sábado, 30 de julho de 2022

ADÉLIO BISPO E O MÉTODO STALINISTA: UMA ANALOGIA

 

Barros Alves

 

            As pessoas minimamente bem informadas têm ciência de como agem os ditadores e líderes de regimes autoritários, tais como Hitler, Mussolini e Stálin, neste pé assemelhando-se sem qualquer divergência na prática criminosa, o nazismo, o fascismo e o comunismo. E, diga-se de passagem, que nesse desiderato de disseminar o terror, o comunista Stalin recebe nota avaliativa “summa cum laude” em relação aos seus iguais na arte de aterrorizar e matar adversários políticos e pretensos inimigos. A história registra em profusão que o regime comunista da falecida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS, sob o reinado de Stálin, matou mais gente em tempo de paz, do que o nazismo o fez em tempo de guerra. Basta lembrar o Holodomor, ou seja, a morte planejada pela fome, de cerca de cinco milhões de ucranianos, uma ação determinada pelo Czar comunista com o objetivo de dobrar a cerviz daquele povo,  submetido ao tacão da bota stalinista, genocídio que ocorreu entre os anos de 1929 e 1931. (Cf. A FOIME VERMELHA - A GUERRA DE STALIN NA UCRÂNIA, de Anne Applebaum. Editora Record, Rio de Janeiro, 2019, 559 páginas).

            Stalin foi um bandido perfeito desde a juventude, que conseguiu ascender ao poder do Estado soviético exatamente porque o terreno da ideologia partidária assentada no marxismo-leninismo é terreno fértil para a farsa, o engodo, o crime. Partidos marxistas ou similares são naturalmente organizações criminosas, posto que arrimam suas ações na busca da consecução de ideais revolucionários, quer no ambiente de guerra cultural ou no exercício da luta armada. Stalin foi gestado e cevado nesse ambiente tenebroso, alteando-se, posteriormente, como um líder da criminalidade de Estado. Era inteligente, corajoso, ousado, violento, dotado de uma firme personalidade aliada a um caráter férreo, forjado na escola da formação revolucionária, onde impera o princípio de que os fins justificam os meios. Lênin não o queria como sucessor apesar de lhe ser devedor e de admirá-lo como um “quadro de excelência”, pela frieza e pelo pragmatismo em defesa da Revolução. Stalin, porém, arrostou os obstáculos internos, destruindo literalmente todos os seus adversários e sagrando-se o todopoderoso do Império Soviético, depois da morte de Lênin. No poder, Stalin cria uma estratégia de matança de adversários tanto em nível interno quanto em nível internacional. Sofreram perseguição política, tortura e morte, os anarquistas, trotskistas e militantes de quaisquer grupos que potencialmente fossem concorrentes do implacável ditador vermelho. A propaganda comunista acusava os próprios adversários ideológicos de serem o criminosos, para também executá-los depois de julgamentos farsantes. Era assim que agiam e ainda hoje agem os comunistas.

As observações anteriores vêm a propósito de um fato que se nos apresenta a um palmo do nosso nariz, mas para o qual não temos dado a devida importância, por desconhecimento histórico ou mesmo desleixo político. Em 2018, durante a campanha eleitoral, um indivíduo enfia uma faca na barriga de um candidato a presidência da República. Pobre, desempregado, esse sujeito perambulava com vários celulares, computador e dinheiro para viagens e hospedagens. Tão logo foi preso pelo crime, apareceram caídos do céu (literalmente, pois desceram em avião particular), para defender o terrorista, dois advogados, cuja banca não é dado ser contratada por gente da plebe. Até hoje nenhuma explicação foi dada para o milagre de tão pressurosa e eficiente, quanto piedosa defesa do quase assassino. Só um idiota, imbecil ou cúmplice acredita na versão de que o terrorista chamado Adélio Bispo agiu solitariamente.

            Depois, em 2019, lá vem um laudo em que define o bandido como vítima de mal psíquico, definido como “transtorno delirante permanente paranóide”. Essa condição de paciente o torna incapaz de responder pelo abominável crime perpetrado em praça pública. O magistrado que ouviu o terrorista ex-membro do PSOL, reconheceu a inimputabilidade e determinou a realização de novos exames, os quais foram realizados há cerca de cinco dias e que somente serão divulgados na próxima semana. Diante do atual momento político brasileiro, em que a esquerda dissemina mentiras a granel com o apoio de um sistema judiciário e comunicacional eticamente podre, não duvidem se o laudo for favorável ao terrorista Adélio Bispo. Ele será posto em liberdade e queira Deus que os mandantes da tentativa de assassinato não o matem e apontem o dedo imundo acusatório para a direita, em especial, para o presidente da República.

            Aqui cabe, por pertinente, analogia histórica dos tempos em que o bandido Stalin preparava a Revolução comunista na velha Rússia, no limiar do século XX. A história é icônica e o relato pode ser lido no livro O JOVEM STALIN, de autoria do historiador e jornalista Simon Sebag Montefiore (Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2008, 528 páginas). O excerto que ora transcrevo está nas páginas 229 a 231 da obra em apreço. Ei-lo: A Okhrana, polícia política da Rússia estava a procura de um tal Kamó, agente de Stalin, que julgavam ser o codinome de um ladrão de bancos que abastecia Lênin, chamado Davrichewy. Na verdade, “em 1º de março de 1908, Arsen Karsidze, um ex-bolchevique que estava na cadeia de Kutaísi, revelou que o chefe do assalto ao banco era Simon Ter-Petrossian, conhecido como Kamó, agora preso como “Mirski” na prisão de Alt-Moabit, em Berlim. Outro relatório confirmou que Davrichewy estava exilado na suíça e definitivamente não era Kamó.”

            O autor continua o relato: “O governo do Czar pediu a extradição de Kamó, que encararia a pena de morte. Krássin correu a Berlim para organizar sua defesa e contratou o advogado esquerdista alemão Oscar Kohn. KRÁSSIN ACONSELHO KAMÓ A FINGIR INSANIDADE, PAPEL PARA O QUAL ESTAVA MAIS QUALIFICADO DO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS. KAMÓ COMEÇOU A AGIR COMO UM LOUCO, DE UM MODO QUE ALGUÉM QUE ESTIVESSE REALMENTE PIRADO PODERIA. ELE CONSEGUIU MANTER ESSE DESEMPENHO DURANTE DOIS ANOS INTEIROS. PRIMEIROCOMEÇOU A BERRAR, CHORAR, RASGAR AS ROUPAS, BATER NOS CARCEREIROS...” Essa situação se agravou até que Kamó foi transferido para um hospital psiquiátrico. Ele “imitou outros pacientes e adotou aquele grande clichê da loucura: fingia ser Napoleão.” Esse bem treinado agente stalinista fez o diabo para convencer os alemães de que era louco de fato. Obteve sucesso. Os alemães lavaram as mãos e o entregaram às autoridades russas, para ser julgado pelas cinquenta pessoas por ele assassinados em atentado na cidade de Tíflis. No tribunal Kamó fez mais uma das suas. Em vez de conversar com os advogados encetou diálogo com um passarinho que retirou do bolso. “O premier Stolípin e o vice-rei Vorontsov-Dachkov estavam determinados a enforcá-lo. Mas, seu advogado Kohn arranjou uma tal CAMPANH DE PROPAGANDA EUROPÉIA CONTRA A EXECUÇÃO DO LUNÁTICO QUE STOLÍPIN DECIDIU RELUTANTEMENTE QUE O ENFORCAMENTO “AFETARIA DE MODO DESFAVORÁVEL OS INTERESSES RUSSOS.” (grifos meus). No excelente livro o  interessado poderá ver o restante dessa macabra história de como age um agente comunista. Por agora, vale dizer em face de terroristas que se fazem de louco e de advogados bem pagos por não se sabe quem, que o caso de Kamó  e de Adélio Bispo, definitivamente não constituem mera coincidência. Trata-se, sim, de fatos lineares na história do comunismo internacional.

 

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