quinta-feira, 15 de julho de 2010

A beleza do verso em Florbela Espanca


Retorno à leitura de Florbela Espanca em edição aprimorada da Martins Fontes. Poemas coligidos com introdução e notas de Maria Lúcia Dal Farra. A leitura da poetisa portuguesa que tanto sucesso faz no Brasil, especialmente depois que o cantor cearense Raimundo Fagner musicou alguns de seus poemas, dá-nos indizível prazer. Em alguns momentos a tristeza aparece palpável em seus versos, mas a melancólica Florbela Espanca é insuperável na maneira como expressa amor e dor. Transcrevo, para deleite dos leitores, o soneto "O teu livro".

Li o teu livro, Amor, sofregamente;
Li-o, e nele em vão me procurei!
No teu livro d'amor não me encontrei,
Tendo lá encontrado toda a gente.

Um livro é a nossa alma, nunca mente!
Um livro somos nós, eu bem o sei...
E se em teus lindos versos não me achei
É que a tua alma nem sequer me sente!

As rosas do teu livro! As tuas rosas!
Rubros beijos de bocas mentirosas,
Desfolhastes por todas as mulheres!

Mas deixa, meu Amor, mesmo pisadas,
As tuas lindas rosas desfolhadas
Eu apanho-as do chão, se tu quiseres...

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