terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Trovando

A trova, forma poética das mais difíceis, para mim se torna mais dispendiosa a tarefa de criá-la, posto que tenho dificuldade de ser conciso. Talvez, em razão das muitas leituras de José Alencar e outros românticos ao tempo da juventude, tornei-me prolixo no escrever. Tenho-me patrulahdo, mas sem muito sucesso.

Ademais, trovar não é nada fácil como reconhecia o maior dos trovadores brasileiros, Adelmar Tavares (1888-1963), membro da Academia Brasileira de Letras e dos poetas mais férteis e inspirados deste País. Adelmar escreveu:

Oh, linda trova perfeita
Que nos dá tanto prazer!
Tão fácil depois de feita
E tão difícil de fazer!

Na verdade gosto do soneto, forma poética perfeita com a qual me atenho mais à vontade. Todavia, vez por outra intento escrever trovas.

Sem sequer ter condições poéticas de desatar as correias das sandálias de Adelmar, tenho cometido algumas trovas. Transcrevo algumas para a sua leitura e crítica. Ei-las:

Já diz antigo ditado
Que o bom Deus é brasileiro.
Mas, decepcionado,
Deus foi morar no estrangeiro.


Deixa-me, cigana, amar
A magia do teu viço
E naufragar neste mar
De mistério e de feitiço.

Uma bela cartomante
Falou-me com mui fervor
E ar de gente importante:
- Só leio cartas de amor...

Oh, mulher dos meus amores!
Dou-te amor fogoso, insano,
Um amor sem pundonores
De nomadismo cigano.

No meu coração cigano
Cabem muitas comensais,
Pois é banquete profano
De mil suspiros e ais.

A minha vida cigana,
Tropel de loucas paixões,
É cavalgada profana
Pontilhada de ilusões.

A cartomante dizia
Ao cliente esperançado:
- Você vai ser macho um dia,
Mas por enquanto é veado...

A cartomante queria
Por fina força acertar
Na sena ou na loteria,
Mas, nada de adivinhar!...

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