quinta-feira, 16 de outubro de 2025

"Associação dos Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais do Ceará sob novo comando"

                                                                                 

No dia 3 de outubro passado a Associação dos Fuzileiros Navais, seccional do Ceará, comemorou dez anos de profícua existência em encontro festivo, no qual deu posse ao Comandante Francisco Valcílio SALES, alçado ao cargo pela terceira vez. Tendo granjeado respeito pelo bom desempenho constatado nos mandatos anteriores, o Comandante Sales assume o comando da instituição cônscio das responsabilidades pertinentes ao cargo e diante de expectativas da implementação de metas que a cada dia melhore vivência da Associação, assim como o relacionamento com a sociedade. A Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais do (AVCFN) é uma entidade que reúne militares da reserva e reformados do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. Foi criada em 1972, formalizada em 1995 e posteriormente constituiu-se em pessoa jurídica de direito privado de âmbito nacional e conta com cerca de dois mil associados. Atualmente está presente em 17 seccionais regionais e uma secção internacional com sede nos Estados Unidos. Seu objetivo principal é preservar os valores, tradições e o espírito de corpo que caracterizam os Fuzileiros Navais, além de promover ações de integração social, apoio mútuo e valorização da carreira militar.

A AVCFN, seccional de Fortaleza, foi criada em 2015, com o objetivo de atender um anseio dos fuzileiros do Ceará. A entidade nasceu depois de um encontro ocorrido o dia 3 de maio de 2013, onde se reuniram na cidade de Baturité-CE, os veteranos fuzileiros navais: SO-FN-CN Francisco LEÔNCIO Pinheiro, 1ºSG-FN-ES Francisco ELIAS JÚNIOR e o 2ºSG-FN-IF Osmar de Sousa ROMÃO. Do encontro resultou uma Carta à Presidência da AVCFN Nacional, propondo a criação de uma Seção Regional. Com efeito, em 8 de agosto de 2015, atendendo a uma convocação do Presidente Nacional da AVCFN, o Contra-Almirante José Henrique Salvi Elkfury, foi realizado, nas dependências da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará – EAMCE, o encontro dos veteranos residentes em nosso Estado. Na ocasião, foi
aprovada a proposta da criação de uma Seção Regional da AVCFN em Fortaleza com jurisdição sobre todo o Estado do Ceará.
Os Veteranos Francisco LEÔNCIO Pinheiro e Carlos Alberto Ferreira LOPES, foram designados responsáveis pela continuidade do trabalho e ações preparatórias com vistas a constituição da Diretoria Administrativa Regional e do Conselho Fiscal, cuja formalização ocorreu em 3 de outubro de 205.

A Regional Fortaleza Teve como seu primeiro Presidente o Veterano 2°SG-FN- EG FRANCINALDO Silva Gonçalves para o cargo e o Veterano 2ºSG-FN-IF Osmar de Sousa ROMÃO para o cargo Presidente do Conselho Fiscal. Portanto, é com muito júbilo que comemorou-se no dia 3 de outubro de 2025 o seu primeiro decênio de existência em terras alencarinas, motivo de muita alegria para os associados e familiares. Dando continuidade ao legado deixado pelos seus fundadores, assumiu a Presidência da entidade, como dito, o Comandante Francisco Valcílio SALES, veterano fuzileiro naval.

Vale salientar que a ACFN-CE atua também como elo entre os Fuzileiros e a sociedade cearense, participando de eventos cívicos, projetos sociais, atividades culturais e ações de solidariedade, reforçando o compromisso do CFN com o bem comum, com o desenvolvimento regional e nacional. A presença dessa associação no Ceará demonstra o enraizamento do ideal fuzileiro — “Ad sumus!” (Aqui estamos!), em todos os rincões do país, inclusive longe das bases principais da Marinha.

Os Fuzileiros Navais são a força de combate anfíbia da Marinha do Brasil, especializados em operações que exigem alta mobilidade, disciplina e prontidão. Sua atuação vai desde defesas litorâneas e desembarques em praias hostis até missões de paz internacionais, apoio humanitário e ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em território nacional.

Dentro das Forças Armadas, os Fuzileiros representam um elo estratégico entre o mar e a terra, capazes de atuar de forma autônoma ou integrada com Exército e Aeronáutica. São uma tropa de elite, treinada com rigor físico e moral, e constituem uma das principais expressões do poder naval brasileiro.

Para a sociedade, os Fuzileiros Navais simbolizam patriotismo, disciplina, coragem e serviço ao Brasil. Sua atuação em situações de calamidade pública, resgate de populações afetadas por enchentes, desastres ou crises humanitárias, reforça a imagem de força solidária e protetora. Além disso, seu exemplo de civismo e dedicação inspira jovens e contribui para o fortalecimento do sentimento de identidade e unidade nacional.

Em suma, a Associação dos Fuzileiros Navais do Ceará mantém viva a memória, o orgulho e a missão dessa tropa de elite, assegurando que o lema “Brasil acima de tudo, e os Fuzileiros Navais sempre prontos!” continue ecoando como símbolo de honra e comprometimento com a Pátria.


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

"A Farsa Pedagógica de Paulo Freire" - Por Barros Alves

                                                                                 
  

Ao chegar à Assembleia Legislativa do Ceará, meu local de trabalho, hoje, DIA DO PROFESSOR, deparei-me com um desfile de parlamentares de esquerda na tribuna enaltecendo os professores, o que é justo e agradável à audição. Todavia, desagradável é a ilação que fizeram para meter na sacralidade da educação um advogado que se fez pedagogo herege, pseudo-pedagogo, tão-somente por força de vocação revolucionária marxista e, também por isso, incensado pelos colegas de pensamento que cometeram o desatino de transformá-lo em Patrono da Educação no Brasil. Pobre da educação em um país que tem Paulo Freire como seu exemplo e padrinho.

Paulo Freire é tratado por muitos como um “gênio da educação”, mas sua obra, quando analisada com rigor intelectual, revela-se um conjunto de ideias frágeis, mal escritas e repletas de contradições. Sua prosa é obscura, confusa e pretensiosa, escondendo sob o véu da retórica política uma carência profunda de fundamentos pedagógicos sólidos. Não há em sua “pedagogia” uma teoria coerente de ensino e aprendizagem, mas sim uma militância ideológica travestida de reflexão educacional.

O chamado “método” freiriano nada mais é do que uma aplicação pedagógica do pensamento gramsciano, que pretende transformar a escola em trincheira de guerra cultural. Em vez de formar mentes críticas no sentido autêntico, isto é, livres para pensar, Paulo Freire propõe uma educação voltada à luta de classes e à desconstrução de toda estrutura cultural ocidental. A sala de aula, em sua visão, torna-se um campo de combate político e não um espaço de aprendizado.

Li há algum tempo, com desprazer, por dever de ofício, duas das baboseiras de Paulo Freire: “Pedagogia do Oprimido” e “Educação como Prática de Liberdade.” A retórica do “oprimido” serve, na prática, para aprisionar o próprio povo em uma eterna condição de vítima. Ao invés de libertar, a pedagogia freiriana mantém o indivíduo dependente da narrativa revolucionária e incapaz de se responsabilizar pelo próprio destino. Sua proposta não emancipa; doutrina; não ensina; manipula; não liberta, subjuga.

A Educação, quando se torna instrumento de revolução ideológica, perde sua essência humanista e civilizadora. O verdadeiro educador não transforma a escola em quartel da revolução, mas em oficina da inteligência. Paulo Freire fez exatamente o contrário, substituiu o estudo disciplinado pela militância, o conhecimento pelo panfleto, a verdade pela ideologia.

Por isso, o legado de Paulo Freire não é o de um grande educador, mas o de um arquiteto da confusão pedagógica e moral. Sua influência tem sido devastadora: formou gerações de professores que, em vez de ensinar, politizam; em vez de elevar o aluno, o instrumentalizam. E o resultado está à vista: um sistema educacional em ruínas, onde o pensar foi trocado pela repetição de slogans.

"Santa Tereza d’Ávila e de Jesus, Doutora da Igreja e Padroeira da Educação" - Por Barros Alves

                                                                                 


Há algum tempo ganhei um presente maravilhoso. Um exemplar contendo as obras de Santa Tereza d’Ávila. Confesso que apesar do meu interesse pela hagiologia, até então me debruçava sobre os Pais da Igreja, sobretudo São Jerônimo, com cuja personalidade me identifico; Santo Agostinho, o Doutor da Graça, cujas CONFISSÕES emocionam e elevam a alma enternecidamente; o poeta São João da Cruz; Santo Onofre, o eremita e místico de quem  sou devoto por causa de Eça de Queiroz; e os santos venerados no Nordeste: São Francisco, São João Batista e Santo Antônio em razão da minha formação católica imbricada com a religiosidade popular. Religiosidade que, aliás, me fez ser afilhado de um santo do povo, o santo Padim Pade Ciço, que já alcançou a glória da devoção popular antes de ser elevado formalmente aos altares da Igreja Católica. Minha amizade com Santa Tereza d’Ávila começou quando a ela fui apresentado pelo poeta Dimas Macedo, que me presenteou o livro acima referido. 

                                                             


 

          Hoje é dia de venerar essa Doutora da Igreja, assim declarada pela sua imensa sabedoria e espiritualidade profunda. Santa Teresa d’Ávila, também conhecida como Santa Teresa de Jesus, é considerada Padroeira da Educação por causa de sua profunda contribuição intelectual, espiritual, que em muito contribuiu para a reforma da Igreja, especialmente no campo da formação humana e religiosa. Como mestra da vida espiritual ela nos legou obras que são verdadeiros tratados de pedagogia espiritual, como “O Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição” e “Castelo Interior”. Nessas obras, ela ensina com método, clareza e profundidade o caminho do crescimento humano e espiritual, uma verdadeira “educadora da alma”. Foi reformadora da Ordem Carmelita, e fundadora de mosteiros, que eram centros de formação cristã e intelectual para as religiosas. A vida de Santa Tereza de Jesus demonstra que a educação não é apenas instrução, mas formação integral, tanto do intelecto, quanto da vontade e do coração. Sua forma de ensinar a oração e o autoconhecimento é considerada modelo de pedagogia cristã, influenciando séculos de formação religiosa.

Santa Teresa d’Ávila foi proclamada Padroeira dos professores e estudantes espanhóis pelo Papa Pio XII, em 1944, através da Carta Apostólica “Singulare Illud” (15 de outubro de 1944). Nessa ocasião, o Papa destacou sua “sabedoria luminosa, sua ciência das coisas divinas e humanas, e sua admirável capacidade de ensinar as almas a buscar a verdade e a virtude”. Posteriormente, em 1970, o Papa São Paulo VI a declarou Doutora da Igreja — a primeira mulher a receber esse título — pelo documento “Multiformis Sapientia Dei” (27 de setembro de 1970), confirmando seu papel de grande educadora da fé e do espírito. A teologia de Santa Teresa d’Ávila é uma das mais ricas e originais da tradição mística cristã. Embora não fosse teóloga de formação acadêmica, sua experiência espiritual e sua capacidade de expressá-la com profundidade e clareza fizeram dela uma “teóloga do coração”, cuja doutrina influenciou profundamente a espiritualidade cristã. Eis uma verdadeira educadora: pela fé, pelo coração e pelo amor profundo a Cristo.

