sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Crivado de balas

Todos vimos o tiroteio no Rio de Janeiro, retrato de um Brasil crivado de balas que operações policiais fortuitas não resolverão o problema. Antes de subir aos morros com bacamarteiros, o Estado deve impôr sua presença com educação de qualidade, levando em conta os princípios cristãos de nossa formação cultural, condição sine qua non nada será resolvido.

Por agora, vale lembrar o poema CRÔNICA POLICIAL 3, de Affonso Romano de Sant'Anna, qu está no livro QUE PAÍS É ESTE? Ei-lo:

"Há uma batalha em plena rua
e o governo não sabe.

Inaugura estradas, deita fala,
sem ver que as rodovias
estão cheias de eleitores mortos.

- E seu discurso crivado de balas.

"Nós era seis..."

O olho do sol está que é um olho de dragão a vomitar fogo sobre o nosso sertão. Mesmo aqui em Fortaleza,capital do Estado, o calor está abrasador e não se tem notícia de que a estação chuvosa seja das melhores.

Melhor ir rezando para São José, porque quem tem os olhos fundos bota-os para chorar cedo.

A lembrança de outras estiagens põ na ordem do dia o depoimento de um matuto ao Jornal O POVO, em 1958: "Nós era seis. De fome morremos todos. Só escapemos eu..."

A republicana e o rabugento

Vejam a atitude serena e cordial adotada pela governadora tucana Yeda Crusius ao receber o futuro governador petista Taso Genro para apresentar-lhe o Palácio Piratini, reformado, onde despachará o governador.

Educação política não faz mal a ninguém. Os petistas é que nunca entenderam isto.

Aliás, seguem o exemplo do seu líder, Lula, que mais uma vez tripudiou sobre seu adversário derrotado, o senador cearense Tasso Jereissati. Todavia, a fala de rabugenta de Lula se diminui alguém, com certeza não é o adversário que ele insiste em criticar.

Histrião

Mais uma do histriônico projeto de ditador da Venezuela, Hugo Chavez. Cancelou o visto do futuro embaixador dos Estados Unidos no país que governa. Os governantes dos EUA com certeza estão remendo de medo da fanfarronice bolivariana e vão perder o sono.

O paraíso cubano

Os jornais de hoje publicam que o paraíso cubano está tirando da cesta básica que fornece à população, o sabão, o creme dental e o detergente. Esses produtos, esmola do paraíso socialista, a partir de agora serão vendidos a 25 pesos, o equivalente a cerca de 1 dólar e 13 centavos. O governo daquele "paraíso" já havia cortado batata e cigarros da dita cesta.

É o processo de morte da ditadura que vem infelicitando a ilha-prisão de Fidel Castro durante meio século.

Besteirol

Nunca antes neste país um presidente da República, ao se preparar para deixar o cargo, verbalizou tanta besteira.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Muitas felicidades em 2011

A todos os meus queridos leitores o meu mais sincero abraço neste final de ano e os votos de que o próximo seja bem melhor do que o 2010.

Prosperidade, fortuna e saúde possam coroar uma existência de paz no ano que se inicia depois de amanhã, sem esquecer que os tempos não mudam. Mudam os sees humanos e as vontades.

Que Deus nos dê vontade e disposição para sermos bons e coragem para sermos justos em 2011.

Juntos arrostaremos o mal e não pactuaremos com o silêncio dos bons.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cascata para uns, "cascata" para outros

A Câmara dos Deputados aprova uma aumento salarial de 63% para os próprios deputados. Membros do Supremo Tribunal Federal, senadores, deputados federais e presidente da República recebem um presente de Papai Noel de fazer inveja. O polpudo aumento salarial vai alcançar todos os parlamentares do Brasil. É o chamado efeito cascata.

A tal efeito só não chega ao bolso dos trabalhadores comuns. Para eles é só "cascata"!!!

Que cordel?

Há um monte de gente por aí se fazendo de poeta de cordel. Tudo uma baboseira. Há pouco vi pela TV Justiça um jovem juiz nomear como poesia de cordel amontoado de versos pés-quebrados que ele recitou.

Definitivamente, esse pessoal não sabe o que é Poesia de Cordel.

Até quando, Lula?

Até quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva abusará de nossa paciência com este seu lenga-lenga de intermináveis despedidas?

Nunca antes neste país se confundiu tanto o público com o privado. Talvez esta situação seja o problema que afeta a relação de Lula com o poder. Ele não está conwseguindo se desgrudar do Planalto. Aproveita cada solenidade para se despedir, mas paradoxalmente, nsiste em reafirmar que não está dizendo adeus, mas até logo.

Com efeito, Lula introjetou a figura do pai. E nestes casos meio esquizofrênicos, só Freud pode explicar.

Ademais, já estamos de saco cheio de pais da pátria.

É o caso de se dizer com o grande Cícero: - Quosque tandem, Lula, abutere patientia nostra?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Começa discussão sobre comando da organização católica TFP

O julgamento que vai decidir sobre o controle da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) começou com vantagem para os fundadores da entidade. O ministro João Otávio de Noronha, relator do caso na Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deu voto favorável à pretensão do grupo de fundadores, que disputa o comando da TFP com uma ala dissidente majoritária.

Após o voto do relator, o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Luis Felipe Salomão. Ainda não há data prevista para que a questão seja retomada.

Criada nos anos 60 sob a liderança de Plinio Corrêa de Oliveira, a TFP teve destacada atuação na propaganda contra o comunismo durante o regime militar. Após a morte do líder, em 1995, passou a viver disputas internas que culminaram na chegada ao poder de um grupo que se opunha à diretoria, dominada até então pelos sócios-fundadores – os únicos que detinham poder de voto, segundo o estatuto original da entidade.

Os dissidentes – ligados a outra organização católica tradicionalista, a Arautos do Evangelho – entraram na Justiça, em 1997, pedindo a declaração de nulidade do estatuto da TFP, para que o direito de voto fosse estendido a não fundadores. Perderam na primeira instância, mas ganharam no Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2001. O processo se arrastou de recurso em recurso, até que, em 2003, os dissidentes obtiveram da Justiça a execução provisória da decisão que lhes era favorável.

Com o apoio de associados mais jovens, a ala dissidente promoveu alterações estatutárias e conseguiu dominar a TFP. Os antigos dirigentes recorreram ao STJ. Além do uso do nome e dos símbolos da TFP, a disputa envolve o controle das contribuições financeiras que ela recebe de seus colaboradores.

Nulidade

Segundo o ministro João Otávio de Noronha, todo o processo – com mais de 7.400 páginas, sem contar os 24 volumes de apensos – poderia ser anulado, porque a controvérsia atinge interesses pessoais dos fundadores e eles não foram citados desde o início, só entrando na ação mais tarde, como assistentes litisconsorciais – as partes, até então, eram apenas a TFP, pessoa jurídica, e o grupo dissidente.

No entanto, o relator afirmou que deixaria de declarar a nulidade do processo porque isso iria prejudicar a parte que, no mérito, segundo seu entendimento, é a que tem razão. Após discorrer por três horas sobre as questões jurídicas levantadas, inclusive sobre a liberdade de organização, o ministro concluiu que “o direito de voto não é direito essencial dos associados, de modo que é possível atribuí-lo a apenas uma ou algumas categorias de associados”.

“A interferência dos poderes públicos na economia interna das associações de fins ideológicos”, continuou o ministro, “deve ser o mais restrita possível. Não vejo razão jurídica para negar-lhes a liberdade de estipular os direitos e deveres de associados na forma que melhor atenda aos fins ideológicos que perseguem, facultando ao estatuto estabelecer vantagens especiais para alguns dos seus membros e mesmo classe ou classes de associados sem direito a voto.” (http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=99039)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pacto pela cultura

Recebi um e-mail com um abaixo-assinado, o qual trata de "Um pacto pela Cultura no Estado do Ceará". Se o documento for entregue ao governador e no Palácio Iracema tiver alguém ligeiramente alfabetizado, vai haver um certo desconforto na leitura do texto. Passei apenas uma vista no dito cujo e, de logo, me deparei com pelo menos cinco erros de gramática e de estilo.

Assim não dá, né?

Ainda bem que no Palácio Iracema dificilmente encontraremos quem saiba o que está lendo, porque o pessoal lá só sabe ler livro-caixa e documentos licitatórios.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sete perguntas chatas sobre a ação no Rio de Janeiro

Sem querer ser desmancha-prazeres, gostaria de fazer algumas perguntas:

1 – Será que os traficantes acharam que poderiam incendiar carros em Ipanema e Copacabana sem provocar uma reação do Estado? Não acredito que exista alguém tão ingênuo. A velocidade e de reação aos atos “terroristas”, bem como sua magnitude, não dão a impressão de que o movimento já estava sendo planejado há tempos, talvez só faltasse um motivo?
2 – Alguém acredita que os traficantes foram para a zona sul pôr fogo em carros em protesto contra as UPPs? Seria muita burrice do tráfico (que de burro tem muito pouco). Além disso, as UPPs estão implantadas há mais de ano, porque a demora a reagir? Esses ataques não foram um pretexto muito conveniente?
3 – Quem se lembra que há dois anos o mesmo BOPE tomou a mesma Vila Cruzeiro, hasteando uma bandeira no mesmo alto da favela? Já vimos esse filme?
4 – Sem poder vender para os traficantes do Rio, os fornecedores de droga desistirão do negócio? Em entrevista de 2009 o professor da PUC-MG e ex-secretário-adjunto de segurança Luis Flávio Sapori já atestava ser improvável que as quadrilhas comprassem diretamente de fornecedores no exterior: “[os traficantes são] do varejo. A cocaína que vem de fora ainda é a pasta base. É preciso alguém com capital para transformá-la em pó, em laboratórios clandestinos. Esse atacadista pode vender para vários varejistas.” Alguém sabe para quem mais eles vendem? O que se está fazendo para evitar a migração maciça da venda para esses outros lugares?
5 – Os traficantes começarão a mandar curriculum? Faz alguns anos que o crime organizado percebeu lucrar mais com “prestação de serviços”, como venda de gás, “gatonet” e transporte clandestino do que com roubos e sequestros, que geram mais barulho, atraem a polícia e prejudicam os negócios. A partir de agora procurarão empregos regulares ou voltarão para a cidade, já que o foco está todo no morro? As autoridades estão pensando nisso?
6 – Agora que correram com os traficantes do morro, quem é que vai correr com os milicianos? Só quem acreditou no aviso inicial do Tropa de Elite 2 (“Este é um filme de ficção”) acha que o problema da criminalidade se divide entre os traficantes bandidos e os policiais mocinhos.
7 – Quem irá prestar os serviços a partir de agora? As milícias só se estabeleceram naqueles territórios pela carência total do Estado. Se continuar faltando infra-estrutura, gás, transporte público, não bastará manter policiamento, porque alguém sempre dá um jeito de vender o que os outros querem comprar.
Não tenho as respostas, mas acho bom perguntar só para lembrar que a situação é muito, muito mesmo, mais complexa do que aparece no bang-bang do noticiário.

