sábado, 22 de agosto de 2009

O desabafo de Tereza Collor


O texto abaixo circula na Net com sendo de autoria da bela Tereza Collor (foto), que foi mulher de Pedro, o irmão falecido do ex-presidente Collor de Melo. Pedro, o Caim da família, explodiu a "República das Alagoas", cuja eminência parda era o famigerado P. C. Farias, que foi assassinado misteriosamente.


Carta aberta ao Senador Renan Calheiros

"Vida de gado. Povo marcado. Povo feliz". As vacas de Renan dão cria24 h por dia. Haja capim e gente besta em Murici e em Alagoas!Uma qualidade eu admiro em você: o conhecimento da alma humana. Vocêsabe manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas.Do menino ingênuo que eu fui buscar em Murici para ser deputadoestadual em 1978 - que acreditava na pureza necessária de uma políticade oposição dentro da ditadura militar - você, Renan Calheiros,construiu uma trajetóriade causar inveja a todos os homens de bem que se acovardam e nãoaprendem nunca a ousar como os bandidos.
Você é um homem ousado. Compreendeu, num determinado momento, que avitória não pertence aos homens de bem, desarmados desta fúria dodesatino, que é vencer a qualquer preço. E resolveu armar-se. Fossequal fosse o preço,Renan Calheiros nunca mais seria o filho do Olavo, a degladiar-se comos poderosos Omena, na Usina São Simeão, em desigualdade de forças ede dinheiros.
Decidiu que não iria combatê-los de peito aberto, descobriria umatalho, um mil artifícios para vencê-los, e, quem sabe, um diaderrotaria todos eles, os emplumados almofadinhas que tinhamempregados cujo serviço exclusivo era abanar, durante horas, um lequeimenso sobre a mesa dos usineiros, para queos mosquitos de Murici (em Murici, até os mosquitos são vorazes) nãomordessem a tez rósea de seus donos: Quem sabe, um dia, com a alavancada política, não seria Renan Calheiros o dono único, coronel deporteira fechada, das terras e do engenho onde seu pai, humilde,costumava ir buscar o dinheiro da cana, para pagar a educação de seusfilhos, e tirava o chapéupara os Omena, poderosos e perigosos.
Renan sonhava ser um big shot, a qualquer preço. Vendeu a alma, como oFausto de Goethe, e pediu fama e riqueza, em troca.
Quando você e o então deputado Geraldo Bulhões, colegas de bancada deFernando Collor, aproximaram-se dele e se aliaram, começou a serParido o novo Renan.
Há quem diga que você é um analfabeto de raro polimento, um intuitivo.Que nunca leu nenhum autor de economia, sociologia ou direito. Os seuscolegas de Universidade diziam isso. Longe de ser um demérito, essasua espessa ignorância literária faz sobressair, ainda mais, o seutalento De vencedor.Creio que foi a casa pobre, numa rua descalça de Murici, que forneceua você o combustível do ódio à pobreza e o ser pobre. E RenanCalheiros decidiu que, se a sua política não serviria ao povo em nada,a ele próprio serviria em tudo. Haveria de ser recebido em Palacios,em mansões de milionários, emCongressos estrangeiros, como um príncipe, e quando chegasse a esseponto, todos os seus traumas banhados no rio Mundaú, seriamrebatizados em Fausto e opulência; "Lá terei a mulher que quero, nacama que escolherei. Serei amigodo Rei."
Machado de Assis, por ingênuo, disse na boca de um dos seuspersonagens: "A alma terá, como a terra, uma túnica incorruptível."Mais adiante, porém, diante da inexorabilidade do destino dodesonesto, ele advertia: "Suje-se,gordo! Quer sujar-se? Suje-se, gordo!"
Renan Calheiros, em 1986, foi eleito deputado federal pela segundavez.Nesse mandato, nascia o Renan globalizado, gerente de resultados,ambição à larga, enterrando, pouco a pouco, todos os escrúpulos daconsciência. No seu caso, nada sobrou do naufrágio das ilusões demoço!Nem a vergonha na cara. O usineiro João Lyra patrocinou essa suacampanha com US1.000.000. O dinheiro era entregue, em parcelas, ao seumotorista Milton, enquanto você esperava, bebericando, no antigo HotelLuxor, av. Assis Chateaubriand, hoje Tribunal do Trabalho.E fez umacampanha rica e impressionante, porque entre seus eleitores haviapobres universitários comunistas e usineiros deslumbrados, a segui-lonas estradas poeirentas das Alagoas, extasiados com a sua intrepidezem ganhar a qualquer preço. O destemor do alpinista, que ou chega aotopo da montanha - e é tudo seu, montanha e glória - ou morre. Ou comoo jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefa rindo, e cujosolhos indecifráveis intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. Noblefe.
