quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O PROBLEMA DA LIBERDADE NO BRASIL

 

 

Barros Alves

 

A liberdade sempre esteve no centro das discussões filosóficas, em todos os aspectos do relacionamento humano ao longo da história, sobretudo quando se trata de política, economia e religião. E, paradoxalmente, esteve no centro do debate toda vez que se quer castrá-la. Presentemente, não apenas no Brasil, mas em quase todo o mundo, a tensão em torno da liberdade se acentua em face do assédio que vem sofrendo por parte muitos, sobretudo de governos, diante do seu uso nas redes sociais, uma consequência natural do desenvolvimento tecnológico das comunicações. A situação atual, mutatis mutandis, nos remete aos tempos iniciais da formação do Estado norte-americano, tão bem observado pelo então jovem advogado francês Alexis de Tocqueville (A DEMOCRACIA NA AMÉRICA), que diante da ampla e irrestrita liberdade de expressão e de imprensa nos Estados Unidos do limiar do século XIX, sentenciou: “Não tenho pela liberdade de imprensa aquele amor completo e imediato que se dedica às coisas soberanamente boas pela sua própria natureza. Amo-a porque levo em conta os males que evita, bem mais do que os benefícios que proporciona. A soberania do povo e a liberdade de imprensa são duas ideias correlatas. Censura e voto universal se contradizem e jamais podem coexistir.”

Temos visto o atual governo brasileiro e parlamentares que a ele dão sustentação, assim como os idiotas inúteis que permeiam as redes sociais onde, paradoxalmente tanto reclamam contra liberdade de expressão, a defenderem insistentemente uma tal regulação da mídia, o que, a rigor, constitui apenas um eufemismo para censura às liberdades públicas, sobretudo aquelas que a Constituição assegura como itens basilares para a consecução da cidadania. (Cf. Art. 5º, incisos IV, VI, IX, XIII, XV; Art. 8º, caput; Art. 17, caput). A ação deliberada e contínua contra a liberdade de expressão, tendo como base argumentativa o combate às chamadas fake news, é não apenas um exercício de idiotice, mas uma perigosa militância de quem exposa ideias historicamente conflitantes com a liberdade. Não é difícil identificar a ideologia política desses guerrilheiros midiáticos que atiram diariamente contra as manifestações dos seus contrários. O que, de fato, eles temem? Ora, esses “influencers idioters” fazem o trabalho sujo arrimados em um discurso de defesa da democracia. Mas, onde já se viu democracia sem liberdade de expressão? Porventura, aqueles pensadores e líderes políticos (Marx, Engels, Stalin, Che Guevara, Fidel Castro, Nicolás Maduro), que esses paladinos da democracia no poder hoje no Brasil seguem e admiram, têm a mínima tradição de defesa da liberdade? Os Estados que esses discursadores contra fake news defendem contêm a mínima referência em liberdade política e econômica? Dizes-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Esses senhores não passam de hipócritas, enganadores, mestres do ludíbrio, salafrários. Lembremo-nos do alerta que Friedrich von Hayek fez a todos, em O CAMINHO DA SERVIDÃO, a valer ainda mais para o Brasil de hoje. Mais do que em críticos tempos passados, estamos a ver em nossa Pátria amada uma evidente tendência de o controle do Estado aumentar além dos limites compatíveis com a liberdade.




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