Artigo no Jornal O ESTADO

Sobre a atual situação política do Ceará veja artigo que escrevi no Jornal O ESTADO, edição de hoje.

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Heitor pede informações sobre viagem do governador

EXMO. SR. PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ

Requer explicações do Exmo. Sr. Governador do Estado sobre notícias veiculadas na revista Veja e jornal O Globo.

O Deputado abaixo firmado, no uso de suas atribuições legais e na forma regimental, vem com o devido respeito e acatamento, requerer a V. Exa. sejam solicitadas as devidas explicações do Exmo. Sr. Governador do Estado, Sr. Cid Ferreira Gomes, sobre as notícias veiculadas na revista Veja e no jornal O Globo, desta semana, versando sobre sua viagem de férias aos Estados Unidos e ao Caribe, durante os dias de 20 a 27 de janeiro deste ano, sob o custeio da empresa Grendene.
Em assim sendo, indaga-se ao Exmo. Sr Governador: a) procedem as notícias veiculadas pela revista Veja e pelo jornal O Globo em relação à cortesia da mencionada empresa, disponibilizando um jato para o deslocamento do Sr. Governador e esposa aos Estados Unidos e Caribe? Em caso positivo: b) qual o exato período da viagem? c) quantos e quem foram os integrantes da comitiva? as despesas de locomoção área foram disponibilizadas exclusivamente pela mencionada empresa? d) as despesas de hospedagem e traslados foram custeadas por quem? e) houve alguma despesa custeada pelos cofres públicos? f) em caso positivo, quais? g) quais as rotas dessa viagem de férias? h) a mesma empresa disponibilizou a viagem do Governador e sua esposa para a Europa?
Caso não sejam procedentes as notícias divulgadas pelos mencionados veículos de comunicação, requer, pois, que o Exmo. Sr. Governador do Estado apresente a esta Casa Legislativa a documentação comprobatória de suas despesas realizadas no mencionado período, incluindo os valores gastos com passagens aéreas e/ou aluguel de aeronaves, bem como as demais despesas com a estada no continente europeu e nos Estados Unidos.
Outrossim, indaga-se se o Exmo. Sr. Governador do Estado já ou ainda vai ingressar com as medidas judiciais cabíveis contra a revista Veja e o jornal O Globo, em face da improcedência das notícias.
Por fim, requer, ainda, sejam essas explicações respondidas dentro da maior urgência possível.

Sala das Sessões da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, em 15 de fevereiro de 2011.



Deputado HEITOR FÉRRER

As peripécias de um lendário cangaceiro

O fenômeno do cangaceirismo no Nordeste brasileiro tem perpassado os muitos e tortuosos caminhos epistemológicos na Academia e fora dela. Historiadores, sociólogos, psicólogos, médicos e tantos outros estudiosos têm se debruçado sobre o tema no afã de encontrar explicações para compreender os motivos que levaram tantos jovens à senda do crime organizado da época. Honório Medeiros, aficcionado pesquisador nesta seara e conferencista de escol, fez publicar obra de fôlego na qual discorre sobre a vida e peripécias do temido cangaceiro Massilon. Este cangaceiro, audacioso e cheio de ambição, teria sido o cabra que convenceu Lampião a invadir Mossoró, uma cidade já então com ares de modernidade e, portanto, em posição de defesa além da capacidade militar do bando invasor. “Massilon – nas veredas do cangaço e outros temas afins”, constitui não apenas páginas de pesquisa histórica, mas o resultado de elucubrações intelectuais que fornecem ao leitor novos conceitos e paradigmas que ajudarão os novos olhares de quantos estudam o fenômeno do cangaço.

Clero e poder político nos sertões de Mombaça

Fernando Antônio Lima Cruz, genealogista por vocação e historiador por formação, é um desbravador de arquivos e garimpador de preciosidades históricas. De sua lavra, mais um livro que conta a história de uma personalidade ímpar da história cearense, o Padre Sarmento de Benevides, que a rigor não constitui apenas um escorço biográfico, mas a história de como o poder político, imbricado com a força da religião católica, dominou o cenário sócio-cultural dos sertões de Mombaça, no Ceará. Resultante de ampla e consistente pesquisa, a obra em apreço constitui contributo inestimável aos estudos históricos e sociológicos que intentam descortinar o passado de uma população gestada numa terra adusta, onde a fé aliada aos desideratos políticos servia de combustão às lutas pela sobrevivência dos clãs que tradicionalmente se digladiavam pelo poder nos sertões. Fernando Cruz edita o site www.mariapereiraweb.net onde repassa a história passada e contemporânea desses sertões.

Domínio Público

Gostar de ler é trocar horas de tédio que temos na vida por outras deliciosas, escreveu o Barão de Montesquieu.

Ler é um deleite!

Ler é tão prazeroso que o poeta argentino Jorge Luís Borges, El Brujo, disse que esperava que ao morrer fosselevado ao paraíso e que o paraíso fosse algo semelhante a uma biblioteca. Penso igualmente Borges.

Atualmente são muitos os sites de leitura disponibilizados na net. Obras da melhor qualidade, em várias línguas e sobre os mais diversos temas do conhecimento humano, podem ser acessadas na grande rede.

Sugiro um site que aprecio sobremodo: www.dominiopublico.com.br

Trata-se de um site em que pode-se encontrar obras clássicas de Literatura, História, Direito, Psicologia, sociologia, Filosofia etc.

Trovando

A trova, forma poética das mais difíceis, para mim se torna mais dispendiosa a tarefa de criá-la, posto que tenho dificuldade de ser conciso. Talvez, em razão das muitas leituras de José Alencar e outros românticos ao tempo da juventude, tornei-me prolixo no escrever. Tenho-me patrulahdo, mas sem muito sucesso.

Ademais, trovar não é nada fácil como reconhecia o maior dos trovadores brasileiros, Adelmar Tavares (1888-1963), membro da Academia Brasileira de Letras e dos poetas mais férteis e inspirados deste País. Adelmar escreveu:

Oh, linda trova perfeita
Que nos dá tanto prazer!
Tão fácil depois de feita
E tão difícil de fazer!

Na verdade gosto do soneto, forma poética perfeita com a qual me atenho mais à vontade. Todavia, vez por outra intento escrever trovas.

Sem sequer ter condições poéticas de desatar as correias das sandálias de Adelmar, tenho cometido algumas trovas. Transcrevo algumas para a sua leitura e crítica. Ei-las:

Já diz antigo ditado
Que o bom Deus é brasileiro.
Mas, decepcionado,
Deus foi morar no estrangeiro.


Deixa-me, cigana, amar
A magia do teu viço
E naufragar neste mar
De mistério e de feitiço.

Uma bela cartomante
Falou-me com mui fervor
E ar de gente importante:
- Só leio cartas de amor...

Oh, mulher dos meus amores!
Dou-te amor fogoso, insano,
Um amor sem pundonores
De nomadismo cigano.

No meu coração cigano
Cabem muitas comensais,
Pois é banquete profano
De mil suspiros e ais.

A minha vida cigana,
Tropel de loucas paixões,
É cavalgada profana
Pontilhada de ilusões.

A cartomante dizia
Ao cliente esperançado:
- Você vai ser macho um dia,
Mas por enquanto é veado...

A cartomante queria
Por fina força acertar
Na sena ou na loteria,
Mas, nada de adivinhar!...

A Saga de Canudos em versos de cordel

O misticismo caboclo e o fanatismo religioso aliado a nuances políticas que ainda hoje carecem de uma compreensão profunda, levaram à tragédia de Canudos. A guerra liderada pelo cearense Antônio Conselheiro, líder místico de uma campanha militar culminou com um verdadeiro genocídio em que milhares de homens e mulheres foram sacrificados pelo exército regular brasileiro nos primeiros anos da República. Muito já se disse sobre o assunto. Geraldo Amâncio Pereira, poeta de escol, um dos mais importantes cantadores do Nordeste brasileiro disse mais e em versos cordelianos de fino lavor. A lira popular de Geraldo Amâncio refaz com talento a épica do místico rebelde em “A História de Antônio Conselheiro”, agora publicada pela Editora IMEPH com impecáveis ilustrações de Kazane. O autor forra-se em pesquisas eruditas que alia à sensibilidade de homem nascido e criado nos pagos sertanejos, a ouvir os “causos” que povoam o imaginário de uma população que ainda hoje ver em Conselheiro uma espécie de messias libertador dos sertões.