Barros
Alves
O
título em epígrafe poderia ser “A autodesmoralização do PT”, posto que é correto
afirmar que a desconstrução do PT foi uma realização autofágica ditada pelos
atos moral e eticamente escabrosos que preeminentes personalidades do partido
praticaram ao longo dos últimos 12 anos em que estiveram no poder da República.
Lembre-se, por necessário e pertinente, que não foram personagens menores da
hierarquia partidária do petismo que desviaram-se da boa conduta que deve ter
um agente público. Lideranças expressivas, a partir dos comandantes-em-chefe da
tropa lulocomunopetista, estão sendo acusados dos piores desatinos éticos
cometidos quando se assenhorearam da máquina de governo. Zé Dirceu, o todo-poderoso
ministro do primeiro governo Lula, “herói do povo brasileiro” na visão moralmente
gangrenada de alguns petistas, curte merecida cadeia por meter a mão nos
dinheiros públicos. O líder-mor, Lula da Silva, está encalacrado como réu em
pelo menos dois processos.
O
PT desmilinguiu-se nas eleições do último domingo. Não conseguiu eleger um só
prefeito entre os que disputavam o segundo turno. Dos mais de seiscentos
dirigentes municipais que tinha eleito em 2012, a sigla encolheu para 254,
tendo eleito apenas prefeito de capital o postulante da minúscula e inexpressiva
Macapá, capital do Amapá. O PT plantou sua própria desgraça ao vender ao povo
brasileiro uma ilusão, assentado não numa mitologia política que gramscianamente
estimulou o logro em vez da luta pelos sagrados ideais que devem nortear a
justa ambição das gerações vocacionadas para a atividade político-partidária. O
PT, ao longo de sua existência, de 1980 a esta parte, impingiu à nação um
discurso fundado no engodo, no ludíbrio, na mentira, em postulados assentados
em bases que incentivavam o desrespeito à lei, fundando-se em denúncias vazias
e caluniosas contra adversários ideológicos, em dissimulação e escamoteamento
de realidades, escorado numa leitura completamente equivocada dos anseios e
possibilidades do povo brasileiro.
Por
tudo o que de pior exemplo representa a ação petista nas duas últimas décadas,
há de causar espécie o fato de pessoas presumivelmente bem formadas e informadas
ainda insistirem numa “teoria da conspiração”, na tentativa de argumentar, por
exemplo, que as instituições da República como o Ministério Público, a Polícia
Federal e o próprio Judiciário, muito bem representado neste quesito pelo juiz
Sérgio Moro, são meros perseguidores de lideranças petistas no afã de destruir
o partido. Ninguém quer destruir o PT. O PT apenas cometeu suicídio moral. O
povo o enterrou no último pleito.
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