domingo, 16 de outubro de 2022

OS PAPAS E O COMUNISMO parte 2

                                                                                


Barros Alves

Já se disse aqui no artigo anterior que não há nenhuma possibilidade de convergência entre os ensinamentos doutrinais da Igreja e dos Papas com a doutrina marxista, considerada pelo Papa Pio XI como “uma doutrina intrinsecamente má.” Portanto, incorre em grande erro e pecado o cristão que se alinha aos comunistas na busca de alcançar algum objetivo mundano, sobretudo na atividade político-partidária. Constitui pecado grave o voto de um cristão em um comunista ou aliado deles. Lembre-se que durante o pontificado do Papa Pio XII, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé emitiu documento decretando excomunhão “latae sententia” para o cristão que se filie a partido comunista ou com ele colabore. Isto significa dizer que cristãos que se assumirem comunistas ou que colaborarem com os comunistas estão automaticamente excluídos da comunhão da Igreja. E as consequências concretas para os desobedientes são dolorosas. Membros de partidos comunistas ou que colaborem com essa gente, não podem receber os sacramentos nem ser padrinhos de batismo, confirmação e casamento, ficam privados de enterro religioso e sepultura eclesiástica, não se podendo celebrar em público missa em sufrágio de suas almas. Apesar do “aggiornamento” implementado pelo Concílio Vaticano II, essa decisão da Igreja jamais foi revogada. Roma locuta, causa finita!

O discurso socialista/comunista em defesa do pobre não passa de engodo, de farsa, de enganação para a consecução de um poder que inexoravelmente se tornará absoluto e ditatorial, em detrimento das liberdades, em especial da liberdade de expressão religiosa e de culto, uma vez que a essência da doutrina marxista é materialista, o chamado materialismo histórico. A práxis socialista tem demonstrado isto à saciedade nas sociedades em que ascenderam ao poder, com graves perdas para a religiosidade do povo. Tal ocorreu nas ditaduras comunistas do leste europeu subordinadas ao poder Rússia soviética; na China, na Coreia do Norte, em Cuba, na Nicarágua e na Venezuela ainda hoje.

A Igreja cristã sempre se preocupou com os pobres e a pregação de Jesus Cristo, o Filho de Deus, deu importância pobres e excluídos da sociedade, mas não como uma “opção preferencial”, porque Cristo veio para salvar a todo o que nele crê, independente de qualquer situação, aí incluída a situação econômica. O pobre que não se converte também será punido pela Justiça divina. Não devemos perder o foco da Transcendência, “porque o meu reino não é deste mundo” (João 18.36). Sem esquecer também, que devemos depreender dos ensinamentos bíblicos, que Deus quer que cada indivíduo procure seu bem-estar por seu esforço pessoal, amparado pelo Estado, jamais substituído por ele. A Palavra revelada por Deus no escrito neotestamentário, como uma manifestação do Cristo, diz que “os pobres, sempre os tereis convosco, e podeis fazer-lhes o bem quando quiserdes...” (Marcos 14.7). O cuidado dos pobres é um mandamento cristão e deve ser feito sem que seja almejado nada em troca. O que é bem ao contrário da pregação marxista, que usa as massas excluídas com o objetivo definido de incutir-lhe o sentimento do rancor e da violência para realizar a revolução sem Deus.

O Sumo Pontífice Leão XIII governou a Igreja nos anos turbulentos pós Comuna de Paris, no final do século XIX e limiar do século XX, quando os marxistas já disseminavam suas doutrinas miseráveis na Europa e a trinca Lênin, Trotsky e Stálin trabalhava para transformar a Rússia no inferno em que mergulhou a partir dos anos 1920, com a ascensão de Stálin ao poder dos sovietes, revelando-se o pior assassino de Estado da história da humanidade, em muito ultrapassando a crueldade de seu colega e depois desafeto Adolfo Hitler. Ambos passaram à história como notórios carniceiros, genocidas inigualáveis. Ambos os criminosos continuam com seguidores. A diferença é que o bandido Stálin tem seguidores legalizados; o alemão tem seguidores disfarçados.

Leão XIII escreveu vários documentos nos quais expressa sua preocupação com a disseminação da miséria marxista pela Europa e pelo mundo. Entre os quais assomam as Encíclicas “Quod Apostolici Muneris”, na qual condena com veemência o  socialismo e o comunismo; e a famosa “Rerum Novarum” em que aborda a péssima condição dos operários naquele momento de desenvolvimento industrial que em falecia os mínimos direitos dos trabalhadores. Os socialistas, com a artimanha que lhes é peculiar, normalmente se referem a esta Encíclica como um documento da Igreja que se coaduna com as ideias socialistas. Menos verdade! Nesta como na citada anteriormente, Leão XIII condena claramente o socialismo, considerando que “os socialistas instigam nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem.” Observa o Sumo Pontífice, que essa pregação “é sumamente injusta por violar direitos legítimos dos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social.”

Na “Rerum Novarum” Leão XIII trata amplamente da importância da família, a qual seria sumamente prejudicada em caso da adoção de um sistema coletivista na sociedade. Segundo o Pontífice, “além da injustiça do seu sistema, vêem-se bem todas as suas funestas consequências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria. Por tudo o que nós acabamos de dizer, se compreende que a teoria socialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiar-se como prejudicial àqueles membros a que se quer socorrer, contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnaturando as funções do Estado e perturbando a tranquilidade pública. Fique, pois, bem assente que o primeiro fundamento a estabelecer por todos aqueles que querem sinceramente o bem do povo é a inviolabilidade da propriedade particular.” Morto em 1903, o Santo Padre Leão XIII felizmente não viveu para ver a imensa desgraça que o marxismo-leninismo causou na Rússia a partir de 1917 e continua a causar em todo o mundo.

A Encíclica “Quod Apostolici Muneris”, de dezembro de 1878, contém um alerta e uma admoestação profética sobre os males do socialismo e do comunismo. Fazendo uma analogia entre socialismo, comunismo e niilismo, diz Leão XIII que esses “quase bárbaros” negam a autoridade divina e, “espalhados sobre toda a superfície da Terra, e estreitamente ligados entre si por um pacto de iniquidade”, agem desenvoltamente para destruir os valores mais caros da sociedade cristã. E lembrando em que se esteia a moral dos socialistas, assevera: “A união natural do homem e da mulher, sagrada até entre as próprias nações bárbaras, eles a desonestam; e este laço, no qual se encerram principalmente a sociedade doméstica, enfraquecem-no e até entregam ao mero capricho da sensualidade.” Vejam a atualidade dessa observação. Atualmente, a nefasta ideologia de gênero nada mais é do que uma nova nomenclatura para a desgraça que os socialistas pregam desde há muito. Os métodos da canalha são os mesmos, apenas com disfarces de adaptação a cada circunstancia temporal. Noutro pé, escreve o Santo Padre: “E estes monstruosos erros, eles os proclamam em suas reuniões, os advogam nos seus panfletos e os semeiam entre o povo por meio de uma nuvem de jornais.” Isto nos confirma o fato de que os meios de comunicação sempre foram sensíveis a caminhar para o conluio com a maldade dos homens.

Essa Encíclica é um dos mais respeitáveis e sagrados documentos da Igreja que trata da desgraça do socialismo, “a fumaça de Satanás” que entrou pelas frestas da Igreja Católica por intermédio da malfazeja Teologia da Libertação. Escrita há 144 anos, continua de uma atualidade ímpar. Imprescindível é a sua leitura para todo o cristão que deseja aclarar sua mente e não soçobrar na ignorância que leva ao pecado por desleixo intelectual. Transcrevo, por final, um excerto basilar dessa maravilhosa Encíclica, em que Leão XIII admoesta os bispos e padres: “É necessário, além disto, que trabalheis para que os filhos da Igreja Católica não ousem, seja debaixo de que pretexto for, filiar-se na seita abominável, nem favorecê-la. E também que por ações nobres e pela honradez do seu comportamento mostrem como a sociedade humana seria feliz se cada um dos seus membros brilhasse pela retidão dos seus atos e de suas virtudes.” Enfim, a quem é dado conhecer a doutrina da Igreja e estimar seus ensinamentos saberá que o marxismo, socialismo, comunismo ou que nome lhe for dado, não passa de um caminho que leva à miséria na vida terrena e à perdição na vida eterna que virá. 

 

           

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