Barros Alves
Tu me pedes que eu te ame.
Não precisas pedir, não!
Pois tu és a tsunami
Que invadiu meu coração.
Dentro da trova inspirada
Pelo dom que Deus me deu,
Saiba minha doce amada:
Só cabe você e eu.
O teu beijo não me acalma,
Só me causa mais furor;
Teus olhos queimam minh’alma
Como um fogo abrasador.
Casar é bebida amarga,
Quem casa, eu sei, pouco logra;
A musa muda-se em carga
E em cima da carga a sogra.
Refere velho ditado
Provindo da Catalunha:
Casamento é algo errado,
Precisa de testemunha.
Não vem escrito na testa,
Mas uma verdade encerra:
“Quando o sujeito não presta
Não vale o que o gato enterra.”
Minha mãe já deu o mote
Para o filho e para a filha:
“Quem não puder com o pote
Que não pegue na rodilha.”
Aos babões de qualquer faixa
Honra e vergonha falecem:
“Todo o que muito se abaixa
Os fundilhos aparecem.”
O preguiçoso é maldito,
Ser vadio e sem nobreza.
“A preguiça – está bem dito –
É a chave da pobreza.”
O trabalho é um inferno,
Pois salve melhor juízo,
Antes, nosso Pai Eterno,
Nos botou num paraíso.
Erra quem prega evangelho
Do trabalho e da labuta.
Eis pensar de asno velho
De mentalidade bruta.
O operário se esbalda
Trabalhando em profusão,
Mas não é ele quem salda,
Só enriquece o patrão.
Antigo provérbio atesta
A cristãos e a judeus:
“Quem dá aos pobres empresta
E, infelizmente, adeus!!!”
Passeio de bicicleta,
Correr não é pra mim, não!
“Rico correndo é atleta,
Pobre correndo é ladrão.”
Fui a umas passarelas
Ver desfile de renome.
Tive dó das magricelas...
Estarão passando fome?!
Paguei pra ver a estética,
Ver beleza e formosura;
Vi um bando de esqueléticas
Balançando a ossatura.
Há gente neste momento
Ensinando verso e prosa.
Falta pouco pra jumento
E pensa ser Rui Barbosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário