segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O princípio da subsidiariedade - parte II

Gerhard Erich Boehme

O fim natural da sociedade e da sua ação é subsidiar os seus membros, não destruí-los nem absorvê-los através de políticas demagógicas e paternalistas, ou mesmo teologias pautadas pela desresponsabilização ou atribuindo ao Estado deveres e direitos que cabem ao indivíduo e à sociedade de forma livre empreender. E muito menos subjugá-los como o fazem os regimes submetidos às ideologias de esquerda, direita e os totalitários. E muito menos dar ao cidadão total liberdade como pregam os anarquistas, que não se submetem ao poder da lei, do Estado de Direito, aos princípios democráticos e até mesmo a responsabilidade social e fundamentalmente a individual.

A ordem social será tanto mais sólida, quanto mais tiver em conta este fato e não contrapuser o interesse pessoal ao da sociedade no seu todo, mas procurar modos para a sua coordenação, de forma que seja eficaz e produtiva. Se observarmos atentamente a história da humanidade, sempre onde o interesse individual foi violentamente suprimido, acabou sendo substituído por um pesado sistema de controle burocrático, que esteriliza as fontes da iniciativa e criatividade.

E esse é o retrato atual do Brasil, da América Latina, com seu domínio, subjugando países a uma doutrina que nos é exótica, ou ditames de um Foro San Pablo que nos retira a autonomia e liberdade. Mas não deve ser, pois o brasileiro possui uma herança de conquistas e glórias, de integração, quando o mundo ainda não o era. Foi uma monarquia constitucional quando no velho mundo ainda havia monarquias absolutistas. Um país marcado por injustiças, tal qual muitos outros, mas não criador de injustiças. Assim foi com as monarquias absolutistas, assim foi com os países que se submeteram ao socialismo, seja ele o internacional ou o nacional-socialismo, ao comunismo, ou mesmo a regimes totalitários, muitas vezes denominados erroneamente de direita.

Se olharmos estes dois grupos, que servem hoje de opção aos jovens, os quais felizmente possuem sobreposições, vemos como fundamental primeiro acreditar em si, desenvolver o seu potencial. É a forma inteligente de mudar o mundo, começando ao que está ao nosso alcance e não transferindo poder a políticos ou líderes demagogos, paternalistas, populistas ou clientelistas, estes caracterizados pelo seu capitalismo de comparsas ou socialismo de privilegiados. Estes preocupados em formar uma base para a oclocracia e não para a democracia, que inclui a alternância do poder. Já o disse o Dr. Martin Luther, no início da Reforma, e o mesmo foi dito por Karol Józef Wojtyła - Johannes Paulus II, que foi por nós conhecido como Papa João Paulo II.

Luther mencionou que o exemplo do cristão deve começar por ele mesmo, colocando os assuntos terrenos em primeiro plano sob sua responsabilidade, depois da família e saber viver em comunidade. Lançou o desafio que hoje é próprio dos luteranos: Cada cristão deve viver sua comunidade, em cada comunidade edificar uma igreja e ao lado desta uma escola. Já Wojtyła nos alertou, quando empenhado em por fim aos regimes opressores, que a exemplo do que ocorreu em seu país, com seu povo, que passou pelo jugo e divisão imposta pelos nacional-socialistas, perdeu partes de seu território e ganhou outras no final da Segunda Grande Guerra, passando depois da destruição imposta pelos nacional-socialistas, por mais de cinquenta anos sob o jugo dos internacional-socialistas. Wojtyła soube viver seu tempo, deixou seu legado como Papa, mas de minha parte, como luterano, reconhece nele seus valores, soube aproximar as igrejas, e soube ser um grande líder espiritual e moral que trabalhou incansavelmente pela paz e pela justiça social, viajando mundo afora em prol da unidade da igreja e do compromisso da fé.

Como professor, foi docente de Ética na Universidade Jaguelónica e posteriormente na Universidade Católica de Lublin. E merece ser destacada a sua passagem por esta cidade, pelo seu significado na história, Desde a segunda a metade do século XVI, movimentos da Reforma surgiram em Lublin, e uma grande congregação de irmãos poloneses esteve presente na cidade. Uma das mais importantes comunidades judaicas da Polônia também se estabeleceu em Lublin neste período. Ela continuou sendo uma parte vital da vida da cidade até quando deixou de existir durante o Holocausto promovido pelos nacional-socialistas (nazistas).

Ele nos deixou o alerta, sobre o qual devemos refletir, principalmente quando lhes trago a reflexão à importância da observação do princípio da subsidiariedade: “Quando os homens julgam possuir o segredo de uma organização social perfeita que torne o mal impossível, consideram também poder usar todos os meios, inclusive a violência e a mentira, para a realizar”. (Karol Józef Wojtyła - Johannes Paulus II) Infelizmente isso nos remete para América Latina da atualidade, agora submetida aos ditames de um Foro San Pablo, com seu bolivarianismo ou chavismo, que alia narco-traficantes a líderes carismáticos e populistas, que em nada se afasta do que existiu de pior entre os latino-americanos, que foi, e de certa maneira ainda o é: o castrismo.

Hoje disseminam a violência e adotaram a mentira como praxis diária. Seja ele PAC ou piriPAC, Pan, ... Pré- e a discriminação espacial através do Programa “Minha casa, Minha vida”, segregando além das favelas, com bairros apinhados em sem a potencial de urbanização futura. É um tema interessante, posso explicar melhor. Olhando esta triste realidade, fica a certeza de que o primeiro grupo de jovens, não importando a sua verdadeira idade, são os que efetivamente apresentam a melhor proposta, mas isso não os devem afastar daqueles que não concordam com a injustiça que nos salta aos olhos no nosso dia a dia. Nos agride em nosso coração.

O que não podemos fazer é tentarmos impor a nossa felicidade aos outros, antes devemos entender e observar o princípio da subsidiariedade e sermos exemplo, entendendo a importância da nossa responsabilidade individual e cobrarmos dos outros também a responsabilidade.

E para concluir deixo as perguntas: Quer isto dizer que a questão toca a todos... sim, a nós também. Se estamos próximos de uma realidade e se temos meios ou sugestões para melhorar essa realidade porque não arregaçar mangas? Devemos esperar, por exemplo, que sejam as instituições oficiais, transferindo responsabilidades, a solucionar todos os problemas da freguesia ou comunidade onde vivemos?

Um dos resultados da aplicação do princípio da subsidiariedade é o voto distrital, causa que concorre para o desenvolvimento de um país.

Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br
(41) 8877-6354
Skype: gerhardboehme
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