quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Expresso Tiririca


Sob o título "Expresso Tiririca", o Jornalista Fernando Barros da Silva fez publicar no Jornal Folha de São Paulo (ed. 24/08/2010) artigo identificador da situação depauperada em que se encontra a política brasileira sob o governo lulo-comuno-petista. Trata-se, de fato, de um processo estarrecedor da desmoralização do atividade político partidária que entre nós virou concretamente uma piada.

"Se a política é uma palhaçada, vote no palhaço. Resumida a seu cerne, é essa a mensagem em torno da qual Tiririca faz sua campanha para deputado federal pelo PR de São Paulo. O Congresso seria um circo, e o "abestado" pede seu espaço no picadeiro.
"O que é que faz um deputado federal?", pergunta o humorista. E responde: "Na realidade eu não sei, mas vota em mim que eu te conto". Seu bordão mais famoso diz: "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica". Tornou-se um sucesso instantâneo.
Ao fazer da desmoralização da política uma bandeira, razão e causa da sua candidatura (disposta a "avacalhar o avacalhado"), Tiririca se põe, à primeira vista, como mais um herdeiro do "voto Cacareco".
Era, como se sabe, o nome do rinoceronte do zoológico paulistano que recebeu, em fins dos anos 1950, mais votos do que qualquer outro candidato a vereador, tornando-se um caso célebre de voto nulo e por isso sinônimo do voto de protesto.
Mas Tiririca não está no zoológico. Ele é um "puxador de votos", a estrela do programa do PR. Sua galhofaria se destina a eleger -aí sim- uma boa bancada de rinocerontes do PR, o antigo PL, partido do mensaleiro (e também candidato) Valdemar Costa Neto. Tiririca não é um palhaço, é um biombo. Atrás dele, vão os verdadeiros artistas do circo fisiológico que o lulismo (e agora Dilma) alimenta.
Se você reparar na campanha do idiota útil na TV, verá que a propaganda exibe o nome de Mercadante, candidato a governador de SP. Tiririca não é, pois, um "outsider", uma aberração avulsa do processo eleitoral, mas alguém estrategicamente patrocinado pelo bloco que detém hoje o poder hegemônico.
Escarnecendo da política para dela se beneficiar, Tiririca é menos uma ameaça individual do que a face caricata de um sistema político que se tornou imune aos escândalos em série que fabrica. Ele de certa forma realiza a profecia de Delúbio Soares, para quem o mensalão um dia iria virar "piada de salão". (Do Jornal Folha de São Paulo)

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