 

"A pretensa preguiça do nordestino: disseminação de um preconceito" - Por Barros Alves*

                                                                                 

Nasci nos sertões adustos de Mombaça. Sou filho de agricultores, forjado na terra seca e sob o mandacaru, que não dá sombra nem encosto, mas cujo caule suculento já matou a fome de bichos e de pessoas. Desde a infância convivo com o fenômeno doloroso das estiagens. Trabalhei no roçado até o período da adolescência, quando por intermédio do estudo me libertei do ambiente insalubre e do cabo da enxada. Daquele tempo a esta parte, tenho lido muitos livros sobre o tema e convivido com estudiosos e pesquisadores nessa área, entre os quais destaco os professores Caio Lóssio Botelho e Ésio de Souza, ambos luminares em estudos sobre o semiárido. Nos livros que tenho lido não encontrei nenhuma referência exata que Dom João VI, nem os príncipes que o sucederam no governo do Brasil, nem ninguém da monarquia brasileira tenha afirmado pejorativamente que o subdesenvolvimento do Nordeste tenha como causa a preguiça do povo sertanejo e nordestino. Devo lembrar, por pertinente, que sou monarquista e já li centenas de livros biográficos e de História do Brasil, em especial sobre a monarquia. Em nenhuma obra vi declarações de monarquistas no sentido de desancar o nordestino em razão de ser acometido por uma pretensa preguiça.

Com efeito, não há evidências de que Dom João VI nem os Pedros imperadores tenham afirmado explicitamente que a pobreza no Nordeste brasileiro se devia à “preguiça do povo”. Essa ideia é mais um estereótipo histórico que circulava entre alguns colonizadores e administradores da época, mas não necessariamente reflete o pensamento do monarca português e nem dos seus sucessores no trono brasileiro. O que se sabe é que, durante o período de Dom João VI (1808–1821), o Brasil em processo de formação como nação independente, e o Nordeste em particular, enfrentavam sérios problemas estruturais. No caso do Nordeste, secas frequentes, desigualdade social, concentração de terras nas mãos de poucos latifundiários, monocultura de exportação (como cana-de-açúcar) e falta de investimentos em infraestrutura e saneamento. Essas condições criavam pobreza crônica e dificuldades econômicas para a maioria da população, especialmente camponeses e escravizados.

Portanto, se Dom João VI tivesse uma visão crítica da pobreza nordestina, provavelmente a teria entendido mais como consequência de fatores estruturais e naturais do que como resultado da “preguiça” do povo. A atribuição de preguiça ao povo nordestino é, na história, um mito ou preconceito que surgiu depois, usado para justificar desigualdades sociais.

O mito da “preguiça do nordestino” não vem de um fato histórico, mas de interpretações enviesadas da realidade econômica e social do Nordeste. Sabe-se à saciedade, que Nordeste, especialmente o semiárido, sofre com secas periódicas. A agricultura de subsistência dependia da chuva e, em anos de estiagem, o trabalho rendia pouco ou nada. Isso foi interpretado por alguns cronistas e administradores coloniais como “desinteresse ou preguiça”, quando na realidade eram condições naturais adversas. A economia nordestina, nos períodos colonial e imperial, era baseada em grandes latifúndios e monocultura (cana-de-açúcar, algodão). A grande massa de trabalhadores era composta por escravizados e camponeses pobres. A dificuldade de ascensão social e a exploração levavam a baixos níveis de produtividade. Essa situação remeteu a alguns analistas a ideia de que havia relação com preguiça. Administradores, viajantes e cronistas europeus ou das regiões mais ricas do Sudeste projetavam seus próprios valores de trabalho e eficiência sobre o Nordeste. Essa visão reducionista reforçou a ideia de que a população local era “preguiçosa”.

O estereótipo se consolidou principalmente no século XIX, por meio de discursos de elite e da imprensa. Alguns escritores e jornalistas, como o próprio José de Alencar, nosso incensado romancista que também foi político, em certo contexto literário, pensou dessa forma equivocada. Também cronistas de viagem, descreveram o sertanejo de forma caricata, enfatizando passividade e aparente falta de ambição. Para justificar a concentração de terras e o atraso de políticas públicas, elites regionais e nacionais reforçavam a narrativa de que “o povo não trabalhava direito”. No século XX, já sob a República, que no Brasil tem sido um desastre histórico, escolas e livros didáticos reforçaram essa imagem, criando um preconceito cultural que se perpetua até hoje.