Fonte: http://psiquiatriaesociedade.wordpress.com/2010/11/30/sete-perguntas-chatas-sobre-a-acao-no-rio-de-janeiro/

Documentos confidenciais revelam que, para EUA, Itamaraty é adversário

Fernando Rodrigues

Telegramas confidenciais de diplomatas dos EUA indicam que o governo daquele país considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".

Esses mesmos documentos mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty.

Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".

Leia mais em
http://www1.folha.uol.com.br/poder/838185-documentos-confidenciais-revelam-que-para-eua-itamaraty-e-adversario.shtml

Lobato e o racismo












Quem se escandalizou com a posição do Conselho Nacional de Educação, que tentou censurar uma obra de Monteiro Lobato, só porque uma fala de uma das personagens criadas pelo grande escritor sugere preconceito de cor, poderá ter um chilique se lhe for dado ler excerto de uma das centenas de cartas que escreveu ao amigo Godofredo Rangel, contidfas no livro "A Barca de Gleyre". Lobato, deveras encantado com a leitura de Homero, força uma comparação entre o Brasil e a Grécia. E é aí onde a porca torce o rabo se não for bicó.

Tremei patrulheiros politicamente (ou idiotamente) corretos de plantão:

“Que diferença de mundos! Na Grécia, a beleza; aqui a disformidade. Aquiles lá; Quasímodo aqui.” E adiante: Estive uns dias no Rio. Que contra-Grécia é o Rio! O mulatismo dizem que traz dessoramento do caráter. Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis.Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível rua marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, perpassam todas as degenerescências, todas as formas e más formas humanas – todas, menos a normal. Os negros; da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português da maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde” E mais: “Como consertar essa gente? Como sermos gente no concerto dos povos? Que problemas terríveis o pobre negro da África nos criou aqui na sua inconsciente vingança!... Talvez a salvação venha de São Paulo e outras zonas que intensamente se injetam de sangue europeu. Os americanos salvaram-se da mestiçagem com a barreira do preconceito racial. Temos aqui também essa barreira, mas só em certas classes e em certas zonas. No Rio não existe!”. Lobato, tão aplaudido como nacionalista de quatro costados pela esquerda pouco lida, caso estivesse vivo e ousasse escrever hoje um texto semelhante, certamente seria apedrejado pelos mesmos que hoje o aplaudem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Apresentando o livro ATO DE EDUCAR











Transcrevo o discurso que pronunciei por ocasião do lançamento do livro ATO DE EDUCAR, de autoria do Professor Pio Barbosa Neto, no dia 10 do mês fluente, em solenidade realizada no Auditório Murilo Aguiar, da Assembleia Legislativa do Ceará.


"A aceleração das transformações do mundo e da sociedade, das formas de organização social, da tecnologia e meios de comunicação e das estruturas materiais, vem imprimindo mudanças vertiginosas nos modos de construção do conhecimento, do pensar, do agir e dos próprios valores que norteiam a formação do homem no cenário vida hodierna. Essas alterações ocorrem de maneira inaudita tanto em nível de rapidez quanto em profundidade e abalam os contextos sociais e as instituições, aí assomando significativamente a influência determinante nos caminhos da instituição educativa que vem sentindo esses reflexos e vivendo conflitos nunca dantes imaginados.

"Neste cenário, os conhecimentos, os saberes e a própria educação não se configuram mais como um patrimônio exclusivo das instituições escolares. A comunidade dispõe de diferentes meios e modelos para apreender e produzir conhecimento científico, cultural etc. Aí estão, por exemplo, à disposição de todos, as imensas e fantásticas possibilidades apresentadas pelas redes multimídias que a cada dia e de forma meteórica virtualizam a vida e estreitam relações entre culturas as mais díspares.

A inexorabilidade desse fato social, se por um lado propicia-nos um conjunto de estruturas que permitem o desenvolvimento de ações e reflexões potencialmente favoráveis ao crescimento espiritual, por outro deixam-nos à mercê de uma liberdade que coloca o homem diante de uma situação kafkiana em que as astúcias do cotidiano criam táticas desviacionistas, para lembrar Michel de Certeau, as quais em vez de lhe conquistar para o empreendimento utópico de uma sociedade solidária, ao contrário empurra-o a mais das vezes para uma sociedade de solitários, onde a multidão que cerca o indivíduo não passa de uma invenção amorfa de pseudo-homogeneidade social.

"Essa situação nos remete à angústia do filósofo espanhol Ortega y Gasset, que há muito já identificava que “o homem está hoje, lá dentro de si, espantado precisamente pela consciência de sua principal ilimitação. E, por acaso, isso contribui para que ele não saiba, agora, quem é – porque ao achar-se, em princípio, capaz de ser tudo o que imaginar, já não sabe o que efetivamente é”. Esse o preço que o homem paga por se ter tornado uma espécie de homo tecnologicus. Não que o progresso da técnica invalide a caminhada da humanidade ao Olimpo das supremas descobertas. Mas, porque a sua capacidade de descoberta – insisto no pensamento de Gasset – “em princípio ilimitada, faz com que o homem esvazie sua vida, posto que vive com fé na técnica e só nela (...) Em si cheia de possibilidades, a técnica é mera forma oca – como a mais formalista lógica - é incapaz de determinar o conteúdo da vida”.

"Daí a importância da educação para a vida, uma educação que preencha os vazios e alargue os mistérios da transcendentalidade no ser humano, que dissemine valores da erternidade do homem pensado por Chesterton, ainda que sejamos humanos, demasiadamente humanos, segundo Nietzsche, aquele que heretica e equivocadamente decretou em sua filosofia desatinada a morte de Deus. Somente arrimados num gesto em que não se olvide a importância da Transcendência, podemos ultrapassar as fronteiras rígidas e enganosas de concepções tidas por humanistas, as quais, no entanto, não passam de armadilhas que a longo prazo levam à aridez do espírito humano.

"Por pertinente, recorro à voz de um dos mais abalizados pensadores católicos de todos os tempos neste país, o Professor Gustavo Corção, tão olvidado quanto injustiçado pelo agnosticismo acadêmico ao longo dos últimos 40 anos. O velho Quixote ultramontano ensina que a educação tecnicista que abominamos não é aquela das máquinas ou dos aparelhos elétricos; não é aquela que permite o gosto e a admiração pelo progresso técnico. O que Corção condena como tecnicismo “é a transplantação dos métodos, do critério e do estilo, que são próprios da técnica, que são a sua coroa, para os domínios da vida moral. É a ilusão de resolver os problemas da vida humana como se resolve um problema de linha de transmissão”. Com efeito, entendo que a imposição de discursos que se fundamentam essencialmente na Ciência sem a Transcendência eiva-se intrinsecamente de natural deficiência.

"Daí, igualmente o catalão Octavio Fullat, partilho a ideia um tanto pessimista, mas bem própria para os dias atuais em que Deus anda distante dos nossos sistemas educacionais, de que “No nosso mundo resulta quase impossível educar. A condição desprivilegiada da educação modificou-se de pronto. Colocar o outro na presença do Ser Supremo é um trabalho de cara para a História e não de costas para o tempo; é um trabalho concreto, não mágico. Conduzir o educando em direção ao Criador, para a plenitude, deve ser uma realização dentro da História.”

"E, peremptoriamente, Fullat assevera com proficiência: “O educador deve ser um descobridor de Deus a quem o coloca adiante; o educador descobrirá Deus (...) O educador cristão que não defenda a individualidade contra o espírito de massa não vive o momento e realiza, por ignorância, uma tarefa nula, porque a mensagem evangélica se dirige à pessoa e não a massas humanas”.

"Eis que a fala do pedagogo catalão conduz-nos à escritura proverbial, a qual no Livro dos livros ensina que “o temor de Deus é o princípio da sabedoria”.
Fullat quer uma educação com a permanente presença do Divino. Assim o aprecio, assim o admiro. E, pelo que conheço do Professor Pio Barbosa Neto, assim também pensa ele, que hoje nos presenteia com este Ato de Educar, uma obra significativa tanto do ponto de vista pedagógico quanto do filosófico, posto que o autor arrimou-se em ampla e qualificada bibliografia para sistematizar um trabalho que desentranha com vigor o verdadeiro papel da educação na sociedade, arrolando pensadores e seus pensares para esclarecer, conscientizar, orientar e edificar.

"Ao lançar ao leitor um panorama analítico e conceitual dos aspectos histórico-sociais da Pedagogia, Pio Barbosa Neto fornece-nos instrumentos para a compreensão de teorias educacionais assimiladas ou não ao longo do tempo, e pragmatizadas em processos de aprendizagem que contribuíram e/ou contribuem para melhorar a vida das pessoas em nosso planeta.

"Quanto a nós, brasileiros, livros iguais a este são muito mais bem-vindos, posto que ainda soa dolorosamente atual a afirmação do grande educador Darcy Ribeiro: “No Brasil, o espantoso é que há uma cegueira generalizada das camadas mais influentes com respeito à nossa realidade educacional. É possível, até, afirmar que uma das características remarcantes da sociedade brasileira é sua resignação com a péssima escola que temos. Ninguém estranha que ela seja tão ineficiente. Ninguém se exalta diante do pouco esforço que ela faz para superar-se”.

"O Professor Teodoro Soares, deputado com assento nesta Casa e igualmente educador de nomeada, eleva sua voz irredenta em defesa desses postulados que visam a melhoria da educação em nosso país. Na condição de ex-reitor de duas universidades e, portanto, profundo conhecedor da constrangedora situação educacional em que vivemos, ele diz: “O povo brasileiro, o nordestino e o cearense chegaram ao limite da tolerância. Um país que se diz e pretende ser democrático, em que todos os cidadãos devem ter os mesmos direitos, não pode permitir que esta situação perdure por muito tempo, sob pena de postergar para o futuro, seu desenvolvimento e bem estar dos seus filhos.”

"Tenho plena certeza de que se Darcy Ribeiro aqui estivesse faria coro comigo: o livro de Pio Barbosa é uma dessas obras que de modo concreto e decisivo constitui precioso contributo para melhorar a educação no Ceará e no Brasil.

"Caríssimo amigo Pio, ao tempo em que lhe dou parabéns pela empreitada, faço-o comovido porque, sabedor do seu talento e disciplina, sei também que este livro resulta de intensa labuta intelectual e, certamente, de um ingente esforço editorial para que o filho dileto viesse à luz.

"A você os meus mais efusivos e sinceros aplausos.
Muito obrigado a todos."

Breve História da Literatura de Cordel










A literatura de cordel, gênero de poesia que nos chegou da Península Ibérica com os portugueses, mas que fincou raízes no Nordeste brasileiro, criando feição própria, ainda encanta multidões. Renovada pela criatividade dos nossos mestres da poesia popular, a literatura de cordel recebe nos dias de hoje tratamento respeitoso pela Academia. Marco Haurélio, poeta e escritor dos mais acreditados nos meios literários, lança pela Editora Claridade um pequeno volume em que intenta contar a história desse gênero poético. O autor discorre com proficiência de mestre sobre a trajetória e as nuances da literatura de cordel ao longo do tempo, desde os seus inícios à modernidade, com suas tradições e adaptações. De fácil leitura, é livro para cabeceira.

Arquitetura ferroviária no Ceará











José Capelo Filho e Lídia Sarmiento, arquitetos, oferecem-nos nesta obra um amplo e inestimável registro gráfico e iconográfico das Estradas de Ferro de Baturité e de Sobral, no Ceará. Um panorama visual e histórico resultante de aprofundada pesquisa compõe a obra editada pela Secretaria de Cultura do Ceará na Coleção Nossa Cultura. Os autores, especialistas renomados, resgatam a história de um empreendimento que contribuiu de maneira extraordinária para o desenvolvimento sócio-econômico do Ceará. Em hipótese, sem as ferrovias, dificilmente o Ceará teria alcançado o desenvolvimento a que chegou no século XX e a desativação delas, na década de 1970/80, constituiu decisão governamental temerária. Esta obra é em si um precioso contributo cultural e renova a crença de que a memória deve ser imprescindivelmente preservada.

O verso outonal de Barros Pinho








A um tempo lírico e telúrico, o Poeta Barros Pinho chega à idade outonal cantando com entusiasmo adolescente os sonhos de todos os tempos que marcam a trajetória de um contemplativo da Beleza. Poeta universal sem abdicar de gestos que expressam as raízes inspiradoras de sua criação poética Barros Pinho dá à lume “70 poemas para orvalhar o outono”, um conjunto de cantares onde espraia o largo olhar de quem harmoniza sentimentos de deleite e de resistência política na busca de desvendar os mistério do viver. BP sabe encantar o cotidiano com a mística do ser que contempla o Belo em todos os momentos da vida e recolhe nos abrolhos, versos grávidos de esperança e amor. Ele, de fato, como este volume de poemas confessa à saciedade, passa a vida sonhando o sonho que quer ter na manhã seguinte, segundo seu próprio verso.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O lulo-comuno-PeTralhismo é assim

Augusto Nunes

Depois do mensalão, o PT fundou a única torcida do mundo que não sabe ganhar
Em vez de festejar a própria vitória, eles preferem celebrar a derrota dos outros. Em vez de confraternizar com os que cumpriram a ordem do chefe e votaram em Dilma Rousseff, preferem errar pela internet à caça dos desobedientes para condená-los à danação eterna. Em vez de sentir-se em casa nos blogs estatizados, preferem ser escorraçados dos espaços que não estão à venda. Em vez de dormir sonhando com os oito anos de Lula, preferem seguir insones com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Eles não sorriem, não se divertem, nunca ficam simplesmente alegres. Não conseguem falar serenamente: urram, uivam, berram. Sobretudo, não compreendem a ironia fina, uma forma superior de inteligência. Porque só sabem viver possessos, os devotos da seita companheira jamais serão felizes. Foi assim antes da eleição de 31 de outubro. E assim tem sido neste novembro.

Como quase todas, a torcida fundada pelo PT depois do mensalão nunca soube perder. Descobriu-se agora que é a única do mundo que também não sabe ganhar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O ovo da serpente não resiste à claridade

Augusto Nunes, jornalista

Num dos intervalos do Roda Viva desta segunda-feira, traindo no rosto crispado a irritação com as perguntas dos jornalistas, o entrevistado olhou para o chão do estúdio e fez o comentário que os espectadores da TV Cultura mereciam ter ouvido:

─ Zé Dirceu… Zé Dirceu… Já tô cansado desse personagem ─ disse a voz em surdina.

Para escapar do castigo merecidíssimo, o mineiro José Dirceu de Oliveira e Silva, nascido em Passa Quatro há 64 anos, resolveu debitar os incontáveis pecados que cometeu na conta de um personagem inventado pela mídia reacionária e pela elite golpista. Chama-se Zé Dirceu, é perseguido desde o berço e, por representar uma grave ameaça ao sistema capitalista, os inimigos fingem não entender que é um inocente.

A dupla identidade é só mais um sintoma de esquizofrenia malandra. José Dirceu de Oliveira e Silva e Zé Dirceu são uma coisa só ─ uma usina de culpas no cartório, que nega ter protagonizado sequer uma contravenção de trânsito com a placidez de estelionatário aposentado. Nega até ter dito o que está registrado em vídeo, como fez quando entrou em pauta, durante o Roda Viva, o episódio da agressão sofrida pelo governador Mário Covas em 1° de junho de 2000.

“Não usei a expressão”, afirmou o entrevistado ao ser convidado a explicar a frase beligerante pronunciada em 25 de maio daquele ano: “Eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”. Com assombroso cinismo, jurou que não disse o que disse. “Não usei a expressão”, garantiu, agarrado à versão de que só pregou a surra nas urnas. O vídeo reproduz a mentira na TV Cultura, o comício em que fez a celebração da violência e imagens do obsceno ataque a Mário Covas, já visivelmente em luta contra o câncer. A agressão ocorreu uma semana depois do discurso de Dirceu.

Respeito a opinião dos leitores que criticam o espaço concedido a tal figura por uma TV pública. Mas discordo veementemente. Como atesta a reação histérica dos devotos do ministro despejado da Casa Civil, é ele o chefe, o símbolo e o heroi das milícias do PT. É preciso mostrar-lhes que jornalistas independentes não temem guerrilheiros de araque. É preciso deixar claro que quem enfrenta uma tropa comandada por Dirceu só corre o risco de morrer de rir.

Se o entrevistado quis usar os holofotes para destacar-se no palco, teve uma péssima ideia. Como informa a reportagem reproduzida na Feira Livre, o governo federal e o PT consideraram desastrosa a aparição do companheiro definitivamente associado ao escândalo do mensalão. O Roda Viva não exibiu o monólogo de um farsante. Documentou um confronto entre a verdade e a mentira. E a verdade sempre prevalece.

O ovo da serpente é chocado nas sombras, longe dos olhos dos ameaçados. Não resiste à claridade. Se não o destroi de imediato, a luz ilumina e identifica o perigo a eliminar.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Santo Padre e os valores da vida












O Papa Bento XVI exortou os prelados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Regional Nordeste V a defenderem os valores da vida. Os bispos foram a Roma para a costumeira visita «AD LIMINA APOSTOLORUM». A fala do Santo Padre descredencia qualquer católico de adotar atitudes que favoreçam, por exemplo, a eleição de pessoas que são a favor da descriminalização do aborto, das drogas etc.

Eis o discurso de Sua Santidade:

Amados Irmãos no Episcopado,

«Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (2 Cor1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. Gaudium et spes, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem,82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. Gaudium et spes 75).

Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17 de setembro de 2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política» (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Partidarização de estatais e dirigismo

Excelente editorial do Jornal O GLOBO

A ida para o segundo turno da candidata oficial, Dilma Rousseff, quando a sua campanha já havia preparado a festa da vitória em Brasília, tornou mais agressivo — ou “assertivo” — o embate nesta fase final das eleições.

Como em 2006, por certo devido à inspiração do principal cabo eleitoral de Dilma, o presidente Lula, coloca-se no centro da mesa o assunto das privatizações empreendidas na Era FH, numa tentativa de apresentar o candidato tucano, José Serra, como vendilhão do “patrimônio do povo brasileiro”.

E, tanto quanto em 2006, o nome da Petrobras anda de boca em boca. Até mais do que em 2006, pois ainda se está durante a aprovação legislativa da conversão do modelo de exploração do pré-sal de um sistema de concessão — exitoso, tanto que permitiu a descoberta da nova fronteira de produção — para o modelo de partilha, mais ao gosto da ideologia estatizante que ampliou espaços no segundo governo Lula.

Mas não estamos em 2006, e, depois de quatro anos de ampliado o aparelhamento da máquina pública, de denúncias de corrupção em estatais, a velha tática ressurge ainda mais caricata.

Deve ter sido grande a frustração do patrono de Dilma ao não ter conseguido, do alto de cerca de 80% de popularidade, transferir os votos necessários para a ex-ministra liquidar as eleições no primeiro turno. Faltou pouco, mas faltou.

A gana do lulopetismo para vencer o pleito a qualquer custo ampliou-se. E assim facetas já expostas da Era Lulopetista ficam mais explícitas.

Não são fatos isolados que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, militante petista de carteirinha, transforme a maior empresa da América Latina em comitê eleitoral de Dilma, enquanto o presidente da Vale, Roger Agnelli, decida falar de maneira aberta o que se sabe há tempos: “Tem muita gente procurando cadeira (a dele).

E normalmente é a turma do PT.” Tem-se, sem subterfúgios, aspectos marcantes do lulopetismo, principalmente na segunda gestão de Lula: a partidarização de estatais e o dirigismo na economia, que sequer respeita a privatizada Vale.

Como a ex-estatal tem, no conjunto de acionistas de peso, fundos de pensão de companhias públicas (Previ/Banco do Brasil e Petros/Petrobras), são desfechadas pressões fortes para que Agnelli coloque dinheiro da empresa — logo, de todos os acionistas — em certos projetos que atendem apenas a interesses de aliados políticos do lulopetismo.

Esses fundos são o braço financeiro bilionário de corporações sindicais, com enorme influência no mundo dos negócios, e, por tabela, nas finanças da política partidária. São arma eficiente no modelo de capitalismo de estado sonhado por viúvas de Geisel que transitam por Brasília.

O uso da Petrobras é conveniente não apenas pelo peso da empresa, mas pelo que representa no imaginário da sociedade. Balela imaginar que venha a ser privatizada algum dia.

O candidato José Serra tem razão quando diz que a Petrobras e tantas outras precisarão ser reestatizadas, pois foram privatizadas por interesses de grupos políticos e corporações variadas.

Um processo pelo qual os Correios, outrora estatal símbolo de eficiência, foram destroçados por esquemas como o montado dentro da companhia por Erenice Guerra e apaniguados de políticos.

Gasta-se um tempo precioso de debates já em si amarrados para discutir um não problema. Serve apenas para dar ideia de como estes grupos lutam para não deixar de usufruir do “patrimônio do povo brasileiro”.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sem medo do passado

Fernando Henrique Cardoso

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas estão o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse: "O Estado sou eu." Lula dirá: "O Brasil sou eu!" Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo o que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote - o governo do PSDB foi "neoliberal" - e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora, os dados... O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobrás, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões, e junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado. Esqueceu-se dos investimentos do Programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao País. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no País.

Esqueceu-se de que o País pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI - com aval de Lula, diga-se - para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo o que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, citado por Adriano Pires no Brasil Econômico de 13/1: "Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela."

O outro alvo da distorção petista se refere à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002 houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram num município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outros 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando numa só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel para a realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa Toda Criança na Escola trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de 7 a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996 eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

(http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100207/not_imp507564,0.php)

Dilma, a cara. De pau!!!

Dilma Roussef é, definitivamente, muito cara de pau. Depois de uma vida dedicada à pregação e à prática marxista leninista, num abrir e fechar d'olhos, de modo escancaradamente oportunista, transformou-se em devota de N. S. Aparecida.

O fato merece apenas uma indagação. Por que a Dona Dilma, que se diz devota de Aparecida desde criancinha, somente depois dos 60 anos é que vai pela primeira vez a uma romaria ao santuário da santa. E às vésperas de uma eleição que não lhe sorri como queriam os lulo-comuno-petistas.

Ademais disto, quem conhece a história ideológica dos que cercam Dilma, sabe muito bem de quem eles são devotos...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Violação da objeção fazem médicos reagir

Daniel Martins, do site do Instituto Plinio Correa de Oliveira

Se o conselho Europeu não atender as reivindicações dos médicos, e estes forem agredidos na sua liberdade de consciência, qual será o próximo passo?

Conforme noticiou a Agência ACI no dia 26 de setembro ultimo, Federações internacionais de renome escreveram carta aberta ao Conselho Europeu contra a violação do direito dos médicos à objeção de consciência face ao aborto.

Os presidentes da Federação Mundial de associações de médicos Católicos, a Federação Internacional de Farmacêuticos Católicos e o Comitê Católico de Enfermeiros dizem que a proposta na prática impede que os médicos se recusem a fazer o aborto, devido a suas convicções religiosas. O projeto será levado à secção plenária em Estrasburgo nos dias 4 e 8 de outobro.

“É inaceitável, ademais, que o pessoal da área de saúde não disposto a não alterar sua defesa do direito à vida sejam discriminados no trabalho, e que sua disposição à objeção de consciência possa converter- se em algo que os impeça exercer sua profissão”.

O que alias já acontece, pois segundo eles, já é muito difícil para um médico católico especializar-se em ginecologia. Segundo eles, isso atenta não só contra o direito dos médicos cristãos, mas também daquelas pacientes que gostariam de ser atendidas por médicos ante-abortistas.

Se o conselho Europeu não atender as reivindicações dos médicos, e estes forem agredidos na sua liberdade de consciência, qual será o próximo passo? Estaremos rumando para a perseguição religiosa?

Apoio do episcopado cubano à manutenção do regime castrista (II)


Dissidentes cubanos denunciam colaboração da Hierarquia católica do país e de líderes populistas latino-americanos com a ditadura e pedem ao Ocidente mais rigor contra o regime marxista

Luis Dufaur, da Revista Catolicismo

Carta a Bento XVI
Em uma omissão dramática, o episcopado cubano não condena o comunismo. Foto, Raúl Castro e o Cardeal Bertone, secretário de Estado de S.S. Bento XVI. Será que essa omissão vai além mar?!

Dramática omissão do episcopado cubano na condenação do comunismo. Foto, o secretário de Estado de S.S. Bento XVI, Cardeal Bertone, e Raúl Castro. Essa omissão vai além mar!?

A dramaticidade das denúncias atingiu um ápice quando os dissidentes enviaram carta a Bento XVI denunciando a cooperação do episcopado cubano com a cruel ditadura castrista.

Assinada por 165 deles (a maioria reside ainda em Cuba) e entregue à Nunciatura Apostólica em Havana, a carta afirma respeitosamente: “Não estamos de acordo com a atitude da hierarquia eclesiástica cubana em sua intervenção quanto aos presos políticos, ela é lamentável e de fato vergonhosa”.

Informa ao Santo Padre que “a situação de repressão, hostilização e detenções arbitrárias recrudesceu”, e como exemplo aponta que o regime proibiu “Reina Luisa Tamayo Dánger, mãe do assassinado Orlando Zapata” de assistir à missa; e que “a hierarquia eclesiástica dessa província foi visitá-la para pedir que fizesse precisamente o que o governo desejava”.

Prossegue a carta: “Respeitamos a solicitude da Igreja para que cesse o ‘bloqueio’, mas, por que ela não pede também publicamente que cesse o embargo que a ditadura aplica pela tirania a todo o povo cubano? Ele permanece há mais de 50 anos, e inclui as liberdades que a Igreja poderia desfrutar”.

As vítimas do comunismo concluem com um premente apelo ao Pontífice: “Poderíamos fazer nesta epístola uma longa lista de pedidos, mas só um é o mais importante: que cesse o apoio político que concedem os representantes de Deus ante os católicos cubanos àqueles que agiram durante meio século como comissários de Satanás na Terra”.(6)

Esquerda católica cúmplice

O Conselho Arquidiocesano de Leigos de Havana respondeu logo a esse apelo, num suplemento digital da revista

Até quando Senhor, permanecerá esse "diálogo"? Veja está denúncia feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira no livro "Acordo com o regime comunista - Para a Igreja, esperança ou autodemolição?" Clique na foto e veja o livro.

“Espacio Laical”.(7) Trata-se de uma revista toda voltada para o “diálogo” com o regime comunista. O bloqueio marxista da Internet e da imprensa escrita em Cuba parece não atingi-la, e ela reagiu de modo nada dialogante contra os signatários da carta ao Papa.

O órgão arquidiocesano qualificou a carta de “grosseira simplificação da realidade cubana”, e acusou-a de obedecer à “política do ódio” que separa “bons e maus”, e de ter sido redigida fora de Cuba para servir de “combustível para deslegitimar o atual processo” de cooperação entre o regime marxista e o episcopado.

Tal posição não poderia atender melhor às conveniências da ditadura. Esta precisava de uma condenação aos dissidentes oriunda de ambientes católicos, e para isso prestou-se submissamente o órgão arquidiocesano de Havana.

Contudo, é inegável que a algazarra midiática sobre a cooperação Igreja-Estado em Cuba recebeu uma ducha de água fria. O cardeal Ortega saiu do noticiário e Fidel Castro passou a tratar de outros assuntos colaterais a essa polêmica crucial.

Até o momento da conclusão deste artigo, não se tinha notícia de uma resposta da Santa Sé aos aflitos signatários da carta.

Uma nova utopia?

A importância simbólica de Cuba supera suas dimensões geográficas. Na fantasia das esquerdas brasileiras e latino-americanas em geral, Cuba faz as vezes de posto avançado de uma utopia para a qual rumam as inclinações socialistas do PT e as tendências profundas da esquerda católica, como as representadas pela Teologia da Libertação.

Uma degringolada, ou mesmo uma transformação controlada do comunismo cubano com a introdução de alguns elementos capitalistas, deixará sem “pólo ideológico” tais esquerdas. Isso seria um golpe duríssimo para elas, que enfrentam sérias resistências no continente e já amargaram significativos reveses nos últimos anos.

Basta mencionar o frustrado golpe de Zelaya em Honduras, as sucessivas derrotas das FARC, as vitórias eleitorais da direita na Colômbia e a derrota do socialismo no Chile. Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa estão cada vez mais silenciosos. No sentido oposto, o Peru progride e se inclina para a direita, liberando a economia dos empecilhos representados por leis socialistas.

O que podemos esperar dessa coalisão?!

Neste delicado contexto, um editorial de “O Globo”, com o título Acelera-se o relógio da ruína cubana, acena com a possibilidade de que “décadas acumuladas de repressão podem explodir de uma hora a outra, levando a um banho de sangue, se as forças de segurança continuarem fiéis aos irmãos Castro”.(8)

O jornal observa o óbvio: caso isso aconteça, terá chegado a hora dos EUA. E a opinião pública norte-americana – acrescentamos nós – não só se inclina para a direita, mas vê crescer internamente uma poderosa extrema direita sob o rótulo Tea Party.

O que restará então para as esquerdas? Muito curiosamente, esta pergunta me veio à mente enquanto folheava o caderno “Gazeta Russa”, que surpreendentemente o jornal “O Estado de S. Paulo” começou a publicar – uma publicação que visa familiarizar o leitor brasileiro com os rumos adotados pela ex-URSS, agora governada com mão de ferro por uma cúpula formada na escola da sinistra KGB dos tempos do marxismo-leninismo…

6.http://blogsdecuba.impela.net/2010/08/carta-abierta-al-papa-benedicto-xvi-3/.

