Barros Alves
O vocábulo que
encima estas linhas pode ser objeto de muitas elucubrações semânticas. Mas, me
conservo no terreno da Política para explicá-lo. Não sem antes lembrar ao caro
leitor que a Política é arte de bem gerir a coisa pública na busca do bem-estar
do povo. Tal missão, tão honrosa quanto difícil, principalmente quando se está
cercado de incompetentes e de oportunistas, não tem sido bem desempenhada pelo
senhor Camilo Santana, governador do nosso tão sofrido quanto silente Estado.
Não há exagero, portanto, se afirmarmos que do primitivo vocábulo “Camilo”,
tem-se derivado em profusão as “camilices”, substantivo impróprio, no caso
especial, que bem rima com mesmices, estultices, politiquices. A mesmice fica por
conta da continuidade do governo antecessor, cheio de marmotas que agora
começam a aparecer, a exemplo dos 150 milhões de reais (o projeto total passa
dos 400 milhões) já enterrados na construção de uma “mansão pra peixe”, projeto
esdrúxulo, megalomaníaco, exibicionista, sem qualquer vínculo com as
prioridades da população. O governo das camilices não teve força nem vontade,
nem força de vontade (com o perdão do malabarismo verbal) para dar à obra uma destinação
mais consentânea com as necessidades do povo. O Ministério Público saberá
fazê-lo, assim esperamos. Da insegurança pública nem falo, porque a situação é
caótica e a incompetência do governo proverbial. A estultice fá-lo repetir que “está
tudo sob controle”. Certamente sob o controle das organizações criminosas,
segundo o entendimento da população acossada. Aliás, essa estultice é uma
consequência natural de quem se submete à condição de fantoche de um grupo,
cujo chefe maior se notabilizou pelo destempero político e pela instabilidade emocional,
que o leva a desatinos verbais e até físicos, no trato com adversários e
correligionários. Todavia, a rima mais bem posta e assentada para “camilice”,
no terreno político partidário, é a (re)união do governador petista com o
senador golpista, digo, emedebista, Eunício Oliveira. O governador que não tem
vida política ensaia uma comédia. Pode ser uma tragicomédia. Seus chefes
desancam o presidente do Senado, mas o governador do partido que acoima
raivosamente os emedebistas de golpistas, e que vai beijar a mão do presidiário
líder de seu partido em sinal de fidelidade e afeto, é o mesmo que para se
reeleger, numa jogada mortal, vende a alma ao diabo, mandando às favas o
discurso de protagonismo da boa Política. Engendra a nova união com o
adversário sazonal, arrostando a ira dos patronos e os apupos da população. Ora, diante de tudo o que se está vendo na
seara das negociações pré-eleitorais no Ceará, é correto afirmar que o vocábulo
“camilice” não apenas rima bem com politiquice. Talvez seja melhor rimá-lo com
canalhice.
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