segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A DESCONSTRUÇÃO DO PT



Barros Alves

O título em epígrafe poderia ser “A autodesmoralização do PT”, posto que é correto afirmar que a desconstrução do PT foi uma realização autofágica ditada pelos atos moral e eticamente escabrosos que preeminentes personalidades do partido praticaram ao longo dos últimos 12 anos em que estiveram no poder da República. Lembre-se, por necessário e pertinente, que não foram personagens menores da hierarquia partidária do petismo que desviaram-se da boa conduta que deve ter um agente público. Lideranças expressivas, a partir dos comandantes-em-chefe da tropa lulocomunopetista, estão sendo acusados dos piores desatinos éticos cometidos quando se assenhorearam da máquina de governo. Zé Dirceu, o todo-poderoso ministro do primeiro governo Lula, “herói do povo brasileiro” na visão moralmente gangrenada de alguns petistas, curte merecida cadeia por meter a mão nos dinheiros públicos. O líder-mor, Lula da Silva, está encalacrado como réu em pelo menos dois processos.
O PT desmilinguiu-se nas eleições do último domingo. Não conseguiu eleger um só prefeito entre os que disputavam o segundo turno. Dos mais de seiscentos dirigentes municipais que tinha eleito em 2012, a sigla encolheu para 254, tendo eleito apenas prefeito de capital o postulante da minúscula e inexpressiva Macapá, capital do Amapá. O PT plantou sua própria desgraça ao vender ao povo brasileiro uma ilusão, assentado não numa mitologia política que gramscianamente estimulou o logro em vez da luta pelos sagrados ideais que devem nortear a justa ambição das gerações vocacionadas para a atividade político-partidária. O PT, ao longo de sua existência, de 1980 a esta parte, impingiu à nação um discurso fundado no engodo, no ludíbrio, na mentira, em postulados assentados em bases que incentivavam o desrespeito à lei, fundando-se em denúncias vazias e caluniosas contra adversários ideológicos, em dissimulação e escamoteamento de realidades, escorado numa leitura completamente equivocada dos anseios e possibilidades do povo brasileiro.
Por tudo o que de pior exemplo representa a ação petista nas duas últimas décadas, há de causar espécie o fato de pessoas presumivelmente bem formadas e informadas ainda insistirem numa “teoria da conspiração”, na tentativa de argumentar, por exemplo, que as instituições da República como o Ministério Público, a Polícia Federal e o próprio Judiciário, muito bem representado neste quesito pelo juiz Sérgio Moro, são meros perseguidores de lideranças petistas no afã de destruir o partido. Ninguém quer destruir o PT. O PT apenas cometeu suicídio moral. O povo o enterrou no último pleito.