7. http://www.espaciolaical.org/contens/esp/sd_110.pdf.

8. “O Globo”, Rio, 15-9-10.

Apoio do episcopado cubano à manutenção do regime castrista (I)


Dissidentes cubanos denunciam colaboração da Hierarquia católica do país e de líderes populistas latino-americanos com a ditadura e pedem ao Ocidente mais rigor contra o regime marxista

Luis Dufaur, da Revista Catolicismo

Raúl Castro cumprimentando o cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, e D. Dionísio García, arcebispo de Santiago de Cuba

“Ratos e baratas, água a cada três dias, comida podre, autoflagelação e excrementos pelo chão” – esse foi o ambiente que os ex-presos políticos de Cuba, agora exilados na Espanha, enfrentaram durante sete anos nos presídios da ilha. “Éramos totalmente saudáveis, mas saímos de lá cheios de problemas”, declarou Júlio César Rodríguez.(1)

O estado das prisões é um indicador da miséria que o socialismo impôs.

A economia “solidária” e “participativa” já nem sustenta o sistema de racionamento de alimentos e produtos de higiene. Os comedores (restaurantes) públicos deixaram de fornecer 3,5 milhões de parcos almoços por dia para funcionários do Partido Comunista.

A Reforma Agrária há muito privou a ilha de alimentos suficientes.As colheitas de açúcar e tabaco — outrora grandes matérias-primas de exportação — caíram a níveis inferiores aos de várias décadas atrás.

Cuba sobrevivia com a receita do turismo europeu e americano, porém a crise econômica afastou os turistas. HugoChávez completava o raquítico orçamento com petróleo, mas a socializada Venezuela também não consegue alimentar seus cidadãos, e depende dos envios que o presidente Lula prometeu para que o ditador venezuelano consiga manter-se no poder.

O Brasil fornecia milhões de dólares em investimentos de infra-estrutura, mas os especialistas brasileiros em Reforma Agrária não ensinaram nada que os cubanos não conhecessem à perfeição: não trabalhar, não colher, não produzir e não comer…

Fidel Castro saiu de sua reclusão hospitalar para dizer a “The Atlantic”, revista da esquerda americana: “O modelo cubano já não funciona nem para nós”.(2) A surpresa foi grande, e o “líder máximo” esboçou um desmentido nada convincente.

Pouco depois Raul Castro anunciou a demissão de 500.000 funcionários públicos no decurso de seis meses, mas não esclareceu como poderão manter-se depois disso os ex-funcionários públicos, quando se sabe que é praticamente inexistente a iniciativa privada que poderia admiti-los.

A ajuda dos EUA e da União Européia é questão de vida ou morte para o regime. Mas este não quer renunciar à utopia comunista. Como fazer então?

Denúncia dos exilados

Uma velha fórmula foi tentada: Havana exilou presos políticos em troca do fim de embargos econômicos, além do envio de produtos de sobrevivência — coisa absolutamente decisiva.

Quem seria o avalista da permuta de presos por alimentos? O cardeal Jaime Ortega Alamino, arcebispo de Havana e presidente da Conferência Episcopal Cubana, preenchia as condições indispensáveis para isso: o regime confia nele, e sua figura de alto representante da Igreja Católica tornava a operação deglutível pela opinião pública ocidental. Foi assim que o cardeal Ortega esteve no centro das combinações.

Chegada dos exilados cubanos à Espanha

Porém, aconteceu algo inesperado: os exilados denunciaram o comércio humano de que se sentiam objeto; declararam publicamente que o fim do bloqueio só serviria para perpetuar a ditadura comunista; imploraram aos EUA e à UE para não levantá-lo e, pelo contrário, serem bem mais exigentes com a ditadura castrista.(3) “Peço à União Européia que não abandone a posição comum. [...] Não pode ser abandonada, porque Cuba não deu sinais de mudança”, afirmou o dissidente Normando Hernández ante o Parlamento Europeu.(4)

As corajosas vítimas do comunismo denunciaram também a cumplicidade de líderes populistas latino-americanos com o esquema de repressão e morte que impera na ilha. Em particular, o dissidente Omar Rodríguez verberou a conduta do presidente Lula: “Quando ocorreu a tragédia com Orlando Zapata [dissidente morto em greve de fome pouco antes de Lula chegar a Cuba], o presidente brasileiro apertava as mãos de Fidel e Raul Castro. Ele não intercedeu, não fez nada para salvar a vida de Orlando Zapata. Isso significa que ele se aliou ao crime, e não à justiça”.(5)

________

Notas:

1. “Folha de S. Paulo”, 16-7-10.

2. http://www.theatlantic.com/international/archive/2010/09/fidel-cuban-model-doesnt-even-work-for-us-anymore/62602/.

3. “El Mundo”, Madri, 13-9-10.

4. Id., ibid.

5. http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/em-coletiva-dissidentes-dizem-que-havia-ratos-em-suas-celas-e-voltam-a-criticar-lula.

Lula e a liberdade de Imprensa

A acusação do presidente da República de que a Imprensa "se comporta como um partido político" é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre "se comportar como um partido político" e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.

Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.

Efetivamente, não bastasse o embuste do "nunca antes", agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.

Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.

Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: "Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?" Este é o mal a evitar.

Texto publicado na seção "Notas e Informações" da edição de 26/09/2010 do Jornal O Estado de São Paulo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Uma república sem sentido


Vejo que não estou no caminho errado quando defendo o sistema parlamentarista monárquico de governo. Agora, mais do que nunca, a monarquia moderna, parlamentarista e democrática é um regime que merece a mais entusiástica defesa moral. São as monarquias modernas (Japão, Inglaterra, Espanha, Suécia, Dinamarca, Noruega etc etc etc)as nações confiáveis econômica e politicamente.

E a notícia que merece atenta analogia mais dá razão aos que somos defensores da monarquia parlamentarista. Vejam:

"38.000.000 (trinta e oito milhões) de libras, o equivalente a 100 milhões de reais, é o quanto a Rainha Elizabeth II recebe por ano do Tesouro inglês. Em 2006 a monarca permitiu que as despesas da família real passassem a ser controladas pelo governo, que pode até suspender os repasses anuais" (VEJA, 29/09/2010).

AGORA VEJAM A BOMBA E COMPAREM:

"Nos oito anos do governo Lula, a estrutura da Presidência da República mais do que dobrou seu orçamento, que passou de R$ 3,7 bilhões no final do governo FHC para R$ 8,3 bilhões.

O aumento das verbas reflete o inchaço da estrutura diretamente vinculada ao presidente. Houve significativa multiplicação de cargos, segundo a Folha de S.Paulo, com correspondente crescimento de poder. O quadro de pessoal é 250% maior hoje.

No gabinete presidencial, de acordo com a distribuição das verbas orçamentárias, está o núcleo do poder no governo Lula. Faz parte dessa estrutura, por exemplo, a Casa Civil, ocupada até recentemente pela candidata à Presidência Dilma Rousseff.

A Presidência também concentra atualmente as verbas de publicidade oficial, sob a gestão direta da Secretaria de Comunicação Social. Antes, essas verbas eram distribuídas entre os ministérios."

Quer dizer, um país rico, de primeiro mundo, estável política e economicamente, gasta com o seu chefe de Estado 100 milhões de reais. Enquanto isto, o Brasil, pobre, engatinhando em busca de ter um lugar ao sol no contexto das grandes nações, governado por um analfabeto com mania de grandeza, que vive mentindo para a sociedade e enganando a massa ignara com migalhas e bolsas-esmolas, gasta uma centena de vezes mais para manter um obtuso na presidência desta pátria amada.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Manifesto em defesa da liberdade de Imprensa


O jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, discursa no ato público em defesa da liberdade de Imprensa


Juristas que marcaram sua trajetória na luta pela preservação dos valores fundamentais lançaram ontem nas Arcadas do Largo de São Francisco, em São Paulo, o Manifesto em Defesa da Democracia, com críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O palco para o ato público foi o mesmo onde, há 33 anos, o jurista Goffredo da Silva Telles leu a Carta aos Brasileiros, contra a tirania dos generais.

O agravo em 43 linhas condena o presidente Lula, que, na reta final da campanha à sua sucessão, distribui hostilidades à imprensa e faz ameaças à liberdade de expressão e à oposição.

Uma parte do pensamento jurídico e acadêmico do País que endossou o protesto chamou Lula de fascista, caudilho, autoritário, opressor e violador da Constituição. O presidente foi comparado a Benito Mussolini, ditador da Itália nos anos 30. "Na certeza da impunidade (Lula), já não se preocupa mais nem mesmo em valorizar a honestidade. É constrangedor que o presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia", disse Hélio Bicudo, fundador do PT, do alto do púlpito da praça, ornada com duas bandeiras do Brasil.

Sob o sol forte do meio-dia, professores, sociólogos, economistas, intelectuais, escritores, poetas, artistas, advogados e também políticos tucanos cantaram o Hino Nacional. Muitos dos presentes ao ato público de ontem estavam no mesmo local em agosto de 1977 para subscrever a Carta aos Brasileiros.

