segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A imprensa e o suicídio

Paulo Roberto C. Queiroz*

É sabido que a imprensa cearense opta por não divulgar notícias sobre suicídio, como forma de não estimular novos episódios. Excepcionalmente, quando o assunto é abordado, é tratado numa perspectiva preventiva e educativa, como um problema de saúde pública, o que é digno de aplauso.

Contudo, em que pese a boa intenção dessa postura, seu raciocínio fundamenta-se num paradigma que vem sendo modificado, ou seja, as organizações que tratam de saúde mental (a Associação Brasileira de Psiquiatria reuniu-se recentemente em São Paulo para tratar exatamente desse tema, distribuindo cartilha sobre o assunto à imprensa) e a Organização das Nações Unidas vêm defendendo a ideia de que o assunto deve ser debatido publicamente sim.

Tomando um caso prático: a Europa e, principalmente a Alemanha ficaram chocadas com o suicídio do goleiro da seleção alemã de futebol na última semana. O assunto está sendo abordado pela imprensa europeia e por sites brasileiros, como o do Globo Esporte. Como o assunto foi tratado pela imprensa local?

Também chamou a atenção a onda de suicídios dos trabalhadores da France Telecom. Não fosse a abordagem da imprensa francesa, a política administrativa da empresa, apontada pelo sindicato como a causa dessa onda de suicídios, não teria sido alterada.

Percebe-se, portanto, que a imprensa pode e deve ser uma importante colaboradora no movimento de combate ao suicídio. O jornalismo cearense não pode se intimidar pela delicadeza do assunto. Pelo contrário, imprescindível descobrir qual a melhor e mais construtiva maneira de tratar a questão, que não seja simplesmente se omitindo.

* Paulo Roberto C. Queiroz - Mestrando em Direito Constitucional e especialista em Administração Pública
przen@ig.com.br
(Do Jornal O POVO - 17/11/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário