terça-feira, 18 de outubro de 2022

OS PAPAS E O COMUNISMO - Parte 4

                                                                              


Barros Alves

Constitui algo verdadeiramente estranho, senão digno de estudos por parte de especialista em doenças psíquicas, o fato de que pessoas bem formadas e bem informadas se alinhem em pensamento e militância política à doutrina marxista. Por todas as misérias que causaram nos países em que foram implementadas experiências socialistas, é inconcebível que as idéias exposadas por marxistas, ainda hoje, em pleno século XXI, depois dos fiascos em que se transformaram, sejam acolhidas por gente culta, em especial no meio universitário. Essa “doutrina pestilencial”, para usar a feliz expressão do Papa Pio XI, de fato parece ser um caso de desvio mental, psicopático. Esse vírus ideológico, disseminado entre nós com maior vigor desde há cem anos, com a criação do Partido Comunista do Brasil, em 1922, tem feito estragos nas mentes de muitos brasileiros, em especial da juventude. Ataca os neurônios das pessoas com tal capacidade de deformá-los, que os impulsos enviados por eles ao cérebro de uma pessoa doutrinada por um socialista/comunista são distorcidos a ponto de não perceberem a elementar diferença entre o bem e o mal, levando-a a uma total alienação.

Com efeito, expressa bem essa constatação do marxismo como doença, a definição que o próprio Lênin deu à porralouquice dos radicais que intentaram impedir a necessária abertura econômica no limiar do governo dos sovietes, diante do fracasso das medidas adotadas pelo comunismo nascente. Diante das pressões para não decretar uma Nova Política Econômica (NEP), só conseguida a muito custo em 1923, já no ano de 1920 Lênin escreveu a obra intitulada “Esquerdismo, doença infantil do comunismo.” Na verdade, socialismo, comunismo, esquerdismo, trotskismo, bolivarianismo, lulopetismo e todos os demais ismos cuja raiz está assentada na doutrina malsã saída de um cérebro doentio como o de Marx, são todos uma doença.

No Brasil dos dias que correm há um séquito de pessoas, – artistas, professores, religiosos etc -, algumas com elevada capacidade de influenciar outras em suas áreas de atuação, notadamente em redes sociais, que intentam convencer a população de que o retorno de um político notória e moralmente desqualificado ao comando do governo central é algo proveitoso para a nação brasileira. Entre essas figuras que detêm deletéria liderança, desenvolvem um proselitismo nefasto e por todos os motivos condenável, encontram-se alguns prelados da Igreja Católica e de denominações protestantes, nestas bem menos do que naquela. Esses líderes religiosos cavalgam doutrinas teológicas que se harmonizam com a “doutrina pestilencial” do socialismo/comunismo e, portanto, se arrimam em tenebrosos intentos que não se coadunam em hipótese alguma com as doutrinas cristãs assentadas nos Evangelhos e nos escritos de Pais e Padres da Igreja cristã, estes fielmente seguidos ao longo do tempo por sucessores apostólicos, homens e mulheres de vida dedicada à causa de Cristo.

Entre aqueles que foram escolhidos para a missão de servir à humanidade pregando as Boas Novas do Reino de Deus, estão os sumos pontífices que dirigem a Igreja Católica Apostólica Romana desde o apóstolo Pedro, primeiro Papa segundo a tradição católica. Nenhum deles, desde que Karl Marx sistematizou sua odiosa doutrina, tem a mínima palavra de aceitação dessa heresia política fundada numa ideologia de desfaçatez, mentira e morte. Isto pelo simples fato de que o marxismo, intrinsecamente materialista e ateu, tem como um dos primordiais objetivos a destruição da civilização cristã, dos valores mais caros àqueles que crêem em Jesus Cristo como Filho de Deus, o Deus encarnado, uma das pessoas da Trindade Divina, o Senhor e Salvador da humanidade. Todos os Papas, desde Pio IX (1792-1878), têm condenado com firmeza e até com veemência, como foi o caso de Pio XI (1857-1939), as idéias marxistas; e definido critérios de punição para todo católico que se filie a partido comunista ou se alie a comunista para a consecução de seus funestos objetivos.