FERIAS CID GOMES E CIRO COM DINHEIRO PUBLICO

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Paulada na imprensa

Eliane Castanhêde, da Folha de São Paulo

De Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente com 80% de popularidade: "Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública!".
Vale tratados de sociologia, história, política, comunicação e psicologia, mas o espaço aqui só é suficiente para reconhecer que ele tem razão, depois da política desenfreada de ocupação da informação e da mídia exercida pelo governo.
O Planalto usa a TV pública ilegalmente na campanha de Dilma, tem blog sem autoria para disseminar o que quer e planta em rádios e jornais do interior peças de propaganda travestidas de noticiário.
Tem mais: o BB, a CEF e a Petrobras fazem campanha subliminar pró-Lula e pró-Dilma na TV, e a imprensa regional está dominada pela publicidade federal. Sem contar o incomensurável espaço que Lula teve na mídia nestes oito anos, falando o que bem entendia, contra ou a favor do que bem queria.
O resultado é que Lula é a opinião pública mesmo. E como não haveria de ser? Não importa a barbaridade que diga, a sua verdade se dissemina como verdade nacional. Os fatos? Danem-se os fatos, o que vale é a versão de Lula.
Não satisfeito, ele e agora Dilma agridem ao vivo o derradeiro bastião democrático de crítica, provocação e cobrança -a imprensa. Lula bufando, de um lado para o outro num palanque em Campinas, e Dilma estrebuchando no Rio, dispensando até a barreira de microfones que vem usando na campanha.
Mais pareciam derrotados, e os marqueteiros devem estar furibundos. Um trabalhão danado para produzir a candidata, e a maquiagem borrou. Dilma como ela é.
Tudo porque foi a imprensa livre que expôs aos brasileiros um centro de corrupção justamente na Casa Civil, onde foi construída a candidata Dilma e fabricado o inexplicável poder de uma tal Erenice.
Pensando bem, Lula e Dilma têm razão: a imprensa incomoda muito, tanto quanto a verdade dói.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O PT já nasceu corrompido

No início deste ano (janeiro) o filósofo Olavo de Carvalho, residente nos Estados Unidos, concedeu entrevista a Sionei Ricardo Leão, do Jornal de Brasília. Pela pertinência e (infelizmente) atualidade do tema transcrevemos o texto abaixo:

Os escândalos que atingiram recentemente o DEM em Brasília e o PT na época do Mensalão são resultado de uma degradação da moral e da intelectualidade nacional que vem ocorrendo há duas décadas no País, analisa o filósofo Olavo de Carvalho. "Se o Brasil ficar assim mais cinco anos, ele não se levantará nunca mais". O filósofo concedeu esta entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília por telefone, de Richmond, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, onde mora desde 2005. Na Academia, Olavo de Carvalho é considerado um crítico impiedoso das esquerdas brasileiras. Para ele, o Partido dos Trabalhadores enganou a sociedade.

"O prestigio do PT cresceu pelo discurso de combate à corrupção. Mas a máquina de corrupção do partido já estava sendo montada há muito tempo". Nessa avaliação, ele aponta que, no quadro partidário atual, o eleitor não tem opção, pois faltam candidatos que consigam ou sejam interessados em representar os anseios do povo brasileiro, que "é profundamente conservador, sobretudo no aspecto social".

Da mesma maneira, ele considera que há um monopólio de pensamento político no Brasil. "Isso não pode acontecer num país". Os desafetos de Olavo de Carvalho o classificam de direitista convicto ou até reacionário, rótulo que ele desdenha. "Qual é o problema de ser de direita? É proibido? Não tem sentido você proibir a direita e ao mesmo tempo falar em pluralismo democrático. Em todos os países, há esquerdas e direitas. Agora, com quem vou debater isso no Brasil? Com pessoas indignas, cuja obra intelectual é zero? Imagine se eu vou querer que essas pessoas me respeitem ou me reconheçam!"

Nos EUA, o filósofo ocupa o tempo com um curso de Filosofia a distância que tem adesão de vários alunos brasileiros. Ele também está preparando uma publicação sobre o pensador Mário Ferreira dos Santos.

* * *

Jornal de Brasília - O PT durante anos brandiu a causa da ética. Ao chegar ao poder foi desgastado pelo escândalo do mensalão. O DEM passou a levantar a mesma bandeira, mas foi tragado com o caso de Brasília. A defesa da ética tem alguma maldição?

Olavo de Carvalho - Em primeiro lugar, o prestígio do PT cresceu pelo discurso de combate à corrupção, mas a máquina de corrupção do partido já estava sendo montada enquanto isso acontecia. Tanto que foi organizado um serviço de inteligência privado do PT, que ficou conhecido como PTPol. A coisa foi denunciada pelo governador Esperidião Amin (Santa Catarina), mas nada se investigou depois. Em 1993, quando houve aquela famosa CPI da Corrupção, a máquina já estava montada, já fazia três anos que o PT fundara o Foro de São Paulo, associando-se a organizações de traficantes e seqüestradores como as Farc (Força Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o Mir chileno ao mesmo tempo em que, em público, pregava a moral e os bons costumes. Todo aquele combate aparentemente moralista era para encobrir o esquema. O PT foi o partido que mais enganou a população, pois ele já nasceu corrompido. Em segundo lugar, a decadência moral dos partidos acompanha a decadência geral do Brasil, que se aprofundou muito nos últimos 20 anos.

JdeB - Para o senhor a desmoralização partidária é então resultado de um processo mais amplo?

OC - A decadência não se dá apenas no aspecto moral, ela aconteceu intelectualmente. Nossos estudantes invariavelmente tiram os últimos lugares nos testes internacionais, abaixo de gente que vem de países muito mais pobres. Note que a produção de trabalhos científicos no Brasil aumentou bastante nos últimos anos. Mas as citações de pesquisas internacionalmente diminuíram muito, mostrando que a produção nacional tem cada vez menos valor para o progresso da ciência no mundo. A produção de trabalhos científicos tornou-se mera empulhação quantitativa para facilitar a caça às verbas. Compare o Brasil dos anos 50 a 70 com o atual. Tínhamos então uma infinidade de escritores e pensadores de nível mundial. Hoje, "intelectual" é o Jô Soares, é o Luís Fernando Veríssimo, é o Emir Sader. É comparar Atenas com a Baixada Fluminense. No campo moral, até se você usar como referência líderes de esquerda do passado como Carlos Marighella e Luiz Carlos Prestes, não há qualquer menção de que eles tivessem se envolvido com negociatas, com corrupção. Tanto que recentemente houve o episódio de a filha do Prestes negar-se a receber qualquer indenização do Estado, porque para ela isso mancharia a imagem do pai. Até os esquerdistas eram mais decentes naquele tempo. Agora, esse pessoal que está aí, descaradamente, assalta os cofres do Estado. Eles também apelam à violência. Veja as mortes dos prefeitos de Santo André e de Campinas.

JdeB - Há luz no fim do túnel em outras legendas partidárias?

OC - Os outros partidos são cúmplices. Hoje não se pode falar de esquerda e de direita, o que se tem é um sistema único. Destruíram o quadro partidário do Brasil.

JdeB - O senhor defende que a polarização entre direita e esquerda ficou no passado?

OC - O Brasil não tem uma direita há muito tempo. Nas últimas eleições presidenciais, os discursos de todos os candidatos eram semelhantes. O Partido Democratas foi inspirado na esquerda americana. Portanto, não pode ser considerado exemplo de partido conservador.

JdeB - Como o senhor classifica o eleitor brasileiro? Desinformado e provinciano ou consciente, engajado, universalista?

OC - O povo brasileiro é profundamente conservador. Sobretudo no aspecto social. É maciçamente contra o aborto, o feminismo radical, as quotas raciais, o gayzismo organizado. No entanto, não há político que fale em nome do povo: estão todos comprometidos com os lobbies bilionários que protegem esses movimentos.

JdeB - Então a seu ver, falta hoje no quadro partidário quem traduza ou represente politicamente o pensamento da sociedade?

OC - Não há candidato que defenda os valores em que o povo acredita. Aí fica esse vácuo. E a nossa suposta direita está mais interessada em comer dinheiro do governo. Se só há candidatos de esquerda, então o eleitor vai votar em quem? Durante as eleições, os candidatos camuflam o seu radicalismo, mas depois de eleitos, quando se sentem firmes no poder, tiram a máscara. Na eleição seguinte, o contingente de eleitores novos não sabe o que se passou e confia de novo em candidatos que já enganaram a geração anterior.

JdeB - Por que os brasileiros votam em pessoas, em lugar de partidos?

OC - O discurso dos partidos não é nítido. Numa eleição na Inglaterra, por exemplo, você tem uma direita e uma esquerda bem definidas. Você sabe quem é quem. Aqui nos Estados Unidos ninguém ignora que a Hillary Clinton é de esquerda, que o Glenn Beck é de direita, tal como todo mundo sabia que Ronald Reagan era de direita e Jimmy Carter era de esquerda. Apesar disso, nas últimas eleições, os americanos parecem que copiaram o Brasil: a postura dos democratas e dos republicanos foi igual, os candidatos ficaram jogando confete um no outro.

JdeB - Há algum otimismo de sua parte quanto ao futuro do quadro político brasileiro, o senhor acredita em melhoras?

OC - Poder melhorar sempre pode. Mas depende da ação humana. O nível de coragem política diminuiu assustadoramente no Brasil. As novas gerações são muito covardes. Se o Brasil ficar assim mais cinco anos, ele não se levantará mais. Veja o caso do filme que foi lançado sobre a biografia do Lula. Se aqui o governo financiasse um filme sobre a vida do Obama, isso daria em impeachment. No Brasil, a realização do filme do Lula não gerou nenhum protesto organizado. A reação está vindo do povo, que não vai ver o filme no cinema.

JdeB - No seu modo de ver, como se dará à disputa entre a ministra Dilma Rousseff (PT) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nessas eleições presidenciais?

OC - Os dois candidatos vão promover um campeonato de esquerdismo. Como o Serra tem alguns aliados conservadores, talvez ele venha com um discurso mais moderado, e sua eleição dê uma folga para que a direita possa se reconstruir, se ainda houver nela alguém interessado mais nisso do que em bajular a esquerda e participar do banquete de verbas públicas.

JdeB - Para o senhor a ausência de discursos e de programas de direita empobrece a política brasileira?

OC - O que o Brasil tem é um unipartidarismo disfarçado. Fui contra a exclusão da esquerda, durante o regime militar, como hoje sou contra a exclusão da direita. A normalidade do sistema deve estar acima das preferências partidárias, mas a esquerda se colocou acima do sistema, engoliu o Estado e o transformou em instrumento do partido. Note que nem mesmo os militares fizeram isso: no Parlamento, na mídia e nas cátedras universitárias havia mais esquerdistas naquele tempo do que direitistas hoje. Os milicos foram autoritários, mas não totalitários. Hoje estamos caminhando para o totalitarismo perfeito e indolor.