Na verdade, além de problemas graves de governança que passam sobretudo pela corrupção como modo de governar, sobretudo – repito – sob a República, o que realmente explicava a pobreza são os ciclos de estiagens que ainda hoje geram fome, desigualdade social. Antes constatamos de fato a exploração da mão de obra escrava e o pós-abolição sem acesso à terra. E ontem como hoje temos políticas públicas insuficientes e centralização de investimentos no Sudeste. Enfim, A PREGUIÇA DO NORDESTINO É UM PRECONCEITO, não uma explicação histórica ou econômica. A pobreza nordestina tem causas estruturais muito concretas e históricas, e o estereótipo surgiu mais como uma forma de justificar desigualdades e preconceitos.

*Barros Alves é membro da Sociedade Cearense de Geografia e História - SCGH; e da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo  - ACLJ.

 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

“A obrigação do cristão de defender Israel: a herança judaica do Cristianismo e o testemunho das Escrituras” – Por Dra. Silvana Oliveira

 

Dra. Silvana Oliveira é médica e deputada estadual

O Cristianismo, em sua essência, é inseparável das raízes judaicas. Jesus Cristo, os apóstolos, os profetas e a própria revelação divina têm origem no povo de Israel. Por isso, defender Israel não é uma questão meramente política, mas um dever espiritual e moral de todo cristão que compreende a história da salvação e a fidelidade de Deus às Suas promessas. Desde o início das Escrituras, Deus escolheu Israel como Seu povo para ser “luz para as nações” (Isaías 49:6) e instrumento do Seu plano redentor. A partir de Abraão, Deus estabeleceu uma aliança perpétua, dizendo: “Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:3)

Essa promessa permanece válida, pois o próprio apóstolo Paulo afirma que “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11:29). Assim, Israel continua a ocupar um papel central no propósito divino. O próprio Jesus reconheceu explicitamente essa ligação quando disse à mulher samaritana: “A salvação vem dos judeus.” (João 4:22)

Essa declaração é de enorme significado teológico: a salvação, que se manifesta plenamente em Cristo, tem origem no povo de Israel, do qual nasceram a Lei, os Profetas e, finalmente, o Messias. Paulo reforça essa verdade ao lembrar que “os israelitas receberam a adoção de filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas e deles descende, segundo a carne, o Cristo” (Romanos 9:4-5).

Defender Israel, portanto, é reconhecer essa herança espiritual e manifestar gratidão ao povo através do qual Deus nos concedeu a salvação. O cristão que entende as Escrituras sabe que o antissemitismo, a hostilidade ou a indiferença diante das perseguições contra o povo judeu são atitudes contrárias ao coração de Deus. Além disso, o apóstolo Paulo ensina que a Igreja não substituiu Israel, mas foi enxertada na oliveira original, símbolo do povo escolhido: “Não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz é que te sustenta.” (Romanos 11:18) Essa imagem é clara: o cristianismo não existe sem Israel. A fé cristã é o cumprimento e a continuidade da fé de Abraão, Isaque e Jacó. Por isso, apoiar Israel é também um testemunho de fidelidade às Escrituras e uma expressão de esperança escatológica. A Bíblia profetiza que, no fim dos tempos, Deus restaurará Seu povo e trará paz a Jerusalém (Salmo 122:6; Zacarias 12:10). O cristão, ao interceder e defender Israel, coopera espiritualmente com os desígnios divinos.

O renascimento do Estado de Israel, em 1948, após quase dois mil anos de dispersão, é visto por muitos estudiosos e teólogos cristãos como o cumprimento de profecias antigas, como a de Ezequiel 37, que descreve os ossos secos voltando à vida, ou seja, uma imagem da restauração de Israel. Esse retorno não é apenas um evento histórico, mas um sinal de que Deus continua fiel ao Seu pacto. Em um tempo em que o povo judeu e o Estado de Israel enfrentam ataques, distorções e isolamento em muitos fóruns internacionais, o cristão é chamado a se posicionar com discernimento e coragem. Defender Israel hoje significa defender a verdade histórica, o direito de um povo existir em sua terra ancestral e, sobretudo, honrar o plano de Deus revelado na Bíblia. Não se trata de apoiar cegamente qualquer política humana, mas de reconhecer que Deus tem um propósito específico para aquela nação. Em Romanos 11:26, Paulo profetiza: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, que apartará de Jacó as impiedades.” Essa esperança futura motiva os cristãos a orar, a interceder e a permanecer ao lado de Israel, em obediência e amor. O cristão que ama o Deus de Israel deve também amar o povo de Israel.

Defender Israel é mais que um gesto político, é um ato de fé e de gratidão. É reconhecer que o cristianismo não nasceu em Roma, nem em Atenas, mas em Jerusalém. É lembrar que o nosso Salvador é judeu, que os apóstolos eram judeus, e que a Palavra que nos conduz foi escrita, em sua quase totalidade, por judeus inspirados pelo Espírito Santo. Por isso, o verdadeiro discípulo de Cristo não pode ser indiferente ao destino de Israel. Ele é chamado a orar pela paz de Jerusalém (Salmo 122:6), a repudiar o ódio contra o povo judeu e a defender a nação que continua sendo o relógio profético de Deus no mundo. Conforme está escrito: “Porque a salvação vem dos judeus.” (João 4:22). E na promessa veterotestamentária: “Abençoarei os que te abençoarem.” (Gênesis 12:3). Defender Israel, portanto, é defender o próprio testemunho da fidelidade divina, é permanecer do lado da promessa, da aliança e da verdade eterna do Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

*Dra. Silvana Oliveira - Médica e deputada estadual pelo PL do Ceará.

domingo, 12 de outubro de 2025

“Em torno de uma biografia” – Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

                                                                               

 

A memória ou biografia, assim seja, tornou-se um gênero "literário" de risco considerável. Para quem a escreve e para os que a leem.

Associado a um empreendimento contratado com um "ghost writer", assume a condição de procuração passada para uma devassa na vida de alguém. Em alguns casos, sob a proteção de regras combinadas sob contrato. Em outros, sob confiança celebrada entre as partes. Ou por impulso acadêmico de extrair o que a história oficial omitiu.

A construção da "memória" de um biografado resulta, em geral, de uma intenção generosa. ainda que esta não seja a regra. Em alguns casos, traz consigo o propósito da celebração de qualidades reconhecidas ou pretendidas "reconhecíveis". No mais das vezes, será propósito acadêmico de conotação biográfica para a reconstituição de uma época ou de feitos notórios e a formulação de crítica idônea e segura. Ou para o esclarecimento de incertezas e dúvidas perdidas ou mal construídas na memória coletiva.

Como tarefa de busca e conhecimento de fatos e circunstâncias, haverá de valer-se, entretanto, de fontes seguras, de assentamentos documentais primários reconhecidos e de depoimentos confiáveis.

Preferências pessoais, simpatias ou reservas dissimuladas não devem interferir na construção do personagem e do julgamento da sua obra. Menos ainda haveria de dar-se acolhida a inclinações políticas e ideológicas que pusessem sob suspeita indevida os fatos reais em favor de uma versão mal fixada.

Neste caso, quando o objeto de trabalho e pesquisa é uma instituição pública, impõem-se cuidado e correção para a apreensão do cenário, dos personagens e do seu entorno histórico que lhes dão sentido e relevo.

