Por Barros Alves*
Honrou-me
sobremodo o convite que me foi formulado para apresentar ao leitor cearense o livro “Psicose
Ambientalista”, cujo autor, D. Bertrand de Orleans e Bragança, ilustre membro
da família real brasileira, somente será
apresentado em cumprimento de normas cerimoniais costumeiras em eventos como
este. É que o nome e a origem de S.
Alteza bastam para dizer com exatidão de sua importância para a história do
Brasil.
Dom Bertrand
é bisneto da Princesa Isabel de Bragança, a “Redentora”; e de Gastão de
Orleans, o Conde d’Eu. Irmão de Dom Luiz, chefe da Casa Imperial do Brasil,
herdeiro principal do trono da Monarquia brasileira, cuja legitimidade para
reavê-la nenhum historiador que se preze ousa negar, uma vez que o trisavô de
Dom Bertrand, Dom Pedro II, último imperador do Brasil, foi apeado do poder por
um golpe de Estado de inspiração autoritária, tanto isto é verdade que o
republicano Aristides Lobo, ministro da Justiça do então novo regime, em artigo
escrito poucos dias depois da partida do imperador para a Europa, escrevia que
o povo carioca assistiu bestializado à quartelada protagonizada pelo velho
marechal Deodoro da Fonseca no Campo de Santana, no Rio de Janeiro.
Derrubava-se
um monarca constitucional, um chefe de Estado que tinha brilho intelectual e
elevado espírito democrático. Mas, sobretudo, um coração de poeta e uma cabeça
de filósofo, homem desprendido das glórias do poder, posto que se assim não
fora, a reação ao golpe de 15 de novembro de 1889 teria sido facilmente levada
a termo e debelada a intentona republicana liderada por meia dúzia de pessoas descomprometidas
com os valores caros à democracia na qual Pedro II pautara sua ação de
estadista.
O novo
regime logo descambou para o jacobinismo e o resultado é que daquele tempo a
esta parte a espada dos republicanos no poder já rasgou oito constituições sem
a menor cerimônia. Enquanto as monarquias do mundo moderno – o Brasil
monarquista não teria sido diferente - avançaram em termos sócio-econômicos e
culturais, preservando tradições morais as mais caras à sociedade humana, o
exemplo dado pelos governantes da República brasileira às gerações pós-1889 tem
sido o mais degradante. Nem democracia, nem respeito aos dinheiros públicos,
nem punição para os que se locupletam às custas do erário. Por outro lado,
sobra incompetência, corrupção e ludíbrio para com o povo sempre crédulo em
promessas que se refazem tanto quanto não são cumpridas. Estes são os Anais da
República brasileira.
Quero crer
que uma fala de Rui Barbosa que corre mundo, cuja última frase tem sido
escamoteada pelos republicanos desde 1910, quando o discurso foi feito no
Senado da República, demonstra a causa de seu arrependimento em ter contribuído
para a queda da Monarquia brasileira ao tempo em que exemplifica a qualidade do
regime implantado no lugar: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Este o discurso
propalado. Da frase complementar ninguém fala, porque Rui lamenta a situação
por que passava o Brasil naquela época e, segundo o douto jurisconsulto, aquela
desgraceira ética era o retrato da República que ele
havia ajudado a implantar neste País.
Enquanto
isto, Dom Pedro Henrique, pai de Dom Bertrand, dá o tom de como deve ser o
comportamento de um herdeiro da tradição da realeza brasileira, conforme refere
o historiador Armando Alexandre dos Santos no livro “Dom Pedro Henrique, o
Condestável das Saudades e da Esperança”:
“Meus filhos, dizia Dom Pedro Henrique, as
circunstâncias não me permitem que lhes deixe uma fortuna material considerável.
Mas três coisas faço questão de lhes deixar: em primeiro lugar, a fé Católica
Apostólica Romana, herdada de nossos maiores; em segundo lugar, uma boa
educação; e, em terceiro lugar, a consciência da missão histórica da nossa
Família”.
Nesta noite
que se faz memorável pela presença de Dom Bertrand entre nós, cumpre-se a
determinação de Dom Pedro Henrique.
Vossa Alteza
presenteia-nos um livro, cujo subtítulo expressa denúncia e condenação de uma
“religião ecológica, igualitária e anticristã”. Trata-se de uma obra plena de
coragem e bom senso em que assomam
valores fundados na fé Católica Apostólica Romana; com efeito, só uma boa
educação consegue sedimentar o trabalho
penitente para conduzir os processos político-culturais que continuam a nortear
a ação pública de V. Alteza, a qual dá sustentação à missão histórica da
Família Real brasileira.