MEU COMENTÁRIO - Serra até que tentou agradar a esquerda, passando a mão na cabeça de Lula e até colocando-o em seu programa televisivo. Não deu certo. Voltou a atacar a camarilha petista, mas ao queparece já era tarde demais. Serra é, de fato, um melancia: verde por fora e vermelho por dentro.

Contra a legalização da sodomia

Leonardo Przybysz

Crescente e corajosa reação de fileiras católicas na Polônia tem colocado sérios obstáculos à corrupção dos costumes. Destaca-se a oposição ao homossexualismo.
Cracóvia — A Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga tem liderado na Polônia a reação contra a investida do lobby homossexual que propugna a legalização da sodomia. Em dezembro de 2003, publicou um manifesto de página inteira no diário de circulação nacional “Rzeczpospolita”, sob o título Legalização da homossexualidade, desafio lançado à Polônia cristã, documento esse enviado a todos os bispos, deputados e senadores poloneses.

Em decorrência principalmente da reação dos simpatizantes da referida associação, disseminados por toda a Polônia, malograram as manifestações públicas organizadas pelo movimento homossexual em Cracóvia e Poznan. A manifestação de Poznan não conseguiu percorrer 100 metros; a de Varsóvia, diante dos protestos da população, não se realizou devido à proibição pelo prefeito da cidade.

* * *

Mais recentemente, face à possibilidade de o projeto ser aceito pelo Senado, 380 funcionários do registro civil, por iniciativa da Associação Piotr Skarga, enviaram protestos aos presidentes da câmara e do senado, dizendo que, como católicos, não poderiam, em consciência, aprovar a realização de tais “casamentos”. Meio à sorrelfa, o Senado aprovou o projeto, que deve voltar à Câmara dentro de alguns meses.


Praça central de Cracóvia

Nos primeiros dias de janeiro último, a Associação Piotr Skarga organizou um protesto contra a permissão do prefeito de Cracóvia para a realização, na sede do conselho municipal, de uma conferência contra a “discriminação de minorias”, organizada pelos lobbys homossexuais daquela cidade polonesa e de Nuremberg (Alemanha), com a presença de 33 alemães, um deles conselheiro municipal dessa localidade. Para evitar a obrigação de explicar-se diante dos inúmeros protestos dos correspondentes da Associação Piotr Skarga, a secretaria da prefeitura de Cracóvia simplesmente tirou os telefones do gancho...

Quem pagou as despesas de transporte, hospedagem e alimentação desses 33 anti-apóstolos, que foram a Cracóvia propagar o vício? A caixa da União Européia! Será que tal caixa pagaria as despesas de 33 poloneses, católicos fervorosos, para pregar os bons costumes e a moral católica em Nuremberg?

Veja:
http://www.catolicismo.com.br

Ataque e vandalismo contra a Cúria da Paraíba

Dom Aldo Pagotto, Arcebispo da Paraíba, escreveu dois artigos contra o plebiscito pela limitação do tamanho das propriedades rurais. Veja o que aconteceu, relatado pelo próprio Arcebispo.

***

Aproveito para relatar o fato ocorrido por ocasião do "grito dos excluídos", na tarde do dia 1º/09 pp. Em frente à Cúria Metropolitana, um pequeno grupo de manifestantes leu um texto com expressões agressivas à minha pessoa, referindo-se a um artigo meu sobre o limite de propriedade.

Embora fossem poucos, se apresentaram como representantes de 50 entidades, algumas citadas no texto lido, publicado pela "Adital", internet.

Entre os poucos manifestantes pode-se reconhecer pelas fotos, alguns membros da CPT e um assessor de deputado do PT, candidato à reeleição, num carro de som, comandando palavras de ordem.

Numa atitude de vandalismo, toda a fachada artística e patrimonial da Cúria foi pichada com frases de protestos e reivindicações. Da Cúria se dirigiram à Procuradoria da Justiça do Estado (PB) onde tentaram pichar também aquele prédio.

Foram impedidos por policiais. Documentamos as frases. Exigem a liberalização do aborto e o limite de propriedade. Dispensam-se comentários.

A Igreja defende e promove a vida e a família! O artigo 5º da Constituição Federal vincula ao direito de propriedade, o direito à vida e sustento da família, através do trabalho.

É estranho notar como certos militantes dos movimentos sociais, de organizações populares, de partidos políticos (etc.) em tese, defendem a democracia. Na prática não admitem opiniões opostas que contrariam seus intentos. Temem e tentam reprimir a liberdade de expressão.

Com a minha gratidão, aqui vai a reflexão sugestiva. Aprofundemos nossas reflexões a partir da Palavra de Deus, do Catecismo da Igreja Católica e do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que abordam os assuntos como estes, eqüidistantes de ideologias partidárias.

Fiquemos ao lado de Jesus Cristo e seu Evangelho para estarmos sempre mais do lado do povo e ao serviço de todos!

+ Aldo di Cillo Pagotto,
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hegemonia Gramsciana

Por Renildo Queiroz

Para quem talvez ainda, não conheça a estratégia do doutrinador italiano, ativista político e filósofo Antonio Gramsci, é bom deixar bem claro, pelo menos em poucas palavras, o que ele preconizava.
Segundo o líder comunista, falecido em 1937, após passar anos na cadeia elaborando sua estratégia, ainstauração de um regime comunista em países com uma democracia e uma economia relativamente consolidadas e estáveis, não podia se dar pela força, como aconteceu na Rússia, país que sequer havia conhecido a revolução industrial quando foi aprisionada pelos bolcheviques.

Seria preciso, ao contrário, infiltrar lenta e gradualmente a idéia revolucionária, (sem jamais declarar, que isso estava sendo feito), sempre pela via pacífica, legal, constitucional, entorpecendo consciências e massificando a sociedade com uma propaganda subliminar, imperceptível aos mais incautos que, por sinal, representam a grande maioria da população. O objetivo somente seria atingido pela utilização de dois expedientes distintos: a hegemonia e a ocupação de espaços.

A hegemonia consiste na criação de uma mentalidade uniforme em torno de determinadas questões, fazendo com que a população acredite ser correta esta ou aquela medida, este ou aquele critério, esta ou aquela análise de situação, de modo que quando o Comunismo tiver tomado o Poder, já não haja qualquer resistência. Isso deve ser feito, segundo ensina Gramsci, a partir de diretrizes indicadas pelo intelectual coletivo (o partido), que as dissemina pelos intelectuais orgânicos (ou, formadores de opinião), sendo estes constituídos de intelectualóides de toda sorte, como professores principalmente universitários (porque o jovem é um caldo de cultura excelente para isso), a mídia (jornalistas também intelectualóides) e o mercado editorial (autores de igual espécie), os quais, então, se encarregam de distribuí-las pela população.

É essa hegemonia, já adredemente fabricada, que faz com que todos os brasileiros, independentemente da idade, da condição sócio-econômica e do grau de instrução que tenham atingido, pensem de maneira uniforme sobre todo e qualquer assunto, nacional ou internacional. O poder de manipulação é tamanho que até mesmo o senso crítico fica completamente imobilizado, incapaz de ajudar o indivíduo a analisar as questões de maneira isenta. Os exemplos são numerosos: do desarmamento, ao aborto, da guerra do Iraque à eutanásia, do movimento gay às políticas sociais, do racismo ao trabalho escravo, da inculpação social pelos crimes individuais à aceitação do caráter social de movimentos comprovadamente guerrilheiros (FARC, MST, MLST, MIR, ETA, etc.), todos eles visando destruir, por completo, valores que a sociedade tinha entranhados em sua alma, mas que, justamente por isso, não servem aos interesses do partido. É que esses valores representam um conjunto de virtudes diametralmente opostas aos conceitos que o partido deseja inserir no corpo social e que servirão de embasamento para as transformações que pretende implantar. Uma vez superada a opinião que essa mesma sociedade tinha a respeito de várias questões, atinge-se o que Gramsci denominava superação do senso comum, que outra coisa não é senão a hegemonia do pensamento.

Cada um de nós passa, assim, a ser um ventríloquo a repetir, impensadamente, as opiniões que já vêm prontas do forno ideológico comunista. E quando chegar a hora de dizer agora estamos prontos para ter realmente uma democracia (que, na verdade, nada mais é do que a ditadura do partido), aceitaremos também qualquer medida que nos leve a esse rumo, seja ela a demolição de instituições, seja ela a abolição da propriedade privada, seja ela o fim mesmo da democracia como sempre a entendemos até então, acreditando que será muito normal que essa volta à pseudo-democracia, se faça por decretos, leis ou reformas constitucionais. Afinal, Hitler, também não foi eleito pelo povo e não passou a ditar normas legais? É exatamente a superação do senso comum, que fez com que todos acreditassem piamente que a contra revolução de 1964, não passou de um ato impensado dos Militares que, à falta do que fazer, decidiram implantar uma ditadura. Como uma única palavra não foi dita sobre a ditadura que esses mesmos comunistas estavam praticamente conseguindo implantar naquela época (como haviam tentado em 1935 e como voltariam a tentar entre o final dos anos 60 e meados dos 70), ficou impossível ao brasileiro médio compreender que a intervenção das Forças Armadas veio justamente impedir que aquela desgraça se concretizasse. E, se elas não intervém também agora, é porque o povo, já completamente anestesiado, não tem nem forças para ir às ruas exigir tal providência.

É exatamente essa hegemonia de pensamento, que pôde imprimir nos brasileiros a idéia de que só o Estado pode resolver seus problemas mais comezinhos, o que tem causado um gigantismo antes nunca visto, com o crescente aumento da carga tributária para sustentá-lo. A cada dia são criadas mais delegacias especializadas, mais conselhos, mais isso e mais aquilo para controlar e fiscalizar as ações de cidadãos, antes livres. É exatamente ela, a hegemonia gramsciana, utilizada pelo PT que inculcou em todos os cidadãos a crença de que os sem-terra foram massacrados, pela Polícia Militar em Eldorado do Carajás, no Sul do Pará, quando na verdade a fita de vídeo original, contendo a gravação do episódio, mostrava claramente que eles agiram em legítima defesa diante de um número muito maior de sem-terras que, armados com foices, enxadas e até mesmo revólveres (como aparece naquela fita), avançou para cima dos policiais. É exatamente isso que fez espalhar a crença de que os fazendeiros são todos uns malvados e escravizadores de pobres trabalhadores indefesos, servindo, assim, de embasamento para que, em breve, o direito à propriedade seja eliminada da Constituição, se nela for encontrado algum tipo de trabalho escravo, cuja definição legal nem mesmo existe.

