domingo, 13 de novembro de 2022

A IGREJA E A ESQUERDA ABORTISTA

                                                                                     

Barros Alves

Nestes tempos aziagos em que se insiste em escamotear verdades, especialmente  verdades sagradas, é extremamente relevante lembrar aos nossos leitores que a esquerda tem uma longa história de defesa de pautas “progressistas” em todos os foros em que atua, numa militância incansável. Nessas pautas ocupa posição de relevo a defesa dos direitos das mulheres, entre esses o direito sobre o seu corpo. Em outras palavras, o direito de abortar. Não adianta rodeios, tergiversações, conversa mole. As feministas, sinonímia de esquerdistas, têm como uma de suas principais bandeiras a defesa do direito de praticarem o aborto. Alguns grupos arrimam-se em discursos eufemísticos, metafóricos e coisa que o valha. Tudo balela. O que elas defendem é matar seres totalmente indefesos em seus próprios ventres. Políticos de esquerda ou mesmo de outros vieses ideológicos, mas descomprometidos com ética da vida, ao defenderem essas pautas de um feminismo doentio, ainda que desconversem, são eles também assassinos em potencial. Um dos argumentos sofistas das defensoras do aborto é que a mulher é dona de seu próprio corpo. Contra essa constatação não existe ninguém de bom senso. O que a feminista abortista (outra redundância vocabular) precisa saber é que não é dona da vida que está dentro dela. O outro argumento, muito ao gosto de políticos abortistas, e que foi verbalizado à saciedade durante a campanha eleitoral pelo candidato petista à presidência da República, é que o problema do aborto deve ser tratado como um caso de saúde pública. Aborto deve ser tratado, na maioria das vezes, como uma questão de desvio ético e, na ponta da corda esticada, como um assassinato. Portanto, caso de polícia.

            A Igreja Católica condena com firmeza e veemência o aborto. Ou a pessoa é católica e, consequentemente, contra o aborto; ou, claro, se for abortista não é católico. Está automaticamente excluído da comunhão. Caso queira retornar ao seio da Igreja deverá fazer confissão pública de pecado e penitência segundo os cânones católicos. Arrimado no discurso de direitos humanos, há muito contaminado ideologicamente pela guerra cultural revolucionária que é a razão de ser da esquerda, existe um movimento feminista denominado “Católicas pelo Direito de Decidir”, que dissemina falsa doutrina a respeito do aborto. São pseudo-católicas, nada têm de cristãs. Não há licença para ninguém decidir fora dos parâmetros canônicos do Catolicismo. Quanto mais quando se trata de reivindicar uma atitude licenciosa para matar.

            Norberto Bobbio, no livro “Direita e Esquerda – Razões e Significados de Uma Distinção Política”, identifica uma contradição inequívoca no discurso de direitos humanos verbalizado exaustivamente pela esquerda. Ela se diz a favor da vida, mas, paradoxalmente defende a morte, porque é abortista. Bobbio observa: “Geralmente, a refutação do aborto faz parte de programas políticos da direita. A ESQUERDA É PREPONDERANTEMENTE ABORTISTA. Fizeram-me observar que esta posição parece contrastar uma das definições mais comuns de esquerda, segundo a qual ser de esquerda significa estar ao lado dos mais fracos. Na relação entre a mãe e o nascituro, quem é o mais fraco? Não seria o segundo?” (Editora da Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 1995, pág. 43). Ora, não há o que discutir nessa questão mãe-filho embrionário  quem é o mais fraco. Pode-se fazê-lo em relação ao macho da relação, jamais com referência ao ser que está no ventre da fêmea. Trata-se do óbvio ululante.

            No que diz respeito à posição católica, passo a citar alguns documentos sobre o aborto, a começar pelo Catecismo da Igreja Católica, que assim se expressa: “Desde o século I, a Igreja afirma a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer, querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral.” E citando documentos antigos e Pais Apostólicos: “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido. Deus, Senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de maneira condigna ao homem. Por isso a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde a concepção. O aborto e o infanticídio são crimes nefandos.” Prossegue o Catecismo: “A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave. A Igreja sanciona com uma pena grave de excomunhão este delito contra a vida humana. Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão ‘latae sententiae’ pelo próprio fato de cometer o delito e nas condições previstas pelo Direito. Com isso a Igreja não quer restringir o campo da misericórdia. Manifesta, sim,  a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente morto, a seus pais e a toda a sociedade.” (Cân. 2271 e 2272).

            Lembre-se, por pertinente, que decreto do Papa Pio XII colocou sob a sanção de excomunhão “latae sententiae” todo aquele católico que se filiar a partido comunista ou lhe prestar qualquer tipo de apoio, inclusive escrever em órgão de propaganda comunista. Certamente, além de outros dados, pesou nessa decisão adotada pelo Sumo Pontífice, a constatação de que “a esquerda é preponderantemente abortista”, conforme observou Bobbio.  Lembre-se, outrossim, que a expressão latina “latae sententiae” significa de “de sentença já promulgada”, ou seja, indica que o transgressor incorre na excomunhão sem que a autoridade competente precise pronunciar-se. (Cf. CIC, nota). Continuaremos o tema no próximo artigo.

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