domingo, 27 de agosto de 2017

POEMA PARA MINHA TERRA

Barros Alves

Basta-me o cheiro sertanejo da caatinga
quando o sol se insinua assim, devasso,
e vem roubar os olhares das meninas
que nos quintais pirateiam sonho e afagos.

Basta-me o pôr do sol, vermelhidão
de lábios carmesins em oferenda,
poema aceso, virgem flor agreste,
o cheiro das mulheres do sertão.

Basta-me o anoitecer de plenilúnio,
o olhar de Deus espreitando na amplidão,
as conversas matutas no terreiro
e os amores a medo sob estrelas.

Bastam-me madrugadas e cantares
e a musicalidade violeira.
Um verso, uma cachaça, um olhar furtivo,
Um beijo na morena mais brejeira.

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