No grupo de WhatsApp da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, o poeta
Luciano Maia teceu comentários sobre a poesia satírica de Manuel Maria
Barbosa du BOCAGE. Em fins do ano passado ele visitou a casa onde nasceu
o "Cantador de Setúbal", que viveu libertariamente e o ser evaporou "na
lida insana." Luciano Maia, primoroso sonetista e poeta de elevados
recursos estilísticos, compôs sonetos em homenagem ao poeta português,
cuja leitura significa delicioso momento de contato com a Arte Poética.
Mas,
o que vejo de interessante nessa conversa é que por um desses
inexplicáveis acasos, vou à uma das estantes de minha modesta biblioteca
procurar um livro sobre literatura e dou de cara com uma revista
extraviada, fora do lugar. Pego e folheio aleatoriamente o raro
exemplar da REVISTA DE LETRAS da Universidade Federal do Ceará - UFC (Vol.
1, n⁰ 1 - 1978) e deparo com um artigo assinado pelo senhor João Soares
Lobo (será parente do João Soares Neto?), subordinado ao título
MISTIFICAÇÕES BIOGRÁFICAS EM LITERATURA, a abordar texto escrito pelo
biógrafo luso João Gaspar Simões sobre vida e obra do poeta Camilo
Pessanha, conterrâneo dele, Gaspar Simões.
E onde
entra Bocage nessa história? Entra no excerto em que o articulista
comenta o injusto tratamento que o poeta satirista recebeu dos
biógrafos: "A lâmpada mortuária, o estrabismo covarde e o vesano furor
de perseguição inquisitorial, prejudicou em muito a fama e a grandeza de
que é digno em nossa pobre literatura portuguesa, exceto para uns
poucos especialistas, o pobre Elmano Sadino da Nova Arcádia lusitana,
cujo esguio monumento em Setúbal, sua terra natal, para além do Tejo,
parece esperar ainda a justiça da crítica esclarecida e de uma biografia
honesta."
Ao que parece, salvo homenagens
esporádicas como a prestada por intermédio dos versos de Luciano Maia,
o "Cantador de Setúbal" ainda espera um biógrafo que lhe trace o
grandioso perfil de poeta insuperável.
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