Barros Alves
O cinema constitui, inequivocamente, uma
das invenções do engenho humano das mais belas. A um tempo ilude, encanta e
extasia, como a nos dizer que a fantasia é a ilimitada continuação das
realidades palpáveis. E vice-versa! Desde os irmãos Lumière, a quem se atribui a
criação do cinematógrafo, em 1895, o cinema como técnica e como arte expressa a
capacidade do ser humano de expressar todo um universo cultural, ideológico e
estético através da imagem em movimento. Em pouco mais de cem anos de existência,
esse produto artístico-cultural surgido da euforia burguesa em face das
revoluções advindas com a máquina, tem apontado o olhar do ser para o infinito,
porque assentado sobretudo na imaginação que dá ao mito e ao sonho a impressão
de realidade.
No Ceará, é correto afirmar que a
atividade cinematográfica aportou no limiar do século XX, mais precisamente a
1º de abril de 1919, data em que os Anais da história cultural de nosso Estado registra
a exibição do filme “A Procissão dos Passos”. Este primeiro momento do cinema
em plagas cearenses, remete-nos, inexoravelmente, ao pioneirismo de Adhemar
Bezerra de Albuquerque, fundador da ABA Filme (ABA, iniciais do nome dele). Ele
financiou empreitadas como a de Benjamim Abraão, corajoso pioneiro que adentrou
os sertões, para legar à posteridade imagens imorredouras, entre as quais
destacam-se as do já incensado Padre Cícero; e de Lampião, Rei dos Cangaceiros.
Até os dias hodiernos o Ceará tem-se notabilizado na seara da cinematografia.
Assomam entre nós premiados produtores, roteiristas, cineastas, atores e
atrizes do melhor quilate artístico. Sem esquecer dedicados Quixotes da Sétima
Arte, entre os quais destacamos o nome de Eusélio Oliveira.
Por agora, em face de feliz iniciativa
do professor-doutor Régis Frota, funda-se em Fortaleza a Academia Cearense de
Cinema. A ideia surge desde os anos 60/70 do século passado, quando o idealizador
da ACC e outros protagonistas da cena cultural cearense já intentavam criar
entidade que congregasse os amantes, aficionados, estudiosos e pesquisadores da
Sétima Arte. Eis que neste ano da graça
de 2017, sob o signo de largo sonho, a realidade se faz presente. Com uma
formação em que se destacam nomes como Fernanda Quinderé, Ary Bezerra Leite,
Fernando Pessoa de Andrade, Glauber Paiva, Rosemberg Cariry, Wolney Oliveira,
Álder Teixeira, Wilson Baltazar, Pedro Martins Freire, Marcus Fernandes,
Aderbal Nogueira, Pluto, Eduardo Rennó, Messias Adriano, Aurora Miranda Leão, Tibico Brasil,
Santamaria Montalverne e tantos outros de inegáveis qualidades como amantes e
estudiosos da Sétima Arte.
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