segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O velho cantador e o sabiá

Velhice não quer dizer caducidade. Que o diga Caio Túlio Cícero, o senador e grande orador da velha Roma, que escreveu um tratado que por todos deveria ser lido, intitulado “De Senectute”, onde exalta os valores da idade provecta. E tem uma turma que já passou dos 80 e até nonagenários que deram ou dão o que falar tal a disposição com enfrentaram ou enfrentam o avanço da idade. Um caso de raciocínio juvenil ao 90 é o do cantador Severino Pinto, da cidade de Monteiro-PB. Conta-se que já velho e desdentado, cantava ele com Dimas Batista, outro excelente cantador, então jovem. Dimas, então, imaginando-se superior pela diferença de idade, foi cruel e terminou o verso dizendo:

Pinto já nem canta mais
Porque Pinto está banguelo.

Ao que o velho Pinto, alteando-se no ponteio da viola, deu mais uma demonstração de rapidez de raciocínio que o tornou famoso, improvisando a bela estrofe:

Mas, eu sustento o duelo
Com fé em Deus e na Santa,
Que esse negócio de dente
Quase que não adianta
Porque sabiá não tem
E é quem mais bonito canta.

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