Barros Alves
Donald Trump sempre se destacou como um negociador habilidoso, capaz de transformar elogios e gestos de cordialidade em armas estratégicas. O presidente norte-americano sabe jogar e conhece como poucos o tabuleiro escorregadio da diplomacia internacional. Foi forjado não apenas na academia, mas no cotidiano das mesas de negociações de poderosas empresas e aperfeiçoado no cenário público, quando presidiu pela primeira vez os EUA. Trump não desperdiça palavras nem elogios sem calcular os efeitos. Assim, quando elogia Lula, Trump não o faz de forma ingênua; prepara o terreno para a disputa. Ao atrair o presidente brasileiro para o ringue, o presidente norte-americano tenta enquadrá-lo em um jogo que domina com maestria: o da negociação dura, do espetáculo e da exposição pública. E nesse campo, Trump costuma vencer antes mesmo de a luta ser iniciada.
O anúncio de um futuro encontro entre os dois líderes parece menos um gesto diplomático desinteressado e mais um convite para essa luta na arena simbólica da política internacional. Nesse espaço, Trump se sente em casa: domina a retórica, explora contradições e usa a performance como instrumento de poder. Lula, por sua vez, embora experiente, encontra dificuldades para enfrentar esse estilo direto, agressivo e altamente midiático, porque o discurso do líder petista como defensor de liberdades democráticas se desmilingüe diante da práxis política de seu alinhamento com governos totalitários e grupos terroristas como o Hamas.
Não é a primeira vez que Trump mede forças com o Brasil. Em outros momentos ele já criticou duramente a condução da política brasileira, ressaltando a supremacia norte-americana. Na ONU deixou claro o que pensa do governo dominado pelo lulocomunopetismo, adversário ideológico das ideias e modo dele, Trump, governar. Os esquerdistas e a grande mídia liderada pela Rede Globo ressaltam a frase elogiosa de Trump em relação a Lula, mas omitem o cerne da fala: "O Brasil vai mal e sem os EUA o Brasil fracassará.” A afirmação sintetiza a visão de Trump quanto à posição hierárquica dos EUA nas relações internacionais. Para Trump, os Estados Unidos não apenas lideram, mas definem a sobrevivência de seus parceiros. Não é uma especulação. É uma constatação ditada pela história. Com efeito, ele está chamando Lula para um combate no qual se sente invencível. A declaração, de fato, não é apenas uma crítica; é uma demonstração de força, uma reafirmação da liderança norte-americana, em especial quando se trata de defender os princípios democráticos e reafirmar a defesa dos direitos humanos que ele vê sendo desrespeitados no Brasil.
Para observadores sinceros do cenário atual, quando Trump acena positivamente para Lula, não é por afinidade verdadeira. É estratégia pura. Ele oferece tapinhas nas costas apenas para, em seguida, conduzir o adversário ao palco onde domina o espetáculo: a negociação dura, o discurso direto, o embate público. E, nesse estilo, Lula tem pouca margem de manobra. Lula é m anão diplomático, por mais que seus seguidores e a mídia brasileira tentem transformá-lo em um gigante. Aliás, pode até ser. Mas, no sentido bíblico; um gigante dos pés de barro.
Trump, porém, sabe disfarçar o bote. O que parece gesto diplomático é, na prática, uma armadilha. Trump é mestre em inverter os papéis: faz do elogio uma isca, da proximidade uma armadura, e da conversa um campo de batalha. Lula, que se sustenta em narrativas políticas falaciosas, dificilmente conseguiria derrotá-lo nesse terreno. Na arena política ou diplomática Trump está acostumado a dar o tom das regras. E pelo seu poder de interlocução, quase sempre ele já entra vencendo. Trump é um lutador nato da política, sabe transformar o aperto de mão em golpe e o elogio em provocação. Ele não joga para empatar.
Logo depois dos longos 30 segundos de conversa entre Trump e Lula, o chanceler brasileiro Mauro Vieira já acenou que Lula não tem agenda para Trump. Apesar de ter fanfarroneado que queria negociar com Trump em pé de igualdade, Lula sabe que se aceitar o jogo de Trump, corre o risco de ser reduzido a figurante na arena de um mestre das mesas de negociação. Trump não discute, esmaga; não debate, domina. O presidente americano transforma elogios em armadilhas, conversas em espetáculos, e adversários em plateia. Se Lula cair na armadilha que Trump lhe montou, será engolido pelo estilo trumpista. No ringue de Trump, repito, só há espaço para um vencedor — e ele sempre se coloca nesse papel antes mesmo de soar o gongo anunciando o primeiro round.
Aliás, ao dizer que quer se encontrar com Lula na próxima semana, Trump já o colocou nas cordas. Porque só a ingenuidade de uns e a cumplicidade de outros, a grande mídia aí incluída, não sabem que não interessa a Lula resolver os impasses com os EUA. A crise o beneficia. Enquanto ele puder explorar o problema com o discurso de defesa da soberania nacional, não terá espaço na agenda para conversar com o líder da mais importante nação do planeta. Lula é ladino. Mas, muito mais hipócrita e enganador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário