terça-feira, 30 de agosto de 2022

TROVA VÁRIA

 

Barros Alves

 

 Tu me pedes que eu te ame.

Não precisas pedir, não!

Pois tu és a tsunami

Que invadiu meu coração.

 

Dentro da trova inspirada

Pelo dom que Deus me deu,

Saiba minha doce amada:

Só cabe você e eu.

 

O teu beijo não me acalma,

Só me causa mais furor;

Teus olhos queimam minh’alma

Como um fogo abrasador.

 

Casar é bebida amarga,

Quem casa, eu sei, pouco logra;

A musa muda-se em carga

E em cima da carga a sogra.

 

Refere velho ditado

Provindo da Catalunha:

Casamento é algo errado,

Precisa de testemunha.

 

Não vem escrito na testa,

Mas uma verdade encerra:

“Quando o sujeito não presta

Não vale o que o gato enterra.”

 

Minha mãe já deu o mote

Para o filho e para a filha:

“Quem não puder com o pote

Que não pegue na rodilha.”

 

Aos babões de qualquer faixa

Honra e vergonha falecem:

“Todo o que muito se abaixa

Os fundilhos aparecem.”

 

O preguiçoso é maldito,

Ser vadio e sem nobreza.

“A preguiça – está bem dito –

É a chave da pobreza.”

 

 

O trabalho é um inferno,

Pois salve melhor juízo,

Antes, nosso Pai Eterno,

Nos botou num paraíso.

 

Erra quem prega evangelho

Do trabalho e da labuta.

Eis pensar de asno velho

De mentalidade bruta.

 

O operário se esbalda

Trabalhando em profusão,

Mas não é ele quem salda,

Só enriquece o patrão.

 

Antigo provérbio atesta

A cristãos e a judeus:

“Quem dá aos pobres empresta

E, infelizmente, adeus!!!”

 

Passeio de bicicleta,

Correr não é pra mim, não!

“Rico correndo é atleta,

Pobre correndo é ladrão.”

 

Fui a umas passarelas

Ver desfile de renome.

Tive dó das magricelas...

Estarão passando fome?!

 

Paguei pra ver a estética,

Ver beleza e formosura;

Vi um bando de esqueléticas

Balançando a ossatura.

 

Há gente neste momento

Ensinando verso e prosa.

Falta pouco pra jumento

E pensa ser Rui Barbosa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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