domingo, 16 de outubro de 2022

OS PAPAS E O COMUNISMO - parte 3

                                                                                     


Barros Alves

            Neste momento em que o Brasil se encaminha para uma decisão crucial da escolha do próximo governante da nação, forças dicotômicas se digladiam na arena de uma pseudo-democracia onde estão mais do que claras as posições de ambos os lados. De um lado assoma o discurso de compromisso com a preservação de valores tradicionais, conservadores, cristãos; de outro a exaltação de idéias ditas progressistas(?) em que se delineia a defesa transparente de ideais totalmente contrários aos citados. Uma coisa está posta concretamente: os protagonistas desta luta não estão escamoteando a essência de seus pensamentos, salvo detalhes insignificantes. A nenhum brasileiro, portanto, será dado o direito de dizer que não sabem o que os seus preferidos pensam e como agem. Até porque ninguém desconhece a vida pregressa de ambos os líderes dos lados em disputa pelo poder.

Nesse cenário conflituoso, a Igreja cristã, principalmente católicos e evangélicos, tem uma missão de orientar os seu rebanho de acordo com a sua tradição mais cara, condição “sine qua non” para não cair em grave pecado. E não se venha dizer que a Igreja não deve tomar posições em face da sociedade, como se não estivéssemos no centro do furacão. Ademais, ao longo da história, a Igreja sempre se posicionou em momentos nos quais a humanidade necessitou de sua palavra de admoestação, de orientação e, sobretudo, de sua oração. No Brasil atual, onde claramente há como background da guerra política uma renhida batalha espiritual, denominações evangélicas têm se comportado de forma decidida e corajosa em alinhamento com os ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo, sobretudo ao expressar a convicção de que um cristão não deve escolher comunistas ou qualquer outro político que se alinhe com defensores dessa “miserável seita”, segundo o conceito do Papa Pio IX. De outra parte, os católicos, aos quais cabe maior responsabilidade pública, porque são a maioria cristã no Brasil, liderados por bispos e prelados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, ou calam de forma ingênua e/ou pusilânime nesta encruzilhada, ou encaminham o rebanho para o desvio que leva ao apoio a hereges da política e da fé. Ou seja, conduz inexoravelmente ao desfiladeiro. Lembre-se, por evidente e necessário, que a CNBB foi transformada em um verdadeiro sindicato de bispos. Há muito dominada por teólogos da libertação, partidários de um pensamento já condenado como herético pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (Cf. a “Instrução Sobre alguns Aspectos da Teologia da Libertação”, 6/8/1984, entre outros),  a CNBB é centro de onde se irradia a “fumaça de Satanás” que tem infestado a Igreja Católica no Brasil.

            Alguns leitores certamente ficarão escandalizados com a afirmação acima. Não há motivo para tal. São Paulo já identificava – repita-se à saciedade – na Igreja de Corinto, essa “fumaça” de que falou o Papa Paulo VI no século XX. Nada há de extraordinário que os inimigos da Igreja estejam agindo dentro dela, “porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.” (Cf. Carta de São Paulo aos Coríntios, cap. 11 – vers. 14).

            Lembre-se, outrossim, as admoestações feitas pelo Sumo Pontífice Pio XI (não confundir com Pio IX, claro), que angustiado com a atuação dos lobos travestidos de cordeiros a tentar destruir o rebanho de Cristo, escreveu na Encíclica “Pascendi Dominici Gregis”, de 1907, um universal grito de alerta: “E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.” É, portanto, uma batalha invisível e tenebrosa que se trava por trás da guerra política e mesmo da guerra cultural. Aqueles, que nas universidades e em outros fóruns pagãos, pregam desabridamente contra os valores cristãos não devem meter medo à Igreja de Cristo, tanto quanto os que a carcomem por dentro, lentamente, disfarçadamente, escamoteando verdades por intermédio de uma hermenêutica melosa, dissimulada, demoníaca. Urge muita atenção e espírito de oração para que se identifique a ação do Coisa Ruim nas atitudes de quem se apresenta como mandatário do primado de Pedro ou dos sagrados ensinamentos do Evangelho.

            Pio XI, intimorato defensor da fé cristã, da pureza do Evangelho e da Igreja Católica, sabia que o Modernismo, enquanto ideal de pensamento e práxis para a humanidade, nas várias formas em que se apresentava então (o comunismo uma delas) seria uma desgraça para o futuro da Igreja. Dito e feito! O Papa constata a temeridade, cujos resultados nefastos estamos a presenciar agora na situação particular da Igreja Católica brasileira, em face desse grave momento de escolha por que passamos: “Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem.”

            Diz mais o Supremo Líder católico, quando a Igreja parecia adentrar num mar de escolhos, em face da ousadia dos emissários de Satan infiltrados no seio da Casa de Deus: “...continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar. E ainda vão mais longe; pois pondo em obra o sem número de seus maléficos ardis, não há quem os vença em manhas e astúcias:  porquanto, fazem promiscuamente o papel ora de racionalistas, ora de católicos, e isto com tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são, não há conseqüências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e sem escrúpulos. Acrescente-se-lhes ainda, coisa aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de uma vida austera. Finalmente, e é isto o que faz desvanecer toda esperança de cura, pelas suas mesmas doutrinas são formadas numa escola de desprezo a toda autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se de que é amor de verdade o que não passa de soberba e obstinação. Na verdade, por algum tempo esperamos reconduzi-los a melhores sentimentos e, para este fim, a princípio os tratamos com brandura, em seguida com severidade e, finalmente, bem a contragosto, servimo-nos de penas públicas.”

            Com efeito, a incansável militância da desfaçatez, o espírito maligno encoberto pela hipocrisia, a malícia genuflexa como se ato de contrição fosse, o sofisma travestido de verdade, foram inoculando ao longo do tempo, de forma quase imperceptível, em grande parte do rebanho de Cristo, o vírus do “agnosticismo, que é puro estado de ignorância”, da indiferença, da incredulidade, porém sempre com a vestimenta da sacralidade cristã, com vistas a enganar os incautos. Essa gente militante do diabo sempre se apresenta do alto de seus títulos de doutores em Teologia, Filosofia e Ciências várias, com um argumento de autoridade de fazer inveja a qualquer que não esteja vestido com a armadura de Deus. Tenhamos, pois, bem presentes, nestes dias aziagos, a orientação do apóstolo Paulo, guerreiro intimorato da fé: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Carta de São Paulo aos Efésios, cap. 6, vers. 11). E “para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Idem, vers. 13).

 

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