segunda-feira, 24 de outubro de 2022

OS PAPAS E O COMUNISMO parte 5

                                                                                              


Barros Alves

             

    Vi que algumas pessoas comentaram artigos anteriores subordinados a esse mesmo tema. Comentadores partidários da “doutrina pestilenta”, inclusive. Para esses ventríloquos de paladinos da miséria devemos dedicar jejum e oração, uma vez que somente a misericórdia de Deus pode salvá-los. Falta-lhes não apenas sólidos argumentos, mas demonstram total desconhecimento da Igreja fundada por Jesus Cristo, sendo que quando intentam alguma analogia entre ação temporal da Igreja e socialismo/comunismo, o fazem arrimados em categorias de análise marxistas o que, por si, já constitui um desastroso método, falacioso e equivocado como interpretação da história e da ação da Igreja no mundo. Vou repetir a palavra do Papa Francisco, claro simpatizante da herética Teologia da Libertação: “A Igreja não é uma Ong ou um sindicato. A Igreja é a epifania do Pai.” Portanto, o olhar crítico com que se olha para estes, não pode ser o mesmo com que se deve olhar para aquela. Esta constatação por si já demonstra a falência de conhecimento e a profusão de inconseqüências de alguns críticos. Estranharia, destarte, se esses comunistas que sequer leram Marx e com certeza passam longe dos documentos da Igreja, tivessem entendimento para aceitar as admoestações papais. Entristecedor mesmo é ver católicos concordando com esse tipo de crítico.

            Já se disse neste espaço que a Igreja, pelos seus mais importantes pensadores, em especial os Pontífices, que se manifestam de forma firme e convicta por intermédio de Cartas Encíclicas, têm condenado com veemência o socialismo/comunismo, desde Pio IX, exatamente porque “a doutrina marxista é intrinsecamente má”, segundo as anatematizadoras palavras de Pio XI. De igual modo, Leão XIII, que no final do século XIX compreendeu como poucos as transformações sociais do seu tempo, atento estava para a pregação da miséria socialista disfarçada de solidariedade humana: “Peste mortífera que invade a medula da sociedade humana e a conduz a um perigo extremo.” (Cf a Encíclica “Quod Apostolici Muneris).

O Papa Pio XI, que governou a Igreja durante os angustiosos anos em que a revolução comunista ascendeu ao poder na Rússia, tendo presenciado as perseguições, prisões e assassinatos de cristãos apenas pelo fato de professarem sua fé, escreveu dezenas de documentos condenando a falsa doutrina comunista, “que se apresenta sob a máscara de redenção dos humildes.” Na longa Encíclica “Divinis Redemptoris” (1937), Pio XI alerta para o pseudo ideal de fraternidade universal pregado pelos marxistas, lembra que eles abominam a religião porque dogmaticamente se fundamentam em princípios materialistas e, disseminando o ódio e a violência “se esforçam por tornarem mais agudos os antagonismos que surgem entre classes, tão cheios, infelizmente, de ódios e de ruínas, tomem o aspecto de uma guerra santa em prol do progresso da humanidade; e até mesmo, porque todas as barreiras que se opõem a essas sistemáticas violências, sejam completamente destruídas, como inimigas do gênero humano.”

            Na verdade, observando principalmente o que ocorria com o povo russo, escravizado pela ditadura do proletariado aprofundada pela crueldade de Stalin, o Papa Pio XI, alerta para o fato de que “o comunismo despoja o homem da sua liberdade na qual consiste a norma da sua vida espiritual; e ao mesmo tempo priva a pessoa humana da sua dignidade, e de todo o freio na ordem moral, com que possa resistir aos assaltos do instinto cego. E, como a pessoa humana, segundo os devaneios comunistas, não é mais do que, por assim dizermos, uma roda de toda a engrenagem, segue-se que os direitos naturais, que dela procedem, são negados ao homem indivíduo, para serem atribuídos à coletividade.” Com efeito, para o comunista é irrelevante princípios hierárquicos e de autoridade, em especial se procedem de Deus. A verdade torna-se algo relativo porque tudo é pensado e realizado em função do dogma revolucionário. Isto significa dizer que nem pai, nem mãe, nem parentes, nem amigos merecem respeito se não estiverem alinhados com o projeto de poder coletivo.

            Fanáticos disseminadores do ódio, incansáveis pregadores da insurreição contra tudo o que é Deus, como a cumprir a profecia de Tessalonicenses 1.4, os socialistas/comunistas vão impunemente fazendo a sua pregação delituosa sem que haja vozes suficientes para fazer com que eles se calem. Poucos, como Pio XI, clamam no deserto e, diante das artimanhas camaleônicas e disfarces do monstro marxista, constatam que o apóstolo Paulo tinha razão: “O mundo jaz no maligno”. Tantos são aqueles que dentro da própria Igreja aceitam a ação deletéria dos marxistas, ação destruidora dos lídimos valores cristãos. Como conseguem tal intento esses disseminadores do vírus comunista? Pio XI já identificara o mal na Encíclica em questão: a máquina de propaganda criada pelo Estado soviético já nos primeiros momentos da implantação da ditadura do proletariado. “A difusão tão rápida das ideias comunistas que se vão sorrateiramente infiltrando nos países grandes ou pequenos, cultos ou menos civilizados, e até nas partes mais remotas do globo, tem sem dúvida por causa esse fanatismo de propaganda encarniçada como talvez nunca se viu no mundo.” Lembra o pontífice que “essa propaganda dispõe de grandes meios financeiros, de inúmeras organizações, de congressos internacionais concorridíssimos, de forças compactas e bem disciplinadas; propaganda quer por jornais, revistas e folhas volantes, pelo cinema, pelo teatro, pela radiofonia, pelas escolas enfim, e pelas universidades, pouco a pouco vai invadindo todos os meios, ainda os melhores, sem se darem talvez pelo veneno que cada vez mais vai infeccionando os espíritos e os corações.”

            Aqui cabe chamar a atenção para uma paradoxalidade. Os militares brasileiros protagonizaram em 1964 um movimento de reação ao processo revolucionário que estava prestes a transformar o Brasil em nova Cuba na América Latina. Afastado o perigo imediato, depois de um processo de vinte anos de acomodação democrática, deixam o poder, o qual foi retornando aos poucos às mãos daqueles que sempre pregaram a ditadura do proletariado e, consequentemente, a destruição da democracia. O que fizeram os verdadeiros democratas, os patriotas fardados em especial? Mergulharam no silêncio e no ostracismo desejado, cruzaram os braços. Enquanto isso, revolucionários e ex-terroristas, que mesmo sob o regime autoritário encontraram vários meios de continuar a pregação comunista, agora cavalgando o velho e farsante discurso de paladinos da democracia, se assenhorearam das instituições públicas e da  máquina do Estado. Deu nisso que estamos vendo aí. O povo brasileiro, depois de ter se livrado de uma cleptocracia marxista que antes ascendera ao poder dentro dos trâmites democráticos, está na iminência de ser novamente assaltado.

            Enfim, o mundo já viu como agem os Estados policialescos governados por comunistas. Caso exemplar é a Rússia soviética, as ditaduras comunistas do Leste europeu. Continua a presenciar essa maldição na China, na Coreia do Norte, em Cuba, na vizinha Venezuela. Porém, não poucos continuam cegos e surdos aos gritos de socorro dos povos desses países. Pior, muito pior: alguns os têm como governos que devem servir de exemplo para a nossa Pátria. Vade retro!!!

 

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