domingo, 16 de outubro de 2022

OS PAPAS E O COMUNISMO

                                                                                      

Barros Alves

            Por primeiro, urge afirmar sem rodeio ou tergiversação, que os pensadores e líderes defensores do marxismo/socialismo/comunismo ou que nome queiram dar à seita político-ideológica sistematizada a partir dos escritos do filósofo alemão Karl Marx, acham uma maravilha quando alguém diz que o comunismo não mais existe. Mutatis mutandis, tal situação se assemelha às gargalhadas que o diabo dá quando alguém abre a boca para dizer que o Coisa Ruim não existe. Estratégia sutil para enganar os incautos, os ignorantes, os despreparados, os obtusos, tanto em um caso como no outro.

            Em segundo lugar, diga-se à saciedade que não há nenhum documento na História da Igreja e do Papado em que sejam exaltadas as pretensas qualidades do regime de governança baseado nas idéias de Marx, Engels, Lênin, Stálin etc. Por outro lado, há um manancial de ensinamentos de filósofos e teólogos católicos, e de Papas, várias Encíclicas, inclusive, que condenam de forma peremptória e veemente o comunismo, “esta seita internacional, que segue a doutrina de Karl Marx, e trabalha para destruir a sociedade humana baseada na Lei de Deus e no Evangelho, bem como para instaurar o reino de Satanás neste mundo, implantando um Estado ímpio e revolucionário, e organizando a vida dos homens, de sorte que se esqueçam de Deus e da eternidade”, consoante o que escreveu o bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud no “Catecismo Anticomunista”. Observo, por pertinente, que o tema dos artigos que pretendo escrever encimados pelo título em epígrafe, está contido principalmente em dois livros que recentemente vieram à lume com o selo da Editora Caritatem, quais sejam o citado Catecismo e “A Voz dos Papas Contra o Comunismo”, uma coletânea de documentos pontifícios contra a “miserável doutrina do marxismo”, segundo palavras do Papa Pio XI.

            Lembre-se, de logo, por oportuno, que no Brasil atual, o lulocomunopetismo que posa de aliado da Igreja, de forma claramente contraditória defende ditaduras comunistas como Cuba, Venezuela, China e Nicarágua, cujos governos perseguem cruelmente aqueles que seguindo os mandamentos evangélicos, condenam os desvios dos que detêm o poder e o mando, a infelicitarem a vida do povo. Na verdade, o lulocomunopetismo tem uma aliança demoníaca não com a Igreja Católica Apostólica Romana ou com igrejas evangélicas, mas com um segmento de líderes verdadeiramente desviados dos caminhos cristãos, os quais seguem teologias heréticas como a Teologia da Libertação, já oficialmente condenada pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé; e a Teologia Integral, um desvio protestante da fé reformada.

            Voltando à vaca fria. Desde Pio IX, que governou a Igreja no centro do furacão revolucionário que infestou a Europa em meados do século XIX, até os dias atuais, sobretudo com a palavra admoestadora de São João Paulo II e Bento XVI, este o mais importante teólogo católico do século XX, a Igreja não tem descurado de chamar a atenção dos fiéis para o perigo da “seita comunista”, a qual pode apresentar-se no seio do Cristianismo como aquele satanás travestido em anjo de luz, de que fala Paulo na Carta aos Coríntios.  Já na Carta Encíclica “Qui Pluribus”(1846), Pio IX alertava para as estratégias dos adversários da Igreja, que normalmente surgem no meio do rebanho de Cristo como cordeiros, quando na verdade não passam de lobos vorazes. Alerta o Santo Padre para “as monstruosidades da fraude e do erro com que os filhos deste século lutam todos os dias com determinação contra a religião católica e autoridade divina da Igreja, e suas leis não menos veneráveis.”

Não custa lembrar que os católicos seguidores da Teologia da Libertação e grande parte da Igreja Batista ajudaram na vitória da Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua, no final da década de 1970 e limiar da década de 1980, quando o então jovem líder revolucionário Daniel Ortega ascendeu ao poder pela violência das armas. Para dele nunca mais sair. Atualmente, depois da quarta reeleição fraudada, aprofunda a ditadura. Persegue igrejas de várias denominações, em especial a Igreja Católica, ordena a prisão de todo aquele que o critica e expulsa religiosos cuja pregação não agrada ao regime ateu, como fez com missionárias da Ordem fundada por Santa Madre Tereza de Calcutá.

            Depois do Concílio Vaticano II, com o afrouxamento na formação eclesiástica dos prelados católicos, o que temos visto é o consequente depauperamento disciplinar de padres e bispos, assim como decadência ética e moral resultante do abandono da piedade cristã e dos cânones eclesiásticos em favor da militância política no campo marxista. O próprio Papa Francisco, que parece confundir misericórdia com aceitação do mal, já declarou que não se pode confundir a Igreja com um sindicato ou com uma ONG. Pálidas palavras que não se coadunam com a ação política desse Pontífice, e que nos fazem lembrar o Padre Vieira no Sermão da Sexagésima: “Para falar ao vento bastam palavras; para falar ao coração são necessárias ações.”

            Então, como a pressentir a ação deletéria do inimigo ideológico no seio da Igreja, o Papa Pio IX, orienta na “Qui Pluribus” para que se evite “com o maior cuidado a precipitada imposição de mãos sobre qualquer aspirante ao sacerdócio” e que somente se deveria elevar ao presbiterato  aqueles “previamente testados e escrupulosamente examinados, apenas aqueles que se distinguiram pelo ornamento de todas as virtudes, e quem tenham merecido de uma sabedoria intacta...” Definitivamente, não é o que temos visto na Igreja dos últimos sessenta anos. O tal “aggiornamento” proposto por João XIII foi um desastre para a Igreja, posto que não deve ser esta a adaptar-se ao mundo, mas ao contrário. Com efeito, o soneto não foi lavrado como queria Pio IX, porque depois do Concílio Vaticano II, sumiu dos templos católicos, por exemplo, a beleza da liturgia tridentina e, pior, houve um evidente esmaecimento de um clero que deveria brilhar pela “seriedade moral, pela santidade e integridade da vida e pela doutrina”. Um clero que parece ter abandonado os santos cânones e a disciplina eclesiástica tão cara aos Papas, para mergulhar na militância do ateísmo comunista travestido no eufemismo de “opção preferencial pelos pobres.”   

            Diante de toda essa crise por que passam Igreja e sociedade, esta por causa da leniência daquela, resta-nos a nós outros cristãos crermos firmemente que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.     

 



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