  Bento XV sucedeu a São Pio X, conhecido como “Papa da Eucaristia”, e governou a Igreja de 3 de setembro de 1914 a 22 de janeiro de 1922, tendo, destarte, liderado a Igreja durante os atrozes anos da Primeira Guerra Mundial. Passou os quatro anos do conflito exortando as nações à paz e insistentemente tentou mediar negociações com vistas ao encerramento da guerra. Seu pontificado caracterizou-se pela reforma administrativa da Igreja, a elaboração do Código de Direito Canônico (1917) e a canonização de Santa Joana d’Arc. Bento XV ficou alarmado com a vitória da revolução comunista na Rússia e, sobretudo, com o assassinato da família imperial Romanov, crime que ele condenou com firmeza. Creditava todos esses desatinos, em especial os causados pelo comunismo, ao afastamento do homem de Deus e manifestou seu pensamento pontificial na Encíclica  “Ad Beatissimi Apostolorum”.

Como a apontar o dedo para a Rússia em convulsão, mas também para os países que se digladiavam em guerra, Bento XV escreveu: “Lembrem-se desta verdade os príncipes e governantes dos povos, e considerem se é prudente e seguro que os governos ou os Estados se afastem da santa religião de Jesus Cristo, da qual sua autoridade recebe tanta força e apoio. Que eles considerem repetidamente se é uma medida de sabedoria política procurar divorciar o ensino do Evangelho e da Igreja do governo de um país e da educação pública dos jovens. A triste experiência prova que a autoridade humana falha onde a religião é deixada de lado.” O Papa lembra que com falácias agitadores incutem ódio nos trabalhadores, fazendo com que ajam irracionalmente. “Não é necessário enumerar as muitas consequências, não menos desastrosas para o indivíduo do que para a comunidade, que decorrem desse ódio de classe.”

Os cristãos das mais diversas denominações devem ter bem presente uma realidade palpável, qual seja a estratégia neomarxista que, principalmente a partir do filósofo italiano Antônio Gramsci, abdicando preliminarmente da luta armada, mas em olvidá-la totalmente, usa todos os mecanismos culturais para minar a civilização cristã. Nas escolas, nas igrejas, nos sindicatos, nas associações sócio-culturais e onde mais possa agir para cooptar seguidores, lá estão os agentes da “doutrina pestilencial” a contaminar mentes e corações e, sobretudo, para causar divisões na seara onde trabalha o povo de Deus. As teologias estranhas, como a Teologia da Libertação a agir no campo católico; e a Teologia Integral a disseminar a discórdia no campo evangélico/protestante, distorcem as Boas Novas do Cristo com uma hermenêutica fundada em categorias de análise próprias da dialética marxista. Trata-se de uma estratégia que tem demonstrado eficiência e eficácia na consecução dos demoníacos objetivos. Atentemos, portanto, para a admoestação do Papa Bento XV: “Os inimigos de Deus e da Igreja sabem perfeitamente que qualquer briga interna entre os católicos é uma verdadeira vitória para eles. Por isso, é sua prática habitual, quando vêem os católicos fortemente unidos, esforçar-se por semear habilmente as sementes da discórdia para romper essa união.” Então, o caminho está claro desde os tempos neotestamentários, quando diante dos desvios observados na Igreja da Galácia, o apóstolo Paulo foi preciso ao orientar: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Carta aos Gálatas, cap. 1 – vers. 8). Portanto, atenção redobrada  para as ciladas armadas pelo Coisa Ruim que nestes tempos pós-verdade, mais do que dantes dissemina a mentira e o ódio por intermédio do comunismo ateu. De fato, o Coisa Ruim é o Pai da Mentira, conforme diz a Bíblia. Depreenda-se sem medo de erro, que sendo os socialistas/comunistas pregadores do materialismo sem fé em Cristo, sem Deus, sem espiritualidade cristã, só podem ser seguidores do diabo. Para esses temos a palavra de São João: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Evangelho de São João, cap. 8 – vers. 44).

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