A história das nações tem seu fundamento primeiro na história local, nas comunidades que são as células fundadoras da nacionalidade. É, portanto, alvissareiro quando deparamos com a decisão de historiadores em escrever a história do pedaço de chão em que vivem ou onde nasceram. O Poeta Fernando Pessoa já expressou esse belo sentimento de bairrismo no poema “O Guardador de Rebanhos”, quando fala do rio de sua aldeia:
“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (...)
As observações surgem a propósito da publicação de uma segunda edição da História de Caririaçu, estudo dos mais completos que veio à lume graças a substanciosa pesquisa levada a termo pelo decano da historiografia cearense, Dr. Raimundo de Oliveira Borges, preclaro presidente do Instituto Cultural do Cariri, que na lucidez dos 103 anos e vastíssima produção literária, continua a garimpar as pérolas que fazem a trajetória do povo do ubérrimo vale. “Serra de São Pedro” – este o título do esboço histórico - constitui inestimável repositório de informações indispensáveis não apenas a quantos intentam pesquisar a história de Caririaçu, mas a todos que se debruçam sobre a história da região caririense e do Ceará. Trata-se de um livro em que povo e terra se imbricam para formar uma relevante notícia histórica, cujo valor só pode ser aquilatado por aqueles que sabem o quanto custa de tempo e dedicação um processo de pesquisa que culmina com livro igual ao “Serra de São Pedro”. O Escritor Raimundo de Oliveira Borges merece da comunidade historiográfica cearense os mais justos encômios pelo seu imorredouro espírito de luta em favor da Genealogia e da História.
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