Em muitos casos, a imagem do objeto ou da pessoa biografada passará a ser reconhecida como decorrência de "insights" cujo tratamento não poderá confundir-se com um viés de jornalismo ligeiro ou de ficção improvisada. Os entes biografados - pessoas ou instituições - têm vida própria cujo tratamento exige respeito e cuidados, sobretudo quando se tornam objeto de crítica do biógrafo.

Martins Filho, Cândido Albuquerque e outros figurantes desta obra editada pela UFC, por contrato passado com um jornalista consagrado pela produção prolífica no campo da memória histórica, não foram tratados com a circunspecção devida.

O caricato e o anedótico tiraram da sua passagem pela UFC o brilho que mostraram como gestores e formuladores de ideias e de projetos que marcaram a maior das instituições criadas e desenvolvidas no Ceará. Ao professor Cândido Albuquerque as omissões e descuidos no repasse de registros essenciais emprestaram decisões e inquinações contestadas publicamente, ademais de omissões que silenciaram projetos e medidas administrativas significativas, do ponto de vista da gestão e de inovações no plano acadêmico, da ciência e da pesquisa.

De minha parte, não pretendo reivindicar tratamento indulgente para os registros que me foram dispensados.

Marquei a minha gestão, como reitor, pelo fomento à cooperação internacional, com instituições universitárias de proteção incontestada na Europa e com os Estados Unidos. O suporte financeiro para a expansão física e de equipamentos avançados   foi negociado com fontes internacionais de financiamento. Em meio a restrições à liberdade acadêmica de que a UFC foi objeto de ação permanente de controle político, projetos culturais - palestras, debates e seminários sobre temas delicados - não sofreram descontinuidade. Estas iniciativas foram em verdade fortalecidas com o “Fórum de Educação e Cultura”, o “Jornal de Cultura”, as “Edições UFC”, e a “Rádio Universitária FM”. A “Universidade Brasileira em Questão” foi tema de Seminário Internacional com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros.

Tirei minha carta de pedágio pelos caminhos incertos de um país sob vigilância autoritária e passei pelo teste a que foi submetida a universidade brasileira e a UFC, sob o jugo dos órgãos de segurança e informação e da pratica generalizada da delação espontânea por muitos dos que desfraldam, agora, as bandeiras suspeitas de uma democracia “relativa”, demasiadamente “relativa”.

*Paulo Elpídio de Menezes Neto é professor, escritor e ex-reitor da Universidade Federal do Ceará - UFC. 

"UFC 70 Anos - Um Livro e Pouca Ética" – Por Cândido Albuquerque

                                                                                  

 

Li, com um misto de tristeza e indignação, o livro “UFC 70 Anos – Biografia de uma Universidade”, escrito por Lira Neto. Nenhuma surpresa. O livro dedica um capítulo de ofensas a mim, embora ele jamais tenha me ouvido. Talvez tenha sido mais fácil assim: escrever apenas as narrativas que os seus contratantes (caneta de aluguel?) queriam ver publicadas.

O conteúdo, injurioso e inverídico, que o autoproclamado biógrafo faz constar sobre mim e sobre fatos de minha gestão à frente da Universidade Federal do Ceará demonstra pouco respeito pela verdade em um livro de memória histórica.

Em nenhum momento o autor me procurou para ouvir a minha versão, violando, assim, o princípio elementar de qualquer trabalho biográfico sério: a busca da verdade. Optou, ao que tudo indica, por reproduzir narrativas distorcidas e convenientes aos interesses de quem o contratou, transformando o livro em um instrumento de ataque pessoal e desinformação.

O texto dedica a mim um capítulo inteiro de injúrias, adjetivações e falsas acusações. Cito, a título de exemplo, três inverdades - ao mesmo tempo - graves e tolas:

1. Afirma o autor que, ao assumir a Reitoria, eu teria passado a despachar na Casa José de Alencar e no Instituto de Ciências do Mar (Labomar). Tal afirmação é absolutamente falsa. Trata-se de um delírio! Em quatro anos de gestão como Reitor da UFC, estive no Labomar poucas vezes, não mais do que três, jamais tendo utilizado o local como gabinete. Despachei na Casa José de Alencar por apenas 12 dias.

