quinta-feira, 28 de julho de 2011

Trovas de ontem e de hoje

Enquanto o inverno demora,
o Nordeste em combustão
clama, pede, grita e chora
por um pedaço de pão.

A mulher, talvez por ser
um pedacinho da gente,
jamais deveria ter
este gênio de serpente.

Em meu jazigo gravados,
Escritos em garrafais:
“Foi verdugo dos malvados
E terror dos maiorais”

Sou discípulo de Gregório
de Matos Guerra, o poeta
que não perdoou finório
sem deixar de ser esteta.

Um comentário:

  1. Pois bem, você me fez lembrar do poeta Manoel Xudu, pernambucano, com duas sextilhas que foram gravadas pela extinta banda "Cordel do fogo encantado", antológicas:

    O Sabiá no sertão
    quando canta me comove
    passa três meses cantando
    e sem cantar passa nove
    porque tem a obrigação
    de só cantar quando chove.

    Outra:
    Quando chove no sertão
    O sol deita e a água rola
    o sapo vomita espuma
    onde o boi pisa se atola
    e a fartura esconde o saco
    que a fome pedia esmola.

    Saudações cordelísticas,
    Geraldo Sales
    gdosales@gmail.com
    twitter.com/GeraldoSales

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