sábado, 22 de maio de 2010

E o vento levou...

Quanto do que escrevemos se perde nos escaninhos do tempo? Ou são levados por ventos tempestuosos que tantas vezes sacodem nossa existência? Igualmente tufões embravecidos, esses ventos, às vezes, levam nossos filhos diletos, os nossos escritos, em seus redemoinhos tenebrosos.

Ou não sabes tu, ó caro leitor,que aquilo que escrevemos com amor é algo tão querido quanto um filho dileto? Nas redações de jornais, no dia seguinte, ao conferirmos o que escrevemos no dia anterior, dizemos que estamos "lambendo a cria". Nada mais correto!

Eu tenho um filho dileto que se foi. Fugiu-me por artes do destino, por um desses desígnios inxplicáveis que Deus nos impõe e que certamente só saberemos os motivos da perda em ocasiões vindouras quando estaremos em planos transcendentais.

Mas ainda ouço com emoção as últimas palavras do poema que há muito escrevi com a alma levitando, enlevada de amor, filho ingrato que se foi...

(Essa dor, essa saudade)
(...)
Vai comigo ao ataúde,
Lembrança insistente, ingrata,
Que me atormenta e maltrata
Na forma duma cascata
Do sangradouro dum açude...

Por onde andará este filho pródigo?

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