aos legítimos interesses da população não constitui a política no sentido pleno do termo, mas deteriora-se na politiquice que rima bem com canalhice.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

PATATIVA, SUASSUNA E A ESQUERDA

Barros Alves

Patativa do Assaré, rapsodo do povo, foi incensado e também explorado pela esquerda, que o espoliou e se apropriou da produção poética do velho bardo para propagandear a ideologia vermelha, como se o poeta fosse um comunista militante. É certo que Patativa denunciou com naturalidade e talento as mazelas que infelicitam o povo nordestino. Todavia, mercê de sua ingenuidade política, tornou-se uma presa fácil dos “intelectuais” de esquerda e virou inocente útil de manhosos marxistas nem tão vermelhos, posto que atualmente estão mais para róseos, pois bem rosados de empanturrarem-se com as burras do poder. O que os comunas normalmente escondem é que o Homero sertanejo desancou o comunismo ao tempo em que a experiência socialista na falecida URSS parecia apontar para o paraíso aqui na terra. Tudo engodo e ludíbrio. As “Glosas Sobre o Comunismo”, que escreveu na década de 1940, constituem  verdade insofismável que só não permanece intacta porque o comunismo soviético escafedeu-se.
Ao versejar tendo como fio condutor vários motes, o poeta desenvolve seu tema em 20 estrofes bem metrificadas, das quais recolho as que seguem: “Será muito natural/ Nossa pátria entrar em guerra/ Se chegar em nossa terra/ O comunismo fatal,/ Do sertão à capital/ Nosso povo varonil/ Há de pegar no fuzil/ Em defesa da nação,/ Que esta cruel sujeição/ Não queremos no Brasil.”/// “O Deão como ilegal/ Esta tal política apóia,/ Mas é  cavalo de Tróia/ O comunismo fatal./ Deus nos livre deste mal/ Debaixo do céu de anil/ O Deão com seu ardil/ Espalhou grande reclame/ Mas este sistema infame/ Não queremos no Brasil.” E mais à frente verseja: “Tudo que é baixo, ruim,/ Corruptor, depravado,/ É querido e apoiado/ Na doutrina de Lenin./ O pundonor levou fim/ Morreu a santa verdade/ Prenderam a liberdade/ No xadrez da escravidão,/ Porque no seu coração/ Só reina imoralidade.” E finaliza o folheto de cordel com um acróstico (as primeiras letras de cada verso formam o nome do autor): “Por ter alguma noção/ A ninguém peço perdão/ Tenho sobrada razão/ Aqui narrei a verdade/ Tudo em quantos versos fiz/ Ildefonso Albano diz:/ Viva, pois, nosso país, A terra da liberdade!”
Também o escritor Ariano Suassuna, figura emblemática da intelectualidade  nordestina, foi fisgado pela propaganda empreendida pelos comunas. Suassuna nunca foi comunista. Era tão-somente um democrata que por amizade com Miguel Arraes, líder dos socialistas, foi homenageado com a presidência de honra do Partido Socialista Brasileiro-PSB. Suassuna deixou claro sua posição político ideológica em artigo que escreveu em 10 de novembro de 1971, quando era membro do Conselho Nacional de Cultura, em pleno regime militar. Tal escrito foi republicado na Revista PERMANÊNCIA, por ocasião do 75º aniversário do filósofo católico Gustavo Corção (cf. http://permanencia.org.br/drupal/node/69). Ali, Suassuna escreveu sem meias palavras: “Em política eu sou monarquista (...) Não sou marxista, nem acho que possamos colaborar com os marxistas, porque os próprios marxistas são sectários, duros, impiedosos, e só fazem se aproveitar dos moços, dos ingênuos e idealistas, para depois traí-los e esmagá-los.” O que se há de lamentar é que necessidade ou vaidade tenham feito que ambos, Patativa e Suassuna, tenham se deixado levar pelo assédio dos comunas.

EQUÍVOCOS NAS REDES SOCIAIS



Barros Alves

As redes sociais, febre deste mundo grávido de tecnologias comunicacionais em mutação permanente, estão infestadas de grupos de relacionamento que discutem até o sexo dos anjos. De par com a multipluralidade dos temas abordados, não faltam invencionices, mentiras cabeludas, fraudes intelectuais, plágios. Textos sensaborosos, incipientes, desconexos, às vezes estúpidos, outros de pieguice indeglutível são atribuídos a respeitáveis nomes da literatura brasileira e estrangeira. Todavia, este tipo de engodo não surgiu agora. Atualmente as redes sociais apenas têm a capacidade da divulgação meteórica.
            Um caso singular ocorre com o poema “No Caminho, com Maiacóvski”, de autoria do poeta Eduardo Alves da Costa. Um excerto desse belo poema, escrito em 1964, corre mundo em versões variadas, recebendo autoria diversa. Ora como sendo da lavra do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht, ora do poeta e teólogo Rubem Alves, ora publicado anonimamente. Esse poema foi publicado numa edição com o selo da Editora Nova Fronteira, 1985, pág. 49. É formado por seis estrofes em que se contam oitenta e sete versos livres. Os versos pinçados pelos estelionatários autorais constam da segunda estrofe (versos 13 a 27), que transcrevo: “Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor/ do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem:/ pisam as flores,/ matam nosso cão,/ e não dizemos nada./ Até que um dia,/ o mais frágil deles/ entra sozinho em nossa casa/ rouba-nos a luz, e,/ conhecendo nosso medo,/ arranca-nos a voz da garganta./ E já não podemos dizer nada.” Belo poema que está para além das adaptações disseminadas pelos desinformados que navegam  na internet.
            Por falar em navegação, outro gato que se compra por lebre é a frase “navergar é preciso, viver não é preciso”, que uns atribuem ao poeta português Fernando Pessoa; outros pensam ser do compositor Caetano Veloso, que a canta em uma de suas músicas intitulada “Argonautas”, havendo ainda os mais desinformados que creditam a referida frase ao cantor Raimundo Fagner, que interpretou a canção de Caetano. Na verdade, consoante a precisa informação do escritor Paulo Rónai (cf. “Não Perca seu Latim”, 5ª edição, Ed.Nova Fronteira, 1980, pág. 115), a frase em questão foi pronunciada pelo General Pompeu (“Navigare necesse est, vivere  non necesse”), esta, aliás, já sendo uma tradução do grego. Pompeu (106-48 a. C.) a pronunciou em resposta aos marinheiros que o queriam dissuadir de embarcar durante uma tempestade, segundo conta Plutarco em “A Vida de Pompeu”.
Lembre-se, por oportuno, o texto em que o poeta Fernando Pessoa cita a frase, deixando claro que não é criação dele: “Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: ‘Navegar é preciso, viver não é preciso.’ Quero para mim o espírito dessa frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário; o que é necessário é criar”. (Palavras de Pórtico em “O Eu Profundo e Outros Eus”). Portanto,para esses posts de redes sociais em que tanto se falseia a verdade, valem os últimos versos do poema “No Caminho,com Maiacóvski” aqui antes referenciado: “Mas dentro de mim,/ com a potência de um milhão de vozes,/ o coração grita: - MENTIRA!”