Aristóteles Drummond*
O Brasil comemora os 30 anos da anistia política, ampla, irrestrita e
recíproca, fruto de compromisso democrático e da generosidade do presidente
João Figueiredo.
O último presidente do regime militar encerrou o ciclo revolucionário,
entregando o país em ordem e progresso, sufocados os movimentos armados que
promoviam assaltos a bancos, sequestros de diplomatas, assassinato de
empresários e militares estrangeiros. Com a anistia, a maior parte desses
jovens pôde se reincorporar à vida nacional. E vários ocupam cargos no
Legislativo e no Executivo, certamente convertidos aos ideais democráticos.
O grande embuste que cerca a questão da luta contra o regime surgido do
movimento cívico-militar de 64 se refere justamente à diferença entre os
liberais que defendiam o Estado de Direito, as franquias democráticas, no
Congresso Nacional, e os que optaram por pegar em armas. E não o fizeram
para restabelecer a plenitude democrática, mas sim, para impor ao País um
regime de esquerda totalitário e moldado no modelo cubano.
Alguns políticos, como o atual secretário de Estado em São Paulo e ministro
de mais de uma pasta no governo Fernando Henrique, deputado federal Aloísio
Nunes Ferreira, nunca foram pela simples volta da democracia.
Ele participou de atos de violência, viveu em Paris e em Cuba, sendo
públicas suas boas relações com Fidel Castro. Hoje, está reintegrado à vida
política, certamente amadurecido, atendido pela anistia que, generosamente,
incluiu os denominados "crimes de sangue". Já Franco Montoro, Tancredo
Neves, Miro Teixeira, José Aparecido de Oliveira e Paulo Brossard, entre
outros, lutaram pela abertura e a redemocratização que o general Figueiredo
prometeu e cumpriu.
O correto professor Daniel Aarão Reis, da Universidade Federal Fluminense,
foi ativista radical e declarou, em entrevista publicada em 2001, que as
organizações de esquerda queriam mesmo implantar uma ditadura
revolucionária.
O veterano e respeitado deputado Miro Teixeira, que votou a anistia,
declarou que "no ambiente político da época, ficou claro que todos estavam
anistiados. Era isso ou nada".
No que toca ao Araguaia, os 70 jovens eram do PC do B, na ocasião o mais
radical partido comunista do País. Estavam armados e sabiam dos riscos a
que estavam expostos.
Nada a reclamar quanto às suas mortes, apenas a lamentar o sofrimento das
famílias. Ali, os militares cumpriram, com heroísmo e perdas, o dever de
defesa do Brasil. Não fossem eles, teríamos um enclave terrorista
semelhante ao que infelicita a Colômbia há décadas, com alto custo de vidas
e despesas militares. Se eram de um partido comunista, não podiam ser
democratas.
Fizemos uma anistia de alto nível e não devemos deixar prosperar a onda de
ódios e ressentimentos que, na verdade, deseja enfraquecer o alto conceito
que nossos militares gozam junto à população brasileira. Querem afastar os
militares, colocá-los na defensiva, alvo de toda sorte de mentiras, pois
há um grupo que quer fazer agora o que não conseguiu antes, sem dar nem
receber um tiro.
Sonham com um novo regime – não mais cubano, que está esclerosado e é
indefensável. Mas a novidade caricata, criada pelo coronel Hugo Chávez, na
Venezuela, os encanta. Os militares daquela época estão na reserva ou
morreram. Não podemos permitir que seus seus nomes sejam citados de maneira
negativa, pois foram impecáveis no cumprimento do dever.
E suas famílias nunca tentaram buscar, em suas pensões, modestas por sinal,
qualquer "adicional" por terem estado na mira dos terroristas, como os que
morreram neste combate.
* Aristóteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação
Comercial do Rio de Janeiro
E a criatividade, por onde anda? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo
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