SONETOS EM MEMÓRIA DE MEUS PAIS
I
Mestre Zé Barros tinha força e raça,
Não era homem para brincadeira,
Um artista, seleiro de primeira,
Versado no forró e na cachaça.
Boa vida, boêmio, boa praça,
Pé de valsa, dançava a noite inteira,
Não levou uma vida rotineira
Esse cabra da peste de Mombaça.
Foi o meu pai um Dom Juan na aldeia.
Era bondoso, às vezes iracundo,
Irado ele tornava a coisa feia...
Não aturava malandro, vagabundo,
Com ele cabra ruim era na peia,
Foi esse homem que me pôs no mundo.
II
Mas o velho Zé Chico da Caiana
Fez-me o filho adotivo assaz querido,
Adotou-me quase recém-nascido,
Para acolher-me nem bateu pestana.
Mercê de Deus eu fui um escolhido
Por família católica, puritana,
De gente pobre, mas honesta e lhana,
Tornando-me um menino mui valido.
Zé Chico ensinou-me a ser temente,
Só a Deus e a ninguém mais no mundo
Inda que seja o homem mais valente.
Homem de brios foi meu pai segundo,
Cujos valores guardo eternamente
Tendo por ele sempre amor profundo.
III
O meu terceiro pai foi meu irmão
De nome João, apelidado Joca.
Um nome que meu pensamento invoca
Com sentimento de veneração.
Ele detinha um largo coração...
Sempre que rezo é Deus quem me convoca
Para rezar contrito ao Santo Joca,
Mais um santo da minha devoção.
Homem de paz, de amor, sem vaidade,
Trabalhador tenaz, analfabeto,
Que carregava um ar de santidade.
Eu nunca vi um homem mais correto...
Sua ausência me mata de saudade,
A ele eternamente o meu afeto!!!
Poemas típicos da literatura genuína.
ResponderExcluirParabéns, Barros Alves!