A leitura de
“Psicose Ambientalista” remeteu-me a uma reflexão formulada pelo Senador
Roberto Campos, pensador dos mais lúcidos na história da economia e da política no Brasil do século XX. Em
artigo escrito há cerca de 20 anos, Campos ironizava a ação dos ambientalistas
empedernidos e convocava-os ao bom senso: “Ecologia pretende ser uma ciência.
Para muitos tornou-se uma teologia. Para alguns uma fantasia. É importante como
nos advertiram 52 prêmios Nobel que não se transforme numa ideologia irracional, que
ignore romanticamente que tudo depende da relação custo-benefício da
despoluição. (...) Alguns ecologistas subestimam a utilização das forças de
mercado na preservação ambiental (...) Prega-se, por exemplo, aos países
africanos a preservação dos elefantes. Mas cada besta dessas exige um
quilômetro quadrado de boas pastagens! No Brasil já se desenvolveu o teorema do jacaré. A melhor maneira de
preservar estes répteis crocodilianos não proibir totalmente sua caça, pois
isto dificulta a pesca, mas sim autorizar fazendas
de jacarés. Os bichos serão tratados
carinhosamente, a espécie se multiplicará e as peles nos gerarão divisas. Viva
o mercado!”
Se vivo estivesse,
Campos veria que os ambientalistas, infelizmente, se deixaram guiar pela
irracionalidade ideológica.
Em
contraponto, de forma compacta, segura porque arrimada em consistente pesquisa,
Dom Bertrand deslinda os escaninhos de processos que às vezes não conseguimos
enxergar no cenário do ambientalismo. De fato, os exageros da militância
ambientalista apontam para uma face da revolução marxista que o autor denomina
de ambientalismo neocomunista, mas que não sofre modificação na ideia se
fizermos o trocadilho para neocomunismo ambientalista. Basta se conhecer um
pouquinho de Marx, Engels e Lênin, principalmente o Lênin de “Esquerdismo,
Doença Infantil do Comunismo”, para identificarmos com facilidade o que está
por trás da radicalidade dos militantes da causa ambientalista. O credo deles é
a conduta. Conduta de marginais da sociedade, de hereges da Política,
iconoclastas de verdades sagradas que intentam substituir por um neopanteísmo tão
estulto quanto inconsequente. Para tanto, esses desconstrutivistas de uma
defesa séria e consequente do meio ambiente que o Criador ordenou que
guardássemos, intentam ações claramente aterrorizantes. É tudo fanatismo,
impostura e desrazão.
Em 1955,
quando o comunismo ainda estava em alta e Nikita Kruschev ainda não tinha
denunciado as atrocidades do colega Stálin, o pensador francês Raymond Aron
escreveu um livro que saiu em edição vernácula com o título de O Ópio dos Intelectuais, no qual
denuncia a postura dos intelectuais em relação ao marxismo. Eles imprimiam às
ideias de Marx, como alguns apedeutas ainda fazem hoje, uma sacralidade
religiosa. Aron, por outro lado, não entende por que se tolerava este tipo de
atitude dos intelectuais da Europa e de outros países do mundo. Ele alertava: “Se a tolerância nasce da dúvida, que nos
ensinem a duvidar de modelos e utopias, a recusar os profetas da salvação, os
arautos de catástrofes.”
Senhoras e
senhores
Nossas
últimas palavras nesta noite são para reafirmar nosso sincero agradecimento
a Dom Bertrand, hoje um profundo
conhecedor dos bastidores do ecoterrorismo,
por ele haver escrito um livro que alerta o povo brasileiro para que
recuse o discurso e muito mais a ação nefasta dos profetas do ecologismo
estéril, arautos de catástrofes ambientalistas, porque, de fato, não passam de
psicóticos, cujo mal tem contaminado a sociedade brasileira, por agora demais
adoentada de outros males morais.
Dom
Bertrand, que Deus vos ajude nesta cruzada contra o mal e vos faça cada vez mais
lúcido e que a lucidez de vossa fala e de vossa escritura seja uma espada que
possa decepar a ignorância, a desfaçatez e a impiedade de tantos que ousam
infelicitar este imenso País, cujas fronteiras continentais carregam também a
lembrança gratificante dos maiores da Família Real brasileira.
·
Da Sociedade
Cearense de Geografia e História e da Academia Cearense de Retórica.
Um homem que se fosse o Imperador do Brasil colocaria a nossa Nação perante o mundo com muito destaque por que foi educado para ser um Rei a defender os interesses do povo e desta grande Nação que já nasceu grandiosa.
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