sexta-feira, 13 de outubro de 2017

TEMPUS FUGIT*



Barros Alves

Aos conselhos maternos me fiz mudo,
Radicado em potente rebeldia,
Com os prazeres da vida me iludia,
Tinha a altivez de quem já sabe tudo.

Pau era pedra, como eu insistia;
E pedra pau, essência e conteúdo.
Hoje maduro e menos cabeçudo
Já vou descendo a minha escadaria.

O tempo está perdido. Não me iludo!
Recuperá-lo? Impossível agora.
O danado se foi levando tudo...

É como disse o grande Augusto outrora:
 - Para iludir minha desgraça estudo.**
“Quem perde o tempo eterna perda chora.”***


*Palavras contidas em verso do poeta romano Publius  VERGILIUS Maro (70-19 a. C.), nas Geórgicas.  Quer dizer “O tempo foge”

*Primeiro verso do POMEA NEGRO, de Augusto dos Anjos.

**Verso atribuído a Olavo Bilac. Dístico escrito no pátio interno do Colégio Sete de Setembro, Av. do Imperador, Fortaleza.

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