segunda-feira, 7 de maio de 2018

CAMILICES




                                                                               

Barros Alves

O vocábulo que encima estas linhas pode ser objeto de muitas elucubrações semânticas. Mas, me conservo no terreno da Política para explicá-lo. Não sem antes lembrar ao caro leitor que a Política é arte de bem gerir a coisa pública na busca do bem-estar do povo. Tal missão, tão honrosa quanto difícil, principalmente quando se está cercado de incompetentes e de oportunistas, não tem sido bem desempenhada pelo senhor Camilo Santana, governador do nosso tão sofrido quanto silente Estado. Não há exagero, portanto, se afirmarmos que do primitivo vocábulo “Camilo”, tem-se derivado em profusão as “camilices”, substantivo impróprio, no caso especial, que bem rima com mesmices, estultices, politiquices. A mesmice fica por conta da continuidade do governo antecessor, cheio de marmotas que agora começam a aparecer, a exemplo dos 150 milhões de reais (o projeto total passa dos 400 milhões) já enterrados na construção de uma “mansão pra peixe”, projeto esdrúxulo, megalomaníaco, exibicionista, sem qualquer vínculo com as prioridades da população. O governo das camilices não teve força nem vontade, nem força de vontade (com o perdão do malabarismo verbal) para dar à obra uma destinação mais consentânea com as necessidades do povo. O Ministério Público saberá fazê-lo, assim esperamos. Da insegurança pública nem falo, porque a situação é caótica e a incompetência do governo proverbial. A estultice fá-lo repetir que “está tudo sob controle”. Certamente sob o controle das organizações criminosas, segundo o entendimento da população acossada. Aliás, essa estultice é uma consequência natural de quem se submete à condição de fantoche de um grupo, cujo chefe maior se notabilizou pelo destempero político e pela instabilidade emocional, que o leva a desatinos verbais e até físicos, no trato com adversários e correligionários. Todavia, a rima mais bem posta e assentada para “camilice”, no terreno político partidário, é a (re)união do governador petista com o senador golpista, digo, emedebista, Eunício Oliveira. O governador que não tem vida política ensaia uma comédia. Pode ser uma tragicomédia. Seus chefes desancam o presidente do Senado, mas o governador do partido que acoima raivosamente os emedebistas de golpistas, e que vai beijar a mão do presidiário líder de seu partido em sinal de fidelidade e afeto, é o mesmo que para se reeleger, numa jogada mortal, vende a alma ao diabo, mandando às favas o discurso de protagonismo da boa Política. Engendra a nova união com o adversário sazonal, arrostando a ira dos patronos e os apupos da população.  Ora, diante de tudo o que se está vendo na seara das negociações pré-eleitorais no Ceará, é correto afirmar que o vocábulo “camilice” não apenas rima bem com politiquice. Talvez seja melhor rimá-lo com canalhice.  

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