quarta-feira, 30 de junho de 2010

Os ventos mudam no cenário político-eleitoral cearense

O cenário político do Ceará, há um mês, apresentava-se modorrento. Como a água, avizinhava-se um processo eleitoral incolor, inodoro e insípido. Mas, como já dizia o grande estadista alemão Bismarck - e não Gonzaga Mota, que o copiou e o vulgo ignaro seliu a frase como sendo do ex-governador cearense -, "a Política é movida pela dinamicidade que lhe é inerente e característica".

De um momento para outro as coisas mudaram. Bastou o galego desesperançar-se de um apoio do governo neosocialista à sua candidatura à reeleição, que jamais viria. Revoltado, o Senador Tasso Jereissati, que cometeu o erro de levar seu partido a apoiar o governo Cid Gomes, deu adeus aos seus aliados e criaturas políticas, os Ferreira Gomes.

O PSDB lança candidato. O nome lançado é outro erro. Não pelo que representa em termos políticos nem pela qualidade moral do postulante tucano à governaça estadual. O problema reside no fato de que o PSDB escolheu o deputado Marcos Cals para a missão. Cals exerceu o cargo de Secretário de Justiça até um dia destes e saiu do governo não por discordar de alguma coisa, mas jungido pela legislação eleitoral, que exige de candidatos a renúncia a cargos de confiança.

Qual será o discurso de Marcos Cals em relação ao governo do qual fez parte até ontem? Apesar da memória curta e despolitização de nosso povo, não sejamos ingênuos a ponto de olvidar até a inteligência dos formadores de opinião. Cals terá trabalho em encontrar a palavra certa para a crítica certeira. Está moralmente amarrado ainda que intente tal façanha, uma vez que ao bater no governo estará batendo em si mesmo.

Resta-nos a esperança de que a candidatura de Lúcio Alcântara, derrotado por Cid em 2006 com o apoio de Tasso, possa surtir efeitos concretos de uma oposição verdadeira e sem destemor.

Infelizmente, tal a desmoralização geral, as vozes da esquerda já não soam como hinos aos ouvidos do povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário