domingo, 7 de janeiro de 2024

EM TORNO DE BOCAGE

     
 No grupo de WhatsApp da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, o poeta Luciano Maia teceu comentários sobre a poesia satírica de Manuel Maria Barbosa du BOCAGE. Em fins do ano passado ele visitou a casa onde nasceu o "Cantador de Setúbal", que viveu libertariamente e o ser evaporou "na lida insana." Luciano Maia, primoroso sonetista e  poeta de elevados recursos estilísticos, compôs sonetos em homenagem ao poeta português, cuja leitura significa delicioso momento de contato com a Arte Poética.
    Mas, o que vejo de interessante nessa conversa é que por um desses inexplicáveis acasos, vou à uma das estantes de minha modesta biblioteca procurar um livro sobre literatura e dou de cara com uma revista extraviada, fora do lugar. Pego e folheio aleatoriamente o raro  exemplar da REVISTA DE LETRAS da Universidade Federal do Ceará - UFC (Vol. 1, n⁰ 1 - 1978) e deparo com um artigo assinado pelo senhor João Soares Lobo (será parente do João Soares Neto?), subordinado ao título MISTIFICAÇÕES BIOGRÁFICAS EM LITERATURA, a abordar texto escrito pelo biógrafo luso João Gaspar Simões sobre vida e obra do poeta Camilo Pessanha, conterrâneo dele, Gaspar Simões.
    E onde entra Bocage nessa história? Entra no excerto em que o articulista comenta o injusto tratamento que o poeta satirista recebeu dos biógrafos: "A lâmpada mortuária, o estrabismo covarde e o vesano furor de perseguição inquisitorial, prejudicou em muito a fama e a grandeza de que é digno em nossa pobre literatura portuguesa, exceto para uns poucos especialistas, o pobre Elmano Sadino da Nova Arcádia lusitana, cujo esguio monumento em Setúbal, sua terra natal, para além do Tejo, parece esperar ainda a justiça da crítica esclarecida e de uma biografia honesta."
    Ao que parece, salvo homenagens esporádicas como a prestada por intermédio dos versos de Luciano Maia, o  "Cantador de Setúbal" ainda espera um biógrafo que lhe trace o grandioso perfil de poeta insuperável.

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