sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MANDELA, GUERREIRO E PACIFICADOR



Barros Alves

Morre Mandela. Chora a África, choram todas as nações. O velho líder negro quase centenário deixa um vazio no cenário político de sua pátria e do mundo. Soube ser um nome que está inscrito indelevelmente na História da humanidade. Oriundo de nobreza tribal, foi o primeiro entre os seus a galgar à universidade. Investiu-se da necessária liderança que buscava a liberdade do povo negro em face da dominação branca, numa África do Sul que adotou a exclusão racial (apartheid) como política de Estado. Concomitantmente, trabalhava pela união das muitas etnias autóctones, algumas submissas à agressão branca.
Nos inícios do Congresso Nacional Africano, o movimento liderado por Mandela para enfrentar o apartheid, só a força se apresentava como instrumento para alcançar vitória sobre a tirania escravagista em que vivia 80% dos sul-africanos, ou seja, a população negra, selecionada como no nazismo, vivia em guetos. Criou o braço armado do CNA. Foi a gota d’água para a reação institucional que o trancafiou por 27 anos numa masmorra, a pão e água, onde só podia ver a esposa uma vez por ano, durante meia hora e por trás de um vidro.
Esquecido por um tempo, o processo de distensão política entre o Leste europeu comunista e os Estados capitalistas, especialmente os EUA, a África do Sul do estúpido apartheid e o nome de Mandela voltaram ao cenário internacional na década de 1980. Era o caminho para a liberdade, em 1990. Consagrado, Mandela elege-se presidente em 1994 e sedimenta uma trajetória de luta que o alteia ao pedestal de Pai da Pátria. O Prêmio Nobel da Paz, que dividiu com Frederick Declerk, o governante branco que o libertou, veio exatamente por haver tido a sabedoria e a generosidade dos grandes líderes quando chegam ao pódio como vencedores. Um homem cujo dicionário não existe apalavra rancor, que conseguiu unir e pacificar uma nação antes em permanente estado de guerra. Eis o legado de Mandela: construiu uma África de muitas cores, porque bem ou mal todos, brancos e negros construíram a nação. Ao contrário de alguns que vivem a suscitar a cisão com uma história insustentável de que “nuca antes neste país...”

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