É exatamente isso que autorizou todos os brasileiros a imaginar que o Brasil é um país racista, a despeito de contar com o maior número de mulatos do planeta e de jamais ter sido registrado um único caso de desavença entre negros e brancos por causa da raça, como acontece nos Estados Unidos e na África do Sul. E é também graças à força da hegemonia, que ninguém parou para pensar que todas as desavenças já havidas entre negros e brancos entre nós, iniciaram-se por motivos fúteis, que vão do futebol à briga por ciúmes, muitas vezes regadas a uma boa caninha, nada tendo a ver com a cor da pele, já que também ocorrem da mesmíssima maneira entre indivíduos da mesma raça. Evidente que, depois do que estou escrevendo, nada impede que se fabrique uma briga por causa da raça, com notícias em todos os jornais, para servir de prova do racismo por aqui. Isso nada mais seria do que o intelectual coletivo, agindo para o bem de sua própria causa.

É exatamente essa superação do senso comum, que fez com que a maioria acreditasse que as armas de fogo matam mais do que os acidentes de trânsito ou a desnutrição crônica infantil, malgrado os índices infinitamente superiores de mortes por estas duas causas, sem que medida alguma seja tomada para eliminá-las ou diminuí-las e sem que nenhuma propaganda incisiva seja feita para alardear tais descalabros. A maciça propaganda do desarmamento foi, portanto, uma mentira descarada que salta aos olhos dos que realmente os têm. É exatamente isso que fez com que todos odiassem Bush e os norte-americanos e, inversamente, amassem de paixões Fidel Castro – Hugo Chavez, e vissem os terroristas iraquianos como meros resistentes contra o imperialismo americano. É exatamente isso que permitiu a crença de que João Paulo II era um retrógrado e um genocida, e que Maria Madalena, fora amante de Jesus, como descobriu o escritor, Dan Brown. É exatamente isso que fez com que todos pensassem que o Comunismo acabou, com a queda do Muro de Berlim e a desintegração da União Soviética, quando na verdade ele está hoje mais vivo do que nunca, principalmente em nosso continente, é só querer ver. É exatamente isso que faz com que todo mundo se escandalize com assassinatos de fiscais do trabalho, como ocorrido em Unaí, ou de Irmã Dorothy, no Pará, só para ficar em exemplos mais recentes. Essa escandalização foi sutilmente preparada para que todos os despreparados ficassem indignados com tamanha brutalidade, como se esta tivesse sido o resultado de uma reação iníqua à cândida e legal atuação do Estado ou de ONGs a ele atreladas.

É exatamente isso que permite que aceitemos, como a coisa mais natural do mundo que se chame chacina a morte de dois ou três sem-terras, enquanto que a morte de dois ou mil fazendeiros continuará sendo chamada de morte, simplesmente. E tem sido exatamente isso, enfim que permite várias outras opiniões uniformes que não passariam pelo crivo do juízo crítico caso ele ainda encontrasse forças para entrar em ação. Mas como encontrar forças com tamanho rolo compressor a aplainar toda e qualquer opinião sobre o que quer que seja? Daí a facilidade com que chavões do tipo justiça social, cidadania, construção de uma sociedade justa e igualitária, direitos humanos, etc., que só servem para estimular a velha luta de classes proposta por Marx e Engels, em seu Manifesto Comunista – 1848, passaram a habitar o imaginário popular. Afinal, são eles, os comunistas, que não desistem nunca!

A outra técnica Gramsciana, amplamente utilizada pelo PT é denominada de ocupação de espaços. Já dava mostras tão evidentes de visibilidade entre nós, com a nomeação de mais de 20 mil cargos de confiança pelo PT, em todo o território nacional (só para cargos federais), que nem mesmo precisaria ser novamente denunciada. O que faltava, entretanto, era fazer a conexão com a primeira técnica – a hegemonia.

Ora, sabendo que a superação do senso comum é tarefa dos intelectuais orgânicos importa reconhecer a necessidade de que eles estivessem em toda parte como erva daninha. Daí a nomeação, pelo intelectual coletivo, para todos os escalões do desgoverno petista (federal, estaduais ou municipais), de pessoas alinhadas com a ideologia do partido. Não foi à toa que o presidente Lulla, colocou nos ministérios vários derrotados pelo povo nas eleições estaduais e municipais como: Olívio Dutra, Tarso Genro, Humberto Costa, além de outros que de há muito estão comprometidos com o Comunismo, inclusive com vinculações internacionais. Basta ver como e o quê aconteceu e acontece no Foro de São Paulo e no Fórum Social Mundial, bem como quem são os seus patrocinadores e entidades integrantes, sabidamente criminosas.

A conclusão é tão lógica e óbvia, que chega a ser surpreendente que a ela ainda não tenham chegado todos os brasileiros, principalmente muitos daqueles que ostentam diploma de doutor e que têm, por isso mesmo, a obrigação moral de alertar seus compatriotas. Só se pode entender sua adesão incondicional às táticas gramscistas por uma de duas razões: ou porque, apesar de doutores, são, na verdade, ignorantes da pior espécie, deixando-se levar por uma esparrela dessa, ou porque estão a serviço da engenhoca. Não há outra explicação!

O Brasil talvez seja o País no mundo onde a estratégia gramscista de tomada do poder utilizada pelo PT, mais se encontra avançada. A eleição de Lulla, é apenas mais um passo numa estratégia muito mais densa. Basta olharmos com olhos críticos, as últimas eleições para percebemos que tudo não passou de um jogo de cartas marcadas, pois acima da disputa entre os candidatos estava a intenção da esquerda em se manter ´hegemônica, o que teria acontecido caso a vitória tivesse pertencido a José Serra, a Anthony Garotinho ou até mesmo a Ciro Gomes. O Brasil atualmente não possui uma oposição política onde impere a pluralidade de idéias, estamos atolados na unanimidade dos desesperados, a prova disto é que a esquerda se radicaliza cada vez mais, transformando seus expoentes sagrados em caricaturas de seus antigos oponentes, nada pode ser mais patético do que o consenso que existe no País de que Fernando Henrique Cardoso é um neoliberal ou das afirmações recentes do atual presidente, de que ele nunca se disse de esquerda.

O que é ainda mais demonstrativo do atual avanço da Revolução Gramscista, utilizado pelo PT no Brasil, é que a consciência individual está sendo substituída pela idéia do politicamente correto e do relativismo moral, os exemplos são gritantes: Sem-Terras armados invadindo fazendas produtivas e grandes empresas multinacionais de pesquisas são vítimas; fazendeiros ao se defenderem são criminosos; os traficantes que estão incitados numa guerra civil no Rio de Janeiro e São Paulo, são vítimas do sistema, sequer chegam a ser culpados; nós, os cidadãos que respeitamos as Leis, também devemos ser um pouco responsabilizados por estes atos (assim nos diz a mídia, todos os dias); os padres que falam contra o aborto e o homossexualismo são monstro comedores de crianças, os ditos freis que embalados na teologia da libertação, afirmam que Cuba é o paraíso na terra, não importa os dezessete mil mortos, são expoentes máximos da cristandade. Analisem agora friamente e com a razão essa afirmativa: Nenhum presidente na História do Brasil, teria se mantido no Poder, se houvesse sido acusado de pelo menos metade das irregularidades e dos crimes cometidos de fato pelo Partido dos Trabalhadores, sob a benemérita liderança do Senhor Luís Inácio Lulla da Silva. Ou por exemplo, o caso Waldomiro Diniz que é uma gota d’água no oceano; muito mais difícil de explicar são as irregularidades no Programa Fome-Zero, ou os abusos totalitários contra o patrimônio público cometidos por diversos membros do desgoverno Lulla (onde até a cadela do presidente, passeia de carro oficial tranqüilamente), o caso do Mensalão, amplamente discutido e comprovado em CPI e, devidamente denunciado pelo ‘Procurador Geral da República; o caso de caixa dois do PT (verbas não contabilizadas) e, que o próprio presidente em entrevista confirmou ser esta, uma prática de rotina no Brasil; envio de dinheiro ao exterior de forma ilícita; quebra de sigilo bancário, telefônico e postal, de um simples caseiro que ousou denunciar um Ministro do desgoverno Lulla e, as alianças sinistras entre o PT e as FARCS (Colombianas), MIR (Chileno), PCC (Partido Comunista Cubano), ELN (Exército de Libertação Nacional), FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), PRD (Partido da Revolução Democrática), FMLN (Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional), URNG (União Revolucionária Nacional da Guatemala, dentre outros. O que me causa estranheza nestas alianças sinistras, é o quase segredo absoluto que impera sobre os fatos ocorridos no Foro de São Paulo, onde não se viu ou vê, nenhum comentário mais acirrado da mídia especializada (ou não), ou até mesmo um ato de repúdio de nossas Forças Armadas, sobre tais acontecimentos no mínimo suspeitos. Parece até que tudo está cor de rosa, neste mar de lamas chamado Brasil!

Qualquer debate hoje no Brasil que envolva a Política Nacional, especialmente após os efeitos da queda do Muro da Vergonha, só pode ser considerado sério se discutido desde o ponto de vista da Revolução Gramscista, não por imposição ideológica, mas por verificação histórica, caso contrário tudo que teremos é um exercício de abstração teórica cujo conteúdo e implicações práticas não terão mais significação que uma discussão acalorada de mesa de bar. Isto é exatamente em que será resumida a essência da intelligenzia nacional, quando todos os brasileiros se tornarem, sob as graças de Antonio Gramsci, intelectuais orgânicos, cuja única verdade é a mentira do partido. É dogmática ou romantizada a crença de que o homem é um fruto homogêneo de seu meio. Todavia, é deste último que a maioria das pessoas retira seus principais pontos de referência, distinguindo-se como indivíduos em sociedade. Raros são os homens que conseguem olhar dentro de si e não apenas em sua volta.

(*) Renildo Queiroz, Consultor Técnico em Biotecnologia Molecular - Escritor e Analista socio-político-econômico.