Você, Renan não tem alma, só apetites, dizem. E quem, na políticabrasileira, a tem? Quem, neste Planalto, centro das grandespicaretagens nacionais, atende no seu comportamento a razões eobjetivos de interesse público? ACM, que, na iminência de ser cassado,escorregou pela porta da renúncia e foi reeleito como o grande coronelde uma Bahia paradoxal, que exibe talentos com a mesma sem-cerimôniacom que cultiva corruptos? José Sarney, que tomou carona com CarlosLacerda, com Juscelino, e, agora, depois de ter apanhado uma tunda devocê, virou seu pai-velho, passando-lhe a alquimia de 50 anos demalandragem?
Quem tem autoridade moral para lhe cobrar coerência de princípios?Opresidente Lula, que deu o golpe do operário, no dizer de Brizola, ehoje hospeda no seu Ministério um office boy do próprio Brizola? Quetaxou os aposentados, que não o eram, nem no Governo de Collor, edobrou o Supremo Tribunal Federal? No velho dizer dos canalhas, todosfazem isso, mentem, roubam, traem. Assim, senador, você é apenas omais esperto de todos, que, mesmo com fatos gritantes de improbidade,de desvio de conduta pública e privada, tem a quase unanimidade desteSenado de Quasímodos morais para blinda-lo.
E um moço de aparência simplória, com um nome de pé de serra - Siba -é o camareiro de seu salvo-conduto para a impunidade, e fará de tudopara que a sua bandeira - absolver Renan no Conselho de Ética -consagre a sua carreira.Não sei se este Siba é prefixo de sibarita, mas, como seu advogado inpectore, vida de rico ele terá garantida. Cabra bom de tarefa, olhem ojeito sestroso com que ele defende o chefe... É mais realista que oRei. E do outro lado, o xerife da ditadura militar, que, desde logo,previne: quero absolver Renan.
Que Corregedor!... Que Senado!...Vou reproduzir aqui o que vocêdeclarou possuir de bens em 2002 ao TRE. Confira, tem a suaassinatura:1) Casa em Brasília, Lago Sul, R$ 800 mil,2) Apartamento no edifício Tartana, Ponta Verde, R$ 700 mil,3) Apartamento no Flat Alvorada, DF, de R$ 100 mil,4) Casa na Barra de S Miguel de R$ 350 mil ..
E Sò.
Você não declarou nenhuma fazenda, nem uma cabeça de gado!!Sem levar em conta que seu apartamento no Edifício Tartana vale, narealidade, mais de R$1 milhão, e sua casa na Barra de São Miguel,comprada de um comerciante farmacêutico, vale mais de R$ 2.000.000.Sóaí, Renan, você DECLARA POSSUIR UM PATRIMONIO DE CERCA DE R$5.000.000.
Se você, em 24 anos de mandato, ganhou BRUTOS, R$ 2 milhoes, comocomprou o resto? E as fazendas, e as rádios, tudo em nome de laranjas?Que herança moral você deixa para seus descendentes?Você vai entrar nahistória de Alagoas como um político desonesto, sem escrúpulos e quetrai até a família. Tem certeza de que vale a pena?Uma vez, há poucos anos, perguntei a você como estava o maiorlatifundiário de Murici. E você respondeu: "Não tenho uma só tarefa deterra. A vocação de agricultor da família é o Olavinho." É verdade,especialmente no verde das mesas de pôquer!O Brasil inteiro, em sua maioria, pede a sua cassação. Dificilmentevocê será condenado. Em Brasília, são quase todos cúmplices.Mas olheno rosto das pessoas na rua, leia direito o que elas pensam, sinta odesprezo que os alagoanos de bem sentem por você e seu comportamentodesonesto e mentiroso. Hoje perguntado, o povo fecharia o Congresso.Por causa de gente como você!
Por favor, divulguem pro Brasil inteiro pra ver se o Congresso criavergonha na cara ou fechamos o Congresso. Os alagoanos agradecem.
Thereza Collor

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