2. Alega o autor que o professor Gilmar de Carvalho teria se recusado a receber das minhas mãos o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela UFC. Também é mentira. O Estatuto da Universidade Federal do Ceará não autoriza a concessão desse título a professores aposentados. O título correto seria o de “Professor Emérito”, o que esclareci à época, propondo a correção da outorga e a designação de data. Expliquei que o título de Doutor Honoris Causa é destinado ao reconhecimento de pessoas da sociedade com trajetória relevante para a Universidade e para a comunidade. O referido professor, insatisfeito e revoltado com a necessária adequação, optou por manifestar publicamente sua discordância, afirmando que não receberia o título das minhas mãos. E não receberia mesmo, já que eu não o concederia. A alegação de que teria “renunciado ao título” é igualmente falsa, pois o título em questão sequer existia legalmente. Ele não poderia renunciar ao que nunca teve, já que o título simplesmente não existia estatutariamente.

3. O autor afirma, ainda, que eu teria exposto o histórico escolar de um estudante que não aceitei como representante do movimento estudantil nos conselhos da universidade. Essa acusação é igualmente desprovida de veracidade. Desde 2017 o Diretório Central dos Estudantes (DCE) não realizava eleições regulares, e um pequeno grupo se autoproclamava representante. O aluno em questão, cujo nome não revelarei por respeito à privacidade, encontrava-se há 28 anos como aluno da UFC, tendo passado por cinco cursos diferentes sem concluir sequer 20% de qualquer deles, situação que justificava, na verdade, seu desligamento, em respeito ao erário e à moralidade administrativa. Em seguida, propus, em reunião com o Ministério Público Federal, a realização de uma eleição livre e justa, iniciativa que o grupo recusou. Assim, permaneceram, naturalmente, sem representação nos colegiados, circunstância ignorada pelo “trapézio literário” do Lira Neto.

Esses três exemplos bastam para demonstrar a falta de imparcialidade, rigor ético e jornalístico do pseudo-biógrafo, que preferiu a conveniência à verdade, como fazem mesmo os escritores fabricados pela esquerda caviar, comprometendo a credibilidade de uma obra que deveria celebrar a trajetória da universidade, e não servir de palco para ofensas pessoais.

Lamento profundamente que um projeto editorial em homenagem à UFC, custeado com recursos públicos, tenha sido utilizado para difundir mentiras e ataques gratuitos, em detrimento da história institucional e da ética profissional. O autor jamais teve a hombridade de buscar esclarecimentos, limitando-se a reproduzir versões tendenciosas e ofensivas. Deixou de informar, por exemplo, que quando assumi a Reitoria a UFC tinha 65 anos e apenas uma patente, e quatro anos depois contava com 47 patentes. Omitiu a maior ação de inclusão digital da UFC, realizada em 2021 e 2022, quando todos - todos - os alunos passaram a ter acesso ao mundo virtual. Conclui várias obras paralisadas desde 2007, herdadas do finado Reuni. O objetivo do livro, percebe-se, é apenas me atacar!

Da atual administração, a qual, em 02 anos, nada fez, além de transformar a UFC na lixeira do Governo do Ceará, para onde foram destinadas obras abandonadas, estado no qual continuam, pouco ou nada podia ser dito, além de narrativas militantes.

Reafirmo, por fim, que as informações publicadas são falsas e reservo-me o direito de adotar as medidas cabíveis (vale à pena?) para resguardar a verdade dos fatos, em respeito à comunidade universitária e à sociedade cearense.

No mais, continuarei firme em minhas convicções e não me deixarei abalar por ataques rasteiros de figuras afeitas a conveniências financeiras e hábitos noturnos.


 *Cândido Albuquerque é advogado, professor e ex-reitor da Universidade Federal do Ceará-UFC