segunda-feira, 27 de outubro de 2025

"Púlpito não é palanque" – Por Barros Alves

                                                                                

A realização de um ato político na Catedral da Sé, em São Paulo, para lembrar os 50 anos da morte de Vladimir Herzog, reveste-se de um significado profundamente preocupante. E sob a ótica da fé católica, de caráter sacrílego. A casa de Deus é um espaço consagrado à oração, à celebração dos sacramentos e ao encontro do homem com o transcendente. Converter o altar, lugar do sacrifício eucarístico, em tribuna política é um desrespeito à sacralidade do templo e uma deturpação de sua finalidade espiritual.

A Igreja Católica, ao longo dos séculos, sempre se pautou pela defesa da dignidade humana, dos pobres e da justiça social. Mas, essa missão evangélica jamais pode ser confundida com militância ideológica. O Evangelho é libertador não porque se insere em correntes políticas, mas porque transcende todas elas. A caridade cristã não é um instrumento de propaganda; é um testemunho silencioso e eficaz da presença de Cristo no mundo.

A instrumentalização da Catedral da Sé de São Paulo, um dos símbolos maiores da fé católica no Brasil, para fins partidários ou ideológicos é um desvio da sua vocação. O púlpito sagrado não é palanque político, e o altar, onde se renova o sacrifício de Cristo, não pode servir de cenário para discursos humanos marcados por divisões e paixões temporais. A liturgia é um espaço de comunhão universal, não de disputa entre grupos ou visões de mundo.

A lembrança de Vladimir Herzog, personagem trágico da história brasileira, pode e deve ser tratada com respeito e reflexão. Mas, há lugares e modos apropriados para isso - centros culturais, auditórios, espaços públicos - e não o interior de uma igreja consagrada. Quando a fé se mistura à política partidária, ambos os campos saem empobrecidos: a religião perde sua força espiritual e a política perde sua legitimidade ética. Cabe à Igreja reafirmar sua missão universal de anunciar o Evangelho, promover a reconciliação e ser instrumento de paz. Isso exige prudência, discernimento e fidelidade ao seu papel sobrenatural. Transformar o templo em palco político é profanar o que há de mais sagrado e trair a confiança dos fiéis que buscam ali a presença do Deus vivo, e não a retórica dos homens.

Em tempos de polarização e confusão de valores, é preciso recordar que a Igreja pertence a Cristo, não a partidos, ideologias ou correntes de pensamento. Sua autoridade moral nasce da coerência com o Evangelho, não da adesão a causas políticas. Por isso, todo gesto que dilua essa fronteira constitui não apenas um erro pastoral, mas um verdadeiro sacrilégio. A Catedral deve continuar sendo o coração espiritual de São Paulo, lugar de oração, silêncio e comunhão, e não cenário de disputas humanas. O altar é de Cristo e só a Ele pertence.

"O trágico fim de Pinto Madeira, o amigo do rei" - Barros Alves

                                                                               

Há alguns meses recebi um presente daqueles que muito me agradam. O editor e bibliófilo Adriano de Carvalho Duarte, agradou-me sobremodo ao colocar em minhas mãos um exemplar de obra biográfica que não pode passar sem um breve comentário. Trata-se do livro “O amigo do rei: julgamento e assassinato de Joaquim Pinto Madeira”, uma vigorosa reconstrução histórica e literária de um dos episódios mais sombrios e reveladores do Império brasileiro: a revolta e o fuzilamento do coronel cearense Joaquim Pinto Madeira, em 1834. A obra, ao entrelaçar narrativa documental e reflexão crítica, devolve voz a uma personagem por muito tempo marginalizada pela historiografia oficial e pela memória nacional, até mesmo na região teatro dos fatos dos quais ele foi protagonista. Em Fortaleza há uma rua com o nome dele, mas que um pouco conhecido Torres Câmara abocanhou-lhe mais da metade.

O autor desse excelente estudo ensaio biográfico é o advogado Heitor Feitosa, também historiador perspicaz e investigador de fatos passados dotado de faro felino. Ele já presidiu o Instituto Cultural do Cariri-ICC, e se firma como escritor de nomeada. Para construir a biografia de Pinto Madeira, Heitor Feitosa empreendeu pesquisa rigorosa à qual adicionou uma  linguagem envolvente, que não se limita apenas a recontar a sequência de fatos que levaram Pinto Madeira do prestígio de líder regional ao suplício da execução pública. Ele investiga, sobretudo, o ambiente político e moral do Ceará e do Brasil nas primeiras décadas do século XIX, marcadas por instabilidade, lutas de poder e a tensão entre o centralismo monárquico e as aspirações autonomistas das províncias.

Decerto não erraremos se afirmarmos que “O amigo do rei”, carrega ironia e densidade simbólica. Pinto Madeira, monarquista convicto e defensor da restauração absolutista, acreditava lutar pela ordem e pela fidelidade ao trono. Porém, foi traído pela própria monarquia que pretendia proteger. Seu destino trágico, transformado em espetáculo de punição, revela as contradições do Império nascente e o caráter seletivo da justiça de então. Até parece que no Brasil de hoje a história se repete. E, por agora, como farsa e como tragédia. Ou mesmo, em face do que vemos em altas cortes, repete-se como tragicomédia.
Mas, voltemos à vaca fria. O mérito maior do livro está na maneira como o autor consegue conciliar rigor histórico e sensibilidade narrativa. Os autos do processo, as cartas, as crônicas da época e os depoimentos se transformam em matéria literária, sem perder a fidelidade documental. A escrita é sóbria, mas ao mesmo tempo carregada de indignação moral, uma indignação que não é panfletária, e sim humanista. Pinto Madeira surge como uma figura complexa: herói para uns, traidor para outros, e, acima de tudo, vítima das forças políticas que esmagavam indivíduos em nome da ordem.
Além do interesse histórico, a obra propõe uma reflexão sobre o uso do poder e a manipulação da justiça, temas que atravessam o tempo e encontram ressonância no presente. Ao revisitar o julgamento e o assassinato de Pinto Madeira, o autor questiona como a memória oficial é construída e como certos episódios são silenciados por não se encaixarem nas narrativas triunfalistas da nação sob a vontade efêmera de governos que se autoinvestem de proprietários do Estado e  do próprio povo.
Enfim, em modesto entendimento, o livro de Heitor Feitosa é mais do que uma biografia trágica de uma personagem dotada de ímpar idealismo; a obra configura uma meditação sobre o Brasil e suas repetições históricas. A leitura deixa no leitor uma sensação amarga e lúcida: a de que, em muitas épocas, a lealdade e a coragem podem ser recompensadas com a morte; e que o poder, disfarçado de justiça, continua sendo um dos grandes dramas de nossa história política.


"Ciro Gomes para unir o Ceará e restaurar a confiança na política" - Por Barros Alves

                                                                        

O ex-governador Ciro Gomes retornou ao PSDB depois de uma trajetória partidária conflituosa. Retornou à casa paterna. E por força das circunstâncias, avalizado - diria mesmo convocado - para ser candidato novamente ao governo do Ceará. E sem se desvestir da condição e das responsabilidades como liderança de expressão nacional. Nosso Estado vive um momento decisivo de sua história política. As forças que moldaram o Estado nas últimas décadas encontram-se fragmentadas, e o sentimento de descrença cresce entre os cidadãos diante de escândalos de corrupção e da falta de lideranças firmes e coerentes. Nesse cenário, o nome de Ciro Gomes ressurge com vigor e pertinência como uma alternativa capaz de restabelecer a confiança do povo e de unir os diversos segmentos políticos em torno de um projeto sólido, ético e voltado ao desenvolvimento do Estado.
Ciro é, indiscutivelmente, um dos homens públicos mais preparados do país. Com uma trajetória que inclui o governo do Ceará, o Ministério da Fazenda, o Ministério da Integração Nacional e uma destacada atuação parlamentar, ele reúne experiência administrativa, descortino político e visão estratégica, cabedal raro na política brasileira contemporânea. Sua capacidade de planejamento e sua postura de independência fazem dele um líder que transcende fronteiras ideológicas e partidárias.
Enquanto muitos dos nomes que hoje se colocam no campo da situação carregam acusações e condenações por corrupção, Ciro preserva uma biografia limpa, pautada pela coerência e pela defesa do interesse público. Esse diferencial ético o credencia como o contraponto mais legítimo à oposição e às práticas que corroem a credibilidade da política. O povo cearense reconhece nele não apenas o gestor eficiente, mas o homem de princípios que sempre manteve altivez diante das pressões do poder e das conveniências eleitorais.
Sua forte personalidade, que em outros tempos foi vista como traço de temperamento explosivo, hoje se revela uma virtude. Num ambiente político marcado pela apatia e pela omissão, o vigor e a franqueza de Ciro inspiram confiança. A população percebe nele a figura do líder que fala o que pensa, age com convicção e não se dobra aos interesses escusos que tantas vezes mancharam a vida pública nacional.
Além disso, lideranças respeitadas, como o ex-governador Tasso Jereissati, reconhecem a importância de Ciro Gomes reassumir o comando do Ceará. A convergência entre essas duas figuras emblemáticas da política cearense é um sinal de maturidade e de responsabilidade histórica. Ambos compreendem que, mais do que uma disputa eleitoral, o que está em jogo é o futuro do Ceará, a retomada de um projeto de Estado moderno, justo e eficiente.
Ciro Gomes reúne, portanto, todas as condições para conduzir o Ceará a um novo ciclo de progresso e de credibilidade política. Sua volta ao governo representaria não apenas o resgate de uma liderança, mas a reafirmação dos valores éticos, da competência administrativa e da coragem moral que o povo cearense tanto anseia. Num tempo de incertezas e desencantos, o nome de Ciro surge como símbolo de esperança e de reconstrução. O Ceará precisa de Ciro Gomes. E o Brasil precisa, mais uma vez, olhar para o Ceará como exemplo de política séria, corajosa e transformadora.

B

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Deputada Dra. Silvana retorna à Assembleia Legislativa

                                                                                  


Depois de um período de licença para tratamento de saúde, retorna à Assembleia Legislativa do Ceará a deputada Dra. Silvana, líder da bancada de oposição na Casa. Recebeu as boas vindas dos colegas parlamentares, dos servidores da Alece, em especial dos que trabalham no gabinete da Parlamentar. 

                                                                        


Ela disse que está renovada para dar continuidade à luta em defesa dos legítimos valores cristãos e defesa das liberdades que têm sido questionadas indevidamente por autoridades no poder, que desejam amordaçar o povo brasileiro. Na Assembleia Legislativa, estará atenta para as pautas identitárias que, segundo ela, nada mais são do que tentativas de desconstruir valores caros à nossa sociedade e impingir à população valores que não se coadunam com a nossa tradição que respeita a família, defende a Pátria e as liberdades inerentes à democracia.

                                                                 


 

ASSALCE comemora 30 anos do Coral

                                                                                   


             

Em solenidade realizada no auditório Deputado Murilo Aguiar na tarde da quarta-feira, 21/10, a Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Ceará - ASSALCE, sob a presidência do servidor Luís Edson, comemorou os 30 anos de fundação do Coral da Assalce, também conhecido como Coral da Assembleia. 

                                                           


Foram homenageados os servidores Barros Alves, presidente da entidade ao tempo em que o Coral foi criado; Valdemar Cavalcante Júnior, então diretor cultural da Assalce, assim como o coralista Jorge Marinho, um dos fundadores. O deputado Romeu Aldigueri, presidente da Alece, também homenageado, foi representado pela esposa, Tainah Marinho. Além do Coral da Assalce, houve as apresentações de corais convidados, sendo dois de Maracanaú, um infantil. E o Coral da Maçonaria. Cantaram belas músicas e foram muito aplaudidos pelo auditório.

Almirante Elis Öberg Treidler, um amigo do Ceará – Por Barros Alves

                                                            


A Assembleia Legislativa do Ceará realiza nesta quinta-feira, 23/10, sessão solene para a entrega do título de cidadania honorária ao Almirante Elis Öberg Treidler, nascido no Rio de Janeiro. A Lei 19.097, de 9 de dezembro de 2024, que concedeu a honraria ao ilustre militar, resultou de projeto de lei de autoria do deputado João Jaime e foi aprovada pela unanimidade dos parlamentares com assento no Poder Legislativo cearense. Importa salientar que o título de Cidadão Honorário do Ceará, concedido ao Almirante Öberg, é uma justa e significativa homenagem a um homem cuja trajetória se confunde com o espírito de serviço, lealdade e compromisso com o bem público. Mais do que um reconhecimento formal, trata-se de uma expressão da gratidão do povo cearense a um líder que, com serenidade e firmeza, tem contribuído de forma notável para o fortalecimento dos laços entre o nosso Estado e a Marinha do Brasil.

Ao longo de sua carreira, o Almirante Öberg destacou-se pela competência técnica, pela dedicação à causa nacional e, sobretudo, por seu profundo respeito às instituições e às pessoas. No Ceará, seu nome tornou-se sinônimo de cooperação, diálogo e apoio constante aos pleitos locais, especialmente aqueles voltados ao fortalecimento das atividades navais, à valorização dos cearenses, ao incentivo à formação de jovens e ao engrandecimento da presença da Marinha no Nordeste.

A deferência da Assembleia Legislativa do Ceará, ao outorgar-lhe esse título, reflete o reconhecimento de que o Almirante Öberg tem sido um verdadeiro parceiro do Estado, atuando sempre com sensibilidade e espírito público junto às instâncias decisórias da Marinha e de outras instituições de caráter nacional. Seu empenho em atender e compreender as necessidades do povo cearense revela uma postura de estadista e um exemplo de patriotismo moderno, baseado na escuta, na cooperação e no respeito federativo.

Ao receber o título de Cidadão Cearense, o Almirante Öberg passa a integrar simbolicamente a comunidade de um povo conhecido pela coragem, pela hospitalidade e pela capacidade de superar desafios, virtudes que também marcam sua trajetória militar e humana. Que esta homenagem sirva não apenas como um gesto de gratidão, mas como um tributo àqueles que, como o Almirante Öberg, fazem da honra, do dever e do amor ao Brasil os pilares de sua vida pública. O Ceará o saúda com respeito e orgulho, reconhecendo nele um amigo leal e um defensor incansável das melhores causas da Marinha e da nação. Parabéns ao prezadíssimo amigo, agora honorável conterrâneo.

 

 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

"Para celebrar os 30 anos do Coral da Assalce"

                                                                                 

     

Um coral tem uma importância que vai muito além da música. Ele representa união, disciplina e harmonia entre as pessoas. Cantar em grupo exige escuta, respeito às diferenças e sintonia, qualidades essenciais também para a vida em sociedade. Além disso, o coral valoriza a cultura, preserva tradições e desperta sensibilidade artística. É uma forma de expressão coletiva que emociona, inspira e aproxima as pessoas, fortalecendo laços comunitários e promovendo o bem-estar. Cada voz, ao se unir às demais, forma um todo maior e mais belo, símbolo perfeito do poder da cooperação e da convivência humana.

Foi assim pensando que resolvemos criar o Coral da Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Ceará - ASSALCE, fundado em 15 de julho de 1995, quando eu presidia a entidade e enfrentávamos um momento de crise que afetava profundamente os servidores, naquele momento acossados por decisões administrativas que geravam permanentes conflitos entre a direção da Casa e as lideranças dos servidores. Estes careciam de algo que elevasse o espírito. Então, surgiu a ideia da criação do Coral. Contei com o apoio do compositor e colega servidor Valdemar Cavalcante Junior, que exercia o cargo de diretor cultural da Assalce. Contratamos o regente Elbano Caldas para iniciar a empreitada, que com a graça de Deus configurou um sucesso.

O primeiro ensaio ocorreu no auditório Murilo Aguiar e quatro dos componentes do grupo inicial permanecem hoje: Carla Sampaio, Jorge Marinho, Laurenice Moreira e Lilian Rêgo. O Coral da Assalce além de se apresentar em hospitais, creches, igrejas, shoppings e praças, tem um projeto social onde várias instituições filantrópicas são beneficiadas. Como dito, o primeiro regente foi Elbano Caldas, que permanece até hoje e, alguns anos depois, a Carla Barbosa foi contratada pela ASSALCE como professora de técnica vocal e regente auxiliar, contribuindo para a melhor qualidade do Coral. Atualmente, conta também com o musicista e regente Felipe Rios.

O coral tem 26 componentes e o canto coral da Assalce permaneceu até hoje porque contou sempre com o apoio dos presidentes que me sucederam, em especial do atual presidente Luís Edson, que preside a Associação por vários mandatos e tem proporcionado os meios necessários para a evolução do coral, estimulando a participação dos servidores da Casa Legislativa, assim como o intercâmbio com grupos